Paulo de Tarso Lyra
Bras�lia – Daqui a pouco menos de um ano, a Esplanada dos Minist�rios presenciar� uma prov�vel debandada de pelo menos 1/3 de seus 39 titulares. Em abril de 2014, se encerra o prazo de desincompatibiliza��o para que os ministros deixem os cargos e possam disputar mandatos eletivos, seja de governador, deputado federal ou senador. Se, por um lado, todos v�o trabalhar intensamente pelo �xito do governo federal at� l�, de olho em dividendos pol�ticos e obras para apresentar nos palanques estaduais, por outro, muitas dessas disputas colocar�o os partidos da base em polos distintos, dificultando a presen�a de Dilma Rousseff — a grande cabo eleitoral — nas campanhas locais.
Cada vez mais � vontade no papel de articulador petista dentro do governo federal, o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, tem se reunido com frequ�ncia com o vice-presidente Michel Temer e com o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp (RO), para evitar trombadas entre PT e PMDB nos estados. No s�bado, durante reuni�o da tend�ncia Movimento PT que sacramentou o apoio � reelei��o de Rui Falc�o para o comando partid�rio, Mercadante defendeu o empenho da milit�ncia para eleger o maior n�mero de governadores, deputados federais e senadores. Mas alertou sobre a import�ncia de uma boa rela��o com os partidos aliados. “N�o se governa o pa�s sem alian�as e sem coaliz�o. Para se ter governabilidade � preciso compor politicamente”, afirmou.
Ao Estado de Minas, Mercadante repetiu que n�o ser� candidato ao governo paulista no ano que vem. Ao longo da semana passada, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva afirmou ser “muito cedo para uma defini��o sobre S�o Paulo” e que todos os nomes, inclusive o de Mercadante, continuavam no tabuleiro de escolhas do PT. “Eu agrade�o a lembran�a, mas enviei ao Diret�rio Nacional do partido uma carta reafirmando que permanecerei no minist�rio. A melhor ajuda que posso dar para o pa�s e para o meu partido, neste momento, � prosseguir cuidando da educa��o”, justificou, tietado por militantes em um hotel de Bras�lia.
O cuidado com o PMDB � justific�vel. Quatro dos cinco ministros da legenda devem deixar seus cargos para disputar um novo mandato no ano que vem. Para evitar um princ�pio de rebeli�o do PMDB mineiro, que reclamava ter aberto m�o de uma candidatura vi�vel � Prefeitura de Belo Horizonte sem nenhum tipo de compensa��o, Dilma nomeou o deputado federal Antonio Andrade para a Agricultura. Mas o PR, o PP e o PDT, que tamb�m integram o primeiro escal�o do governo federal, provavelmente estar�o em um palanque oposto ao do PT, apoiando o candidato ligado ao presidenci�vel tucano, A�cio Neves (MG).
Aliados separados
No Paran�, Dilma e o PT devem enfrentar o mesmo problema. Como Gleisi ser� candidata, mais uma vez, o ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo, abrir� m�o de disputar um cargo eletivo para continuar no Executivo Federal — caso a presidente seja reeleita. Isso aconteceu em 2006, quando ele permaneceu no Minist�rio do Planejamento, a pedido do ex-presidente Lula, e em 2010, quando foi escolhido para ser ministro das Comunica��o. No plano estadual, contudo, PP e PMDB dificilmente estar�o no palanque petista. Provavelmente estar�o ao lado do tucano Beto Richa.
Quem vive uma situa��o curiosa � o ministro da Integra��o Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Filiado ao PSB, legenda que provavelmente ter� o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como candidato ao Planalto, est� sendo assediado pelo PT local a mudar de partido. Como isca de sedu��o, a possibilidade de candidatar-se ao governo pernambucano.
PT e PSB tamb�m disputam o apoio de outro ministeri�vel, desta vez na Para�ba. Apesar das den�ncias de problemas com o programa Minha casa, minha vida, o ministro Agnaldo Ribeiro poder� ser candidato ao Senado ou ao governo local. “O PT quer apoiar Aguinaldo para governador contra a reelei��o do governador Ricardo Coutinho (PSB)”, confirmou o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI).