Rio e S�o Paulo - A Pol�cia Federal deflagrou nessa ter�a-feira uma s�rie de a��es contra aquele que � apontado como o “operador” dos esquemas evolvendo a empreiteira Delta. Trata-se de Adir Assad, que aparece como s�cio majorit�rio ou gestor de empresas de fachada usadas, segundo as investiga��es, para pagar propina e financiar campanhas com recursos de obras p�blicas.
Na Opera��o Saqueador, deflagrada ontem de manh�, 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreens�o no Rio, S�o Paulo e Goi�s.
Amparada na quebra do sigilo banc�rio de cerca de 100 pessoas f�sicas e jur�dicas, autorizada em 2012 pela CPI do Cachoeira - contraventor Carlinhos Cacheira, apontado como s�cio oculto da Delta -, a Pol�cia Federal constatou que Assad aparece como laranja de quase uma dezena de empresas de fachada, por meio das quais fazia emiss�o de notas frias de servi�os e loca��o de m�quinas e equipamentos para a empreiteira.
O sistema, segundo os federais, permitia que recursos desviados de obras p�blicas retornassem ao caixa da empreiteira e, depois, eram usados para duas finalidades: corromper servidores para ganhar licita��es e financiar campanhas eleitorais por meio de caixa 2.
Apreens�es
Equipes da pol�cia fizeram buscas nos endere�os de Assad e seus familiares, em S�o Paulo. Apreenderam documentos e arquivos digitais.
Outros alvos da miss�o foram dois contadores que controlam o fluxo de caixa e de emiss�o de faturas das empresas de Assad - um deles foi contratado logo depois do encerramento da CPI do Cachoeira com a miss�o de blind�-lo. No pr�dio onde Cavendish reside, na praia do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, foram apreendidos carros de luxo, computadores e documentos.
O superintendente da Pol�cia Federal no Rio, delegado Roberto Cordeiro, e o coordenador da Saqueador, Tacio Muzzi, informaram que foram recolhidos R$ 350 mil em dinheiro, em escrit�rios e resid�ncias - pelo menos R$ 250 mil em esp�cie foram encontrados em um cofre da Delta em S�o Paulo.
Um integrante do departamento jur�dico da empreiteira disse que o dinheiro seria usado para pagamento de funcion�rios de fornecedores. De acordo com o delegado, os bens apreendidos “seriam objetos adquiridos com dinheiro il�cito”.
Peritos ficar�o instalados nos escrit�rios da Delta nos pr�ximos dias para realizar an�lise cont�bil a fim de apurar a origem do dinheiro desviado para as empresas de fachada.
A Pol�cia Federal buscou na jurisprud�ncia do processo do mensal�o precedente para pedir � Justi�a Federal no Rio autoriza��o para a perman�ncia dos seus t�cnicos na sede da empreiteira - o ministro Joaquim Barbosa, relator do mensal�o, consentiu, anos atr�s, que peritos passassem v�rios dias no Banco Rural, em Belo Horizonte.
Na Delta, os peritos buscam “furos” no controle de custos da empreiteira - planilhas que construtoras mant�m para controlar o fluxo de caixa, mesmo quando � dinheiro sujo. “H� fortes ind�cios de transfer�ncias milion�rias de recursos p�blicos”, disse o delegado Cordeiro. “Grande parte dos neg�cios da construtora envolvia obras p�blicas com recursos federais, estaduais e municipais”, afirmou.
A Justi�a deu 30 dias para os federais fazerem as investiga��es na Delta e nas demais empresas. “Foram constatadas transfer�ncias da Delta Constru��es de aproximadamente R$ 300 milh�es para contas das empresas de fachada”, disse o delegado Tacio Muzzi. “Posteriormente, grande parte dos recursos era sacada em esp�cie.”
As empresas de fachada t�m registro na Junta Comercial, mas a maior parte n�o tem sede. Outras t�m endere�os n�o compat�veis com o montante de recursos movimentado em suas contas correntes e os s�cios tamb�m n�o ostentam capacidade econ�mico-financeira condizente com o volume de ativos que passava por essas contas. Em algumas empresas, n�o h� funcion�rios registrados.
“Esses ind�cios denotam empresas de papel”, disse Muzzi. “H� um grupo de 10 a 20 laranjas e pessoas por tr�s dos laranjas”, completou o coordenador da opera��o. Segundo ele, h� ind�cios de crimes de lavagem de dinheiro, forma��o de quadrilha, corrup��o ativa e passiva e peculato - desvio de dinheiro p�blico por servidor.
Caixa cheio
Mesmo ap�s ser declarada inid�nea, a Delta, que atuava quase exclusivamente em obras p�blicas, faturou, em 2012, R$ 877 milh�es em contratos com a Uni�o, 12 Estados e o Distrito Federal, j� que a legisla��o n�o impede a continua��o de obras em andamento.
Dono da Delta, Cavendish foi condenado em maio pela Justi�a Federal a 4 anos e meio de pris�o por desvio de recursos p�blicos que seriam usados na despolui��o da Lagoa da Araruama, na regi�o dos Lagos do Rio. O empres�rio alega inoc�ncia e recorre da condena��o.