Pelo menos 79% de todos os recursos federais repassados ou empenhados (reservados no or�amento para pagamento posterior) desde 2006 para o Instituto Vida Renovada (IVR), associa��o civil ligada � Assembleia de Deus dos �ltimos Dias (ADUD), foram obtidos mediante emendas do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) ao Or�amento da Uni�o. O Sistema Integrado de Administra��o Financeira (Siafi) mostra que o parlamentar destinou cinco emendas ao IVR desde 2006, no valor total de R$ 2,6 milh�es. Destes, R$ 1,2 milh�o j� foram pagos, e os R$ 1,4 milh�o restantes, empenhados. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo noticiou domingo, 12, a ONG recebeu 1,9 milh�o de verbas federais desde 2006.
A ADUD � presidida pelo pastor evang�lico Marcos Pereira da Silva, de 56 anos, preso na ter�a-feira, acusado de estuprar duas fi�is de sua igreja. Ele tamb�m � investigado por associa��o para o tr�fico, lavagem de dinheiro e quatro homic�dios. O religioso nega todas as acusa��es.
Procurado, Dornelles disse que o trabalho do IVR n�o pode ser prejudicado por causa das investiga��es sobre o pastor. Levantamento no Siafi feito pelo Contas Abertas a pedido do jornal revela que das cinco emendas, quatro foram para a Secretaria de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica (no valor de R$ 1,6 milh�o) e uma para o Fundo Nacional Antidrogas (R$ 1 milh�o).
Outro lado
Dornelles defendeu investiga��o "profunda" das den�ncias que envolvem o pastor Marcos Pereira, mas insistiu que a institui��o que recebeu os recursos n�o deve ser prejudicada. O senador disse que decidiu propor a destina��o de verbas federais ao IVR, depois de, a convite de um pastor da igreja, conhecer o trabalho de atendimento da institui��o a dependentes qu�micos.
"Mando um porcentual pequeno (de emendas individuais) para entidades que atuam nessa �rea social. A ADUD faz um trabalho muito grande na recupera��o de drogados. Acho que as den�ncias t�m que ser pesquisadas a fundo, � inconceb�vel que uma pessoa utilize a religi�o para essas pr�ticas de que ele est� sendo acusado. Mas tamb�m acho que n�o se pode condenar antes de julgar. E que n�o se pode prejudicar uma entidade que presta servi�os porque um de seus componentes � investigado. Essas acusa��es t�m que ser examinadas com a maior profundidade, respeitado o direito de defesa", afirmou Dornelles.
O senador disse que, h� alguns anos - n�o soube precisar quando exatamente -, foi procurado por um pastor, de quem n�o se lembra o nome, que o levou a conhecer o trabalho da ADUD com dependentes de drogas. Essa mesma pessoa, segundo Dornelles, o apresentou ao pastor Marcos. "A institui��o me pareceu s�ria e inclu� (na lista de emendas), como incluo v�rias outras, inclusive cat�licas. Agora, n�o pode matar a institui��o", afirmou Dornelles.