
O pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) pode ser candidato a presidente da Rep�blica no ano que vem. Sem se fazer de rogado, ele afirma que foi procurado por diversos partidos e est� estudando as possibilidades para servir melhor � na��o. “Acabei me tornando um deputado grande dentro de um partido pequeno”, declarou o sempre pol�mico religioso em entrevista ao Estado de Minas, suado e cercado por pessoas que queriam tirar fotos, depois de conduzir um culto por quase uma hora na Regi�o de Venda Nova, em Belo Horizonte, na noite de sexta-feira. A cerim�nia durou 2 horas e 15 minutos e estava apinhada de fi�is, que se amontoavam at� a cal�ada da igreja para ouvir sua prega��o. O recolhimento do d�zimo foi feito da maneira tradicional, mas tamb�m em doa��es de quantias em cart�o de cr�dito e d�bito.
Feliciano criticou as escolas brasileiras, que considera “tomadas de socialismo”. E questionou longamente a Teoria da Evolu��o: “elas ensinam a teoria de Charles Darwin, por que n�o ensinam a teoria de Mois�s? A teoria de Ad�o e Eva n�o � aceita, mas a do macaco �?”. Feliciano disse aos fi�is que � contra todo tipo de preconceito e que nunca odiou os gays.
“Ele � santo, ele � santo, � santo”, berrava uma mulher insistentemente pr�ximo do final da prega��o em um frenesi que chamou a aten��o dos seguran�as do templo. A catarse que sucedeu as �ltimas palavras do pastor foi geral e muitas pessoas choravam e gritavam. “Pe�o que todo mundo ore pelo pastor Marco Feliciano. Deus tem uma cadeira importante para ele se assentar no ano que vem”, foram as palavras do pastor Marcos Borges que encerraram a cerim�nia, sem esconder um certo clima de pr�-campanha.
O senhor falou no culto sobre as elei��es do ano que vem e o senhor tem viajado muito ultimamente H� possibilidades de o senhor disputar um cargo majorit�rio?
A gente n�o sabe o que vai acontecer ainda. Tenho sido procurado por alguns partidos, partidos pequenos, e o meu partido vai ter uma candidatura majorit�ria, mas as coisas ainda est�o muito nubladas e est�o acontecendo muito r�pido. Tenho sido procurado por diversos partidos para disputar outros cargos. Nesse momento eu n�o sei o que vai acontecer, mas o que for acontecer tem que acontecer at� setembro, que � a data-limite para trocar de partido.
Ent�o, existe a possibilidade de o senhor trocar de partido?
Tenho sido procurado e tenho procurado uma forma de servir melhor � na��o. Tornei-me um deputado grande, entre aspas, dentro de um partido pequeno. Isso pegou o partido de surpresa, pegou a gente de surpresa, ent�o n�s ainda n�o conseguimos entender o que est� acontecendo. O que era para matar, deu vida ao partido, n�s crescemos no pa�s inteiro, o PSC cresceu no pa�s inteiro assustadoramente, ent�o n�s estamos estudando. Tudo est� sendo estudado.
A sua atua��o � frente da Comiss�o de Direitos Humanos da C�mara tem sido cercada de pol�micas. Como o senhor avalia a sua participa��o nela?
Minha atua��o n�o tem sido mais pol�mica. Porque estamos trabalhando mais do que todas as comiss�es anteriores. O que n�s fizemos nesses cinco meses diante de luta e de alguns protestos no come�o – agora acabaram todos eles –, aquela comiss�o n�o fez em 10 anos. A comiss�o vai de vento em popa. N�o vejo mais pol�micas. Encontro pessoas isoladas, como aconteceu no avi�o nessa semana que passou. Mas olha a multid�o que est� comigo. S� o povo que estava dentro dessa igreja aqui hoje � maior do que todo o povo que j� se manifestou contra mim desde mar�o.
Alguma vez o senhor se sentiu acuado? O senhor sofreu amea�as?
V�rias vezes. O problema � que os ativistas acabam sendo radicais. Todo radicalismo � perigoso. Quem me conhece sabe que nunca fui radical. Tenho posicionamentos e mantenho meus posicionamentos. Estamos no Estado democr�tico de direito, e nesse estado n�o se pode criminalizar opini�o. Criaram de mar�o para c� um crime que n�o existe dentro da nossa legisla��o, que � o crime de opini�o, ou seja, eu n�o posso ter minha opini�o. Neste pa�s pode-se falar de tudo, da presidente da Rep�blica, de um cantor, de jornal, pode-se falar de tudo, menos do grupo que me persegue. Isso � perigoso, isso � ditadura.
No culto, o senhor comentou os cat�licos. Como senhor v� o papa Francisco e como o senhor avalia a recente visita dele ao pa�s?
Foi perfeita a visita dele. Ele � um jesu�ta. Como disse aqui, fui cat�lico romano e vejo nesse papa uma pessoa do bem, um evangelista por natureza. Ele tamb�m passou por dificuldades aqui, ele tamb�m sofreu press�o do mesmo grupo que me pressiona. E houve at� coisas piores, pegaram imagens de santos e quebraram no meio da rua, fizeram atos obscenos, ent�o isso mostra que tanto a Igreja Cat�lica quanto a Igreja Evang�lica t�m os mesmos princ�pios. Podemos divergir nos dogmas, mas nos principais, na nossa base, h� mais coisas que nos unem do que nos separam. Sou hoje amigo dos cat�licos. N�o � tempo de separa��o, n�o � tempo de guerra, � tempo de uni�o, porque se n�o houver uma uni�o das igrejas hoje, dentro de 15 anos o cristianismo na Am�rica do Sul vai estar vivendo dias de quase extin��o. Como ocorreu na Europa, onde a maioria dos pa�ses hoje � ateia.