
O cen�rio deixado pelos vereadores de Belo Horizonte no �ltimo dia de reuni�o plen�ria, h� um m�s, foi o mesmo encontrado ontem: galeria cheia, vaias e amea�a de ocupa��o. Diferentemente da sess�o de 29 de junho, quando aprovaram a redu��o de R$ 0,05 nas tarifas de �nibus e rejeitaram a proposta que previa a abertura nas planilhas de custo das empresas de transporte p�blico, os vereadores ontem, para fugir da press�o dos manifestantes, abandonaram o plen�rio sem votar nenhum dos seis projetos da pauta. Ap�s 30 dias de recesso, eles foram recepcionados por cerca de 70 jovens que participaram da ocupa��o na C�mara h� um m�s. At� �s 23h de ontem, 26 manifestantes ocupavam novamente a C�mra, dois deles em greve de fome.
Depois de 40 minutos de sess�o, com direito a bate-boca entre manifestantes e pol�ticos, a reuni�o – que contava com 38 parlamentares – foi encerrada por falta de qu�rum. “N�o tem condi��o de trabalhar assim”, justificou a vereadora Elaine Matozinhos (PTB) ao pedir a verifica��o do n�mero presentes. Apenas 19 registraram presen�a. Para que a reuni�o continuasse era necess�rio que 21 marcassem o ponto.
Os jovens come�aram a chegar � C�mara por volta das 13h30. Eles ficaram na portaria principal do Legislativo aguardando a entrada dos vereadores e confeccionando cartazes. Apenas Gilson Reis (PCdoB) e Wellington Magalh�es (PTN) passaram por eles, sendo que o �ltimo entrou despercebido. Os manifestantes encontraram a Casa bem diferente da que eles deixaram em 7 de julho, dia da desocupa��o. No lugar dos colch�es, do sof�, das rodas de discuss�o, um v�o vazio no sagu�o com, pelo menos, sete seguran�as. A �nica marca vis�vel da ocupa��o era cola dos cartazes nas paredes. O jardim da Casa, onde eles chegaram a montar barracas, foi replantado.
“� estranho voltar e ver tudo diferente”, disse Juliana Rocha. “N�s viemos mostrar a eles (vereadores) que o movimento continua vivo e que as pautas n�o foram atendidas”, acrescentou Andressa de Ara�jo Moreira. As duas s�o integrantes da Assembleia Popular Horizontal e da Assembleia Nacional de Estudantes. Entre as pautas de reivindica��o do movimento est�o a transpar�ncia das contas do transporte p�blico e o passe livre.
A reuni�o come�ou no hor�rio de sempre, �s 15h. Os manifestantes tomaram a galeria e os parlamentares o plen�rio. Quem presidiu a sess�o foi o vice-presidente Wellington Magalh�es (PTN). Ele est� no lugar do presidente, vereador L�o Burgu�s (PSDB), que estendeu as f�rias e s� voltar� � Casa na segunda-feira. O primeiro bate-boca, que aconteceu entre o vereador Marcelo �lvaro Ant�nio (PRP) e os jovens, foi motivado pelo protesto vindo da galeria contra a leitura de passagem da B�blia, prevista no Regimento da Casa. “O estado � laico”, gritavam os manifestantes. “Voc�s t�m que respeitar”, contra-atacava o parlamentar.
Os vereadores Leonardo Mattos (PV) e Iran Barbosa (PMDB) tamb�m tiveram dificuldade de falar em plen�rio, devido aos gritos de guerra e vaias constantes da galeria. O peemedebista chegou a dizer que estaria pensando em deixar a pol�tica. “Eu tenho come�ado a desistir da pol�tica por um motivo muito simples: o pol�tico hoje � necessariamente tratado como inimigo”, afirmou. V�rios cartazes foram colados na galeria com dizeres como “Bem-vindos � nossa Casa, estamos de olho”.
Ao terminar a sess�o, os manifestantes se reuniram para decidir se continuariam na C�mara. Seis permaneceram na galeria e dois deles decidiram fazer greve de fome. O casal, que se autodenomia Jesus Cristo e Ana Silva, disseram que s� comer�o depois que o prefeito Marcio Lacerda entregar � C�mara a presta��o de contas do ano passado.
Cerca de 20 manifestantes que passaram a maior parte do tempo no sagu�o, no fim da noite foram autorizados a subir at� a galeria, abastecidos com comida e um viol�o estavam decididso a pasasr a noite na Casa.