S�o Paulo - Escutas telef�nicas da Pol�cia Federal revelam que o empres�rio Ol�vio Scamatti, acusado formalmente de ser o chefe da chamada “M�fia do Asfalto” - quadrilha que fraudava licita��es com verbas de emendas parlamentares em prefeituras do interior paulista -, pediu a uma interlocutora que buscasse documentos de uma das empresas do Grupo Scamatti no gabinete do ent�o deputado federal e atual secret�rio da Casa Civil do governo de S�o Paulo, Edson Aparecido (PSDB).
O empres�rio tinha urg�ncia para cadastrar a empreiteira em um programa do Minist�rio das Cidades porque planejava come�ar a construir casas populares financiadas pela Caixa Econ�mica Federal. A construtora Scamatti & Seller Investimentos faz habita��es populares no programa Minha Casa, Minha Vida em cidades do noroeste paulista.
Na Opera��o Fratelli, que prendeu Scamatti, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimentos gerentes e superintendentes da regional de S�o Jos� do Rio Preto da Caixa Econ�mica Federal. O Minist�rio P�blico deve denunciar funcion�rios da Superintend�ncia que est�o sendo investigados por passar informa��es privilegiadas para integrantes da organiza��o. A suspeita � de que t�cnicos do banco estatal tenham sido coagidos para atestarem medi��es que n�o correspondiam � realidade.
A Procuradoria da Rep�blica denunciou 19 pessoas por corrup��o, falsidade ideol�gica e forma��o de quadrilha. Estima-se em cerca de R$ 1 bilh�o o montante desviado em licita��es forjadas. Deputados do PT por S�o Paulo s�o citados nos autos, entre eles C�ndido Vaccarezza, Jos� Mentor e Arlindo Chinaglia.
Ajuda
Em um di�logo de 13 de agosto de 2010, �s 10h40, Scamatti fala com uma mulher identificada como Ros�ngela. O empreiteiro apresenta-se a ela como amigo de “F�lix, de Votuporanga (SP)”. Scamatti diz � mulher que ambos j� haviam se encontrado no Minist�rio do Turismo. Ele, ent�o, pede ajuda: o empreiteiro s� iria a Bras�lia na semana seguinte, mas um fato surgira e queria saber se Ros�ngela poderia ajud�-lo. Depois, diz, “acertaria com ela”.
Um analista da pol�cia resumiu a sequ�ncia do di�logo: “Ros�ngela pergunta qual cidade que � e Ol�vio diz que � particular dele. Ros�ngela pergunta o que � e Ol�vio diz que est� fazendo o cadastro de sua empresa no Minist�rio das Cidades a respeito de um programa de qualidade que o minist�rio tem, pois Ol�vio vai fazer casas pela Caixa Econ�mica Federal. Ol�vio diz que precisa protocolar esses documentos no minist�rio e precisa de uma certa urg�ncia para sair isso a�. Ol�vio pergunta se Ros�ngela tem como ver isso para ele. Ros�ngela diz que tem e pergunta onde est�o os documentos. Ol�vio diz que est�o chegando agora de manh� no gabinete do deputado Edson Aparecido, no nono andar. Ol�vio pergunta se Ros�ngela pode pegar os documentos l�, que ele liga avisando que ela vai pegar”.
Os autos apontam que, pelo combinado, um funcion�rio do gabinete de Aparecido ligaria para a mulher t�o logo os documentos chegassem. “Ol�vio diz que vai pedir para ela (terceira pessoa, do gabinete) ligar para Ros�ngela assim que os documentos chegarem, o que deve ocorrer antes do meio-dia, pois foram postados via Sedex 10. Fica combinado que a terceira pessoa vai ligar para Ros�ngela assim que os documentos chegarem ao gabinete do deputado Edson Aparecido e, depois, os levar� ao Minist�rio das Cidades, onde executar� o procedimento para o protocolo da documenta��o.”
Edson Aparecido n�o � investigado, mas caiu indiretamente no grampo da PF falando com Scamatti. Em um di�logo, ele alerta o empreiteiro para poss�vel investiga��o do Minist�rio P�blico envolvendo uma obra da Demop. Em 2010, Aparecido recebeu R$ 170 mil em doa��es eleitorais da Scamvias, construtora dos Scamatti. Em 2006, ele recebeu R$ 91,6 mil da Demop com a mesma finalidade.
Desconhecimento
O secret�rio-chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Edson Aparecido, disse que n�o conhece Ros�ngela, citada nos autos da Opera��o Fratelli. “Ele (Aparecido) n�o sabe de quem se trata”, informou a assessoria do secret�rio. Ainda de acordo com a assessoria do chefe da Casa Civil, ele desconhece que o epis�dio descrito no curso da investiga��o sobre a “M�fia do Asfalto” tenha ocorrido em seu gabinete.
A Caixa Econ�mica Federal informou que j� solicitou � Pol�cia Federal e ao Minist�rio P�blico Federal informa��es sobre irregularidades envolvendo a institui��o ou seus empregados. At� o momento a Caixa n�o teve acesso ao processo nem recebeu comunica��o formal sobre os fatos citados. A Caixa anota que est� � disposi��o do MP e da PF “para prestar todas as informa��es necess�rias para colaborar com as investiga��es”.
Segundo a institui��o, “caso existam irregularidades envolvendo empregados da Caixa, ser� instaurado processo interno de apura��o de responsabilidades”. Segundo a Caixa, a construtora Scamatti & Seller Infraestrutura Ltda. assinou contrato para fam�lias com renda de at� R$ 1,6 mil em 25 de mar�o de 2013 para constru��o de empreendimento em Votuporanga (SP). “Ainda n�o foi liberado nenhum recurso para a empresa. A empresa/Grupo n�o tem outras opera��es com recursos p�blicos contratados com a Caixa”. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.