S�o Paulo, 28 - As manifesta��es de junho, a primavera �rabe e o Occupy Wall Street s�o alguns exemplos de como as redes sociais mudaram o processo de participa��o pol�tica. Em elei��o, o potencial de crescimento da internet no Brasil � imenso, mas o avan�o acontecer� mais lentamente do que seria poss�vel por causa do conservadorismo de marqueteiros. Essa � a avalia��o do estrategista de comunica��o digital Marcelo Vitorino, que atuou na campanha vitoriosa de Gilberto Kassab (PSD) � Prefeitura de S�o Paulo, em 2008, em entrevista exclusiva ao Broadcast Pol�tico, servi�o da Ag�ncia Estado.
Ao falar da import�ncia das redes sociais numa campanha pol�tica, o estrategista acredita que o pleito presidencial do ano que vem dever� ser na base do vale-tudo na web: "(A campanha presidencial) dever� ser a mais suja de todos os tempos na internet.". Por essa raz�o, Vitorino ressalta que aumenta a import�ncia da internet neste processo. "Nem sempre � a campanha que apela, �s vezes o militante acha que est� ajudando e apela. Por isso � necess�rio treinar o militante e este treinamento come�a agora", conta o especialista, que j� est� trabalhando para pr�-candidatos a governos estaduais e negocia com presidenci�veis.
Sobre a avalia��o de que h� um conservadorismo nos marqueteiros de campanha, o estrategista explica que geralmente este profissional n�o � um entusiasta da internet. "Os grandes marqueteiros ainda t�m dificuldade com os canais digitais", reitera. Por conta da descren�a e do temor dos marqueteiros, cada vez mais poderosos nas grandes campanhas, Vitorino aposta que as maiores inova��es devem acontecer em elei��es minorit�rias.
Para o pr�ximo ano, a grande aposta ser� o trabalho com aplicativos vinculados �s redes sociais, o primeiro passo para a cria��o de discursos segmentados de acordo com cada fatia do eleitorado. "Quando voc� cria uma p�gina no Facebook e ganha um 'like' (gostei), voc� n�o tem acesso aos dados de quem curte. Com essas ferramentas, as campanhas podem captar os dados e o trabalho de intelig�ncia fica muito maior", conta Vitorino, que j� atuou tamb�m na �rea digital nas campanhas de Orestes Qu�rcia, Jos� Serra (2010) e Netinho de Paula (2012).
Segundo o estrategista, com os dados em m�os, abre-se um novo mundo para que os partidos explorem seu eleitorado, conhe�a o perfil e o que interessa ou incomoda o usu�rio. "� poss�vel saber a tend�ncia de consumo de informa��o do p�blico, idade, regi�o que mora, do que gosta. � o caminho para a segmenta��o de conte�do, que � uma tend�ncia para essa campanha eleitoral".
A internet � tamb�m um territ�rio de ataques, muitas vezes an�nimos, mas capaz de causar estragos aos candidatos. Vitorino diz que pretende apostar nas chamadas "vacinas" e em treinamento de militantes. As vacinas s�o v�deos ou textos abordando pontos pol�micos da trajet�ria do candidato, seja na vida pessoal ou sobre sua posi��o sobre algum assunto pol�mico. Antes que o ataque tome grandes propor��es, a campanha est� preparada para respond�-lo.