Os prefeitos t�m maior potencial do que os governadores para influenciar os resultados eleitorais em favor dos candidatos de seus partidos que concorrem �s prefeituras. Assim foi no ano passado. E os candidatos do mesmo partido que os prefeitos do PT, do PSB ou do PSDB tamb�m tiveram, nas cidades onde concorreram, nessa ordem, mais chance de chegar ao sucesso eleitoral. Candidatos petistas em cidades governadas pelo PT se elegeram tr�s vezes mais do que candidatos da legenda que disputaram s� com o apoio de governadores do partido. O peso isolado do prefeito socialista para o sucesso do candidato do PSB foi quase duas vezes maior do que o do governador do PSB. J� os prefeitos do PSDB aumentaram uma vez e meia a chance de elei��o dos candidatos tucanos em rela��o �queles candidatos do partido que concorreram s� com o apoio do governador. Em outras palavras, as agremia��es partid�rias pesaram e muito nas elei��es de 2012, e os prefeitos, mais do que os governadores.
� o que sugere estudo realizado pelos cientistas pol�ticos e pesquisadores Gl�ucio Ary Dillon Soares, Sonia Terron e Antonio Carlos Alkmim, depois de se debru�arem sobre os resultados das elei��es estaduais de 2010 e as municipais de 2008 e de 2012. Os dados foram apresentados durante o 2º Workshop Nacional “Como o eleitor escolhe o seu prefeito – As l�gicas do voto”, realizado na semana passada, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a organiza��o da cientista Helcimara Telles, coordenadora do grupo de pesquisa, opini�o p�blica e comportamento eleitoral.
Avaliar quem nas elei��es do ano passado exerceu mais influ�ncia sobre o voto dos candidato de seus partidos – se os prefeitos eleitos em 2008 ou se os governadores eleitos em 2010 – foi o objetivo da pesquisa. O sucesso eleitoral dos candidatos do PT, do PSDB e do PSB foram separados em quatro grupos ou situa��es: 1) candidatos do mesmo partido do prefeito e do governador; 2) candidatos do partido s� do governador; 3) candidatos do partido s� dos prefeitos; 4) e candidatos de partidos pol�ticos diferentes do prefeito da cidade que concorreram e do governador, o que sugere que n�o tiveram o apoio de nenhum dos chefes das “m�quinas” municipal ou estadual.
A partir do cen�rio ideal de candidatos que concorreram pelo PT, PSDB ou pelo PSB �s prefeituras no ano passado, onde governadores e prefeitos tinham o mesmo partido, os cientistas demonstraram, como numa escala, o peso de cada situa��o sobre o sucesso eleitoral. “Partimos da situa��o ideal, em que governadores e prefeitos tinham o mesmo partido dos candidatos a prefeito porque parte da contribui��o � a capacidade de formar alian�as”, considera Gl�ucio Ary Dillon Soares.
Al�m da preocupa��o em rela��o � governabilidade p�s-eleitoral, a reboque da capacidade de formar coaliz�es, atraindo outros partidos, est� o acesso ao maior tempo da propaganda eleitoral gratuita, a maior capacidade de buscar financiamento �s campanhas, para n�o citar as m�quinas administrativas, que, com as pol�ticas p�blicas, t�m instrumentos para conquistar eleitores.
Mundo ideal
O “mundo ideal” dos candidatos �s prefeituras no ano passado, que tinham o mesmo partido dos prefeitos e dos governadores, foi ainda “mais ideal” nos estados do Nordeste e Norte comandados pelo PSB – Pernambuco, Para�ba, Cear�, Piau� e Amap� – do que nos quatro estados chefiados pelo PT – Acre, Bahia, Rio Grande do Sul e Sergipe – e nos oito estados governados pelo PSDB – Minas Gerais, S�o Paulo, Paran�, Goi�s, Tocantins, Par�, Rond�nia e Alagoas.
“Nos estados governados pelo PSB, 53% dos candidatos socialistas a prefeito foram eleitos naquelas cidades em que os prefeitos tamb�m eram do PSB”, afirma Gl�ucio Soares. “Naqueles estados governados pelo PT, onde os prefeitos tamb�m eram do PT, 46% dos candidatos a prefeito do PT venceram”, compara o cientista. J� nos estados tucanos, foi de 38% o sucesso eleitoral dos candidatos do PSDB em cidades de prefeitos tucanos.
Diferentemente, nos estados governados pelo PMDB - Maranh�o, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro – ou pelo DEM – Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Roraima - o estudo demonstra que os governadores n�o foram capazes de acrescer for�a ao peso individual do prefeito. “No DEM e no PMDB, o prefeito conta muito, mas o governador n�o”, avalia Sonia Terron. “Entre os candidatos a prefeito do DEM, 20,3% do sucesso eleitoral se deu em cidades onde os prefeitos eram do partido”, afirma S�nia, contrapondo essa estat�stica aos apenas 20% dos casos em que prefeitos eleitos do DEM tiveram o apoio do prefeito e do governador da legenda.
Tamb�m no PMDB, 35% dos candidatos eleitos tiveram o respaldo dos prefeitos peemedebistas. Candidatos do PMDB em cidades e estados governados por peemedebistas registraram apenas 36% de sucesso nas urnas. Ou seja, os governadores do PMDB e do DEM n�o alteraram, nesses casos, a chance de candidatos peemedebistas e democratas se elegerem prefeitos.
O dif�cil caminho dos "sem apoio"
Candidatos sem qualquer apoio institucional – que n�o t�m nem a m�quina municipal nem a estadual – t�m, seja em que partido for, probabilidades muito menores de se eleger do que aqueles que contam com pelo menos uma inst�ncia de governo a seu favor. � o que tamb�m demonstram os estudos realizados pelos cientistas pol�ticos Gl�ucio Ary Dillon, Sonia Terron e Antonio Carlos Alkmim a partir dos resultados eleitorais de 2008, 2010 e 2012. Apenas 7% dos candidatos do PT nessa situa��o conquistaram prefeituras municipais no ano passado. Aqueles que tiveram o apoio do prefeito, tiveram cinco vezes mais chance de vencer o pleito. E os candidatos do PT que contaram com o apoio do prefeito e do governador, tiveram probabilidade sete vezes maior de sucesso eleitoral.
No PSB, foram apenas 4% os candidatos eleitos em cidades governadas por prefeitos de outras legendas e em estados n�o chefiados por socialistas. A chance de ganhar uma elei��o no ano passado nessas circunst�ncias foi quase oito vezes menor do que entre candidatos que tiveram o apoio do prefeito do partido e 13 vezes menor do que os candidatos que contaram com a sustenta��o simult�nea de prefeitos e de governadores do PSB. No PSDB, o candidato sem apoio institucional teve seis vezes menos chance de ganhar a elei��o do que aqueles que contaram com o prefeito tucano e uma probabilidade quase 10 vezes menor do que os candidatos sustentados ao mesmo tempo pelo prefeito e pelo governador.