Em um discurso de autopromo��o marcado por cita��es a medidas de austeridade, mas sem falar em cortes de regalias hist�ricas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira que a Casa avan�ou "bastante" nos cem dias com as mudan�as administrativas adotadas na sua gest�o. Elogiado at� por senadores que negaram ter votado nele na elei��o em fevereiro, Renan Calheiros disse que vai procurar tornar o Senado cada vez mais "eficiente, econ�mico e transparente".
"Avan�amos bastante em cem dias, mas ainda n�o estamos confort�veis. H� ainda muitos excessos, desperd�cios e v�cios que foram se acumulando ao longo dos anos e precisam ser diagnosticados e corrigidos. Apenas as institui��es que s�o perme�veis � cr�tica, aberta a revis�es, conseguem manter sua credibilidade. Estamos atentos e alertas para vencer todos os desafios que apare�am em nosso futuro", afirmou ele, repetindo que em dois anos a Casa deve economizar R$ 300 milh�es com as mudan�as. O or�amento do Senado � de R$ 3 bilh�es por ano.
Desde que voltou ao comando do Senado, Renan Calheiros tem se valido do discurso da transpar�ncia como forma de tirar o foco das acusa��es que o levaram a renunciar, em 2007, � Presid�ncia da Casa. Na �poca, foi alvo de processos de quebra de decoro parlamentar de ter despesas pessoais pagas por um lobista de uma empreiteira e de usar documentos forjados para justificar seu patrim�nio. �s v�speras de ser eleito, o procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, denunciou Calheiros por uso de documento falso, falsidade ideol�gica e peculato pelas acusa��es que o retiraram do posto.
O presidente do Senado fez men��o �s medidas anunciadas e tomadas de corte de gastos, como o fim do servi�o m�dico ambulatorial e a transfer�ncia de pessoal e de equipamentos para o governo do Distrito Federal. Ele citou o DataSenado, o instituto de pesquisa da Casa, que apontou, ap�s ouvir 1,2 mil pessoas entre 16 e 30 de abril, a aprova��o m�dia de 81% das medidas administrativas tomadas.
Gastos
Renan Calheiros, contudo, n�o anunciou novas medidas. Passou ao largo de mudan�as nos servi�os de cafezinho aos senadores no plen�rio e de check-in e despachante de malas dos senadores no Aeroporto de Bras�lia, �reas em que funcion�rios chegam a ganhar R$ 20 mil por m�s. Ignorou tamb�m a explos�o dos gastos com despesas m�dicas, revelada em mar�o pelo jornal O Estado de S. Paulo, que atingiu R$ 115,2 milh�es em 2012, um aumento, descontado a infla��o, de 38% em rela��o ao ano anterior, quando a Casa desembolsou R$ 71,3 milh�es.
Logo ap�s a fala do presidente do Senado, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que "tirava o chap�u" para Renan. "N�o posso deixar de reconhecer aqui que nos cem dias o senhor tem me surpreendido positivamente", disse o pedetista, destacando ter votado no senador Pedro Taques (PDT-MT). A senadora Ana Am�lia (PP-RS), que tamb�m falou n�o ter votado no atual presidente do Senado, disse que a presta��o de contas feita por Renan n�o era para os senadores, mas para a sociedade. "As a��es t�m mais peso do que as palavras", destacou.
Homem de bem
Ao chamar Renan de "homem de bem", o senador Jayme Campos (DEM-MT) chegou a criticar a imprensa por, segundo ele, n�o ser democr�tica ao ter divulgado a exist�ncia de servidores apenas para fazer o check-in dos parlamentares. "Esse pessoal est� aqui h� 20, 25 anos. S�o servidores de carreira. Se n�o estivessem l�, estariam trabalhando aqui", afirmou.
"S�o cr�ticas que colocam todo mundo no balaio de gato", queixou-se o democrata, ao destacar que n�o � verdade que os servidores da Casa ganham muito. "Eu acho que s�o poucos locais no Brasil que t�m os servidores competentes como o Senado, todavia s� conseguem levar para o lado da perversidade".