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Estado de Minas

Partidos est�o distantes dos temas que afetam o cidad�o


postado em 30/06/2013 06:00 / atualizado em 30/06/2013 07:26

Bertha Maakaroun

Em diferentes pa�ses europeus e agora, como sugerem os protestos de rua, tamb�m no Brasil, os partidos pol�ticos, canal de representa��o nas democracias, s�o rejeitados para a intermedia��o das demandas dos cidad�os dirigidas aos governos municipal, estadual e federal. O alto grau de descontentamento com as legendas se explica porque os partidos pol�ticos, em geral, voltam todas as suas discuss�es para a sua perman�ncia no poder ou para as estrat�gias para tomar o poder, afirma a cientista pol�tica Let�cia Ruiz, professora da Universidad Complutense de Madrid (Espanha) e autora de v�rios livros, entre eles Partidos e coer�ncia – Parlamentos na Am�rica Latina. “O debate interno n�o est� dirigido para os temas que afetam a vida da popula��o. Essa incapacidade se traduz, nos protestos, com o recha�o das agremia��es para a representa��o de sua pauta de reivindica��es”, considera a cientista pol�tica.

A impermeabilidade que as agremia��es partid�rias t�m demonstrado, inclusive para renovar os seus quadros pol�ticos e mobilizar os segmentos de jovens, traz um grave problema para o futuro da representa��o tal qual ela est� posta hoje nas democracias contempor�neas. “Se esses segmentos mais jovens no Brasil, na Espanha e em outros pa�ses se socializam com a ideia de que o Estado est� separado dos partidos pol�ticos, em 40 anos, as legendas ser�o algo in�til”, afirma Let�cia Ruiz.

Existem diferentes maneiras de se vincular aos partidos pol�ticos. Pela teorias tradicionais, a vincula��o seria a program�tica, ideol�gica. “Mas hoje h� cidad�os que se relacionam com as legendas de forma personalista ou clientel�stica”, afirma. “E, entre aqueles que mant�m vincula��o program�tica com os partidos, creio que a carga ideol�gica vai diminuindo, pois muitas quest�es entre a esquerda e a direita na Europa acabaram desaparecendo, por exemplo em rela��o �s pol�ticas econ�micas”, diz a cientista pol�tica, acrescentando que a direita conquistou a primazia de ditar as op��es de pol�tica econ�mica.

Na avalia��o de Let�cia, um modelo prov�vel para a rela��o entre cidad�os e partidos pol�ticos � o de que, cada vez mais, ela se paute a partir das propostas para cada tema determinado. Ou seja, cada vez menos “ideol�gicos”, os cidad�os pragm�ticos elencariam as suas prefer�ncias em cada contexto, segundo as prioridades de sua agenda e as posi��es das agremia��es nesses temas a cada elei��o.

Pelo momento, os movimentos nas ruas, que dirigem os seus pleitos diretamente ao sistema pol�tico, na avalia��o da cientista, acabam com o monop�lio da representa��o partid�ria. “Mas de forma alguma os movimentos nas ruas e os partidos pol�ticos s�o canais para veicular as demandas que se excluem. Quanto mais canais dispon�veis houver para a representa��o dos cidad�os, maior a probabilidade de que os seus pleitos sejam ouvidos e postos em pr�tica”, diz ela. “Essa efervesc�ncia social pode nos levar a um cen�rio em que h� a possibilidade de os movimentos nas ruas ditarem a agenda politicamente, contrariamente ao que se verificou at� aqui, com a predomin�ncia dos meios de comunica��o para essa tarefa”, afirma Let�cia.

‘INDIGNADOS’

Ao comparar os protestos de rua no Brasil, organizados nas redes sociais, com os movimentos sociais de maio de 2011 na Espanha, dos chamados los indignados, Let�cia Ruiz considera os diferentes contextos. “Na Europa vivemos um momento de efervesc�ncia social muito forte, mas o continente est� claramente atravessando uma situa��o de crise econ�mica”, assinala, referindo-se ao fato de o Estado de bem-estar social dar mostras se n�o de seu esgotamento, da sua necessidade de ser revisto. “A crise econ�mica �, portanto, dinamizadora desse movimento, que � alimentada pela percep��o da m� gest�o da classe pol�tica”, avalia Let�cia. No caso brasileiro, contudo, n�o h� uma crise econ�mica, em que pese exista um crescimento econ�mico menor do que se esperava.

Al�m disso, os dois movimentos t�m pautas difusas, mas na Espanha ele era mais dirigido contra o sistema capitalista. “Um dos motores das demandas na Espanha era o tema das hipotecas progressivas para a compra de casas. Outra demanda era a exig�ncia de mudan�as no sistema eleitoral, de f�rmulas alternativas que permitam que mais partidos concorram”, afirma. “No Brasil h� um conjunto de pleitos, dando a impress�o de que todo o descontentamento com um conjunto de servi�os, como a sa�de, a educa��o, e em outras �reas, foi sendo colocado no bojo das reclama��es. Isso n�o ocorreu na Espanha. E, se h� um elemento em comum, � o problema da percep��o da m� gest�o da classe pol�tica e dos partidos pol�ticos. Temos nesse aspecto um contexto similar”, conclui.

 


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