Uma cerim�nia no Pal�cio Tiradentes ontem, na Cidade Administrativa, marcou os 70 anos do Manifesto dos Mineiros – tido como o primeiro brado contra o Estado Novo, de Get�lio Vargas – e celebrou o lan�amento de um livro comemorativo sobre o tema, contendo reprodu��o fidedigna do documento original, divulgado em 24 de outubro de 1943.
Familiares dos signat�rios e autoridades rememoraram as circunst�ncias em que o texto foi escrito, em plena Segunda Guerra Mundial, sob a m�o pesada da censura pol�tica imposta � imprensa e em tempos de repress�o implac�vel comandada pela batuta de Filinto M�ller (1900-1973). O manifesto foi impresso clandestinamente em Barbacena e distribu�do nas principais capitais brasileiras. Ainda residente na cidade na Zona da Mata, a esposa de Achiles Maia – um dos 92 signat�rios e um dos respons�veis pela impress�o do documento, dona Virg�nia Pitanga Maia Buscacio, de 89 anos, resumiu: “Eles tiveram muita coragem para fazer o manifesto”.
O governador Antonio Anastasia (PSDB) ressaltou a coragem dos que tomaram posi��o e n�o se furtaram � luta por democracia: “Mineiros ilustres resolveram arriscar, at� suas vidas, para apresentar um grito de liberdade, que ali�s, como o pr�prio manifesto evoca, � o grito de Minas Gerais”. Para ele, o texto servir� sempre como inspira��o “para aqueles que t�m compromisso com a causa p�blica em Minas e no pa�s”.
Em seu discurso, Anastasia destacou o papel importante que o Estado de Minas teve fazendo frente ao arb�trio e defendendo a democracia, inclusive com a ades�o de seu redator-chefe � �poca, Geraldo Teixeira da Costa, ao manifesto. “Ele foi um dos criadores da Uni�o Democr�tica Nacional (UDN), o partido que foi fundado para combater a ditadura na �poca”, lembrou seu filho, �lvaro Teixeira da Costa, diretor-presidente o EM, que acompanhou a solenidade ao lado do filho Geraldo Teixeira da Costa Neto, diretor-executivo do jornal.
“O manifesto forneceu uma moldura institucional pol�tica partid�ria que deu a condu��o por mais pelo menos 20 anos da nossa pol�tica. As li��es do manifesto falaram muito mais fundo e tamb�m inspiraram o movimento de redemocratiza��o, em 1984 e 1985, quando Tancredo Neves capitaneou pelo Brasil afora at� reestabelecermos o regime que felizmente hoje vivemos”, afirmou o governador.
O presidente da Imprensa Oficial de Minas, Eug�nio Ferraz, que coordenou a elabora��o do livro comemorativo, apontou que o manifesto tem import�ncia hoje para o desenvolvimento c�vico, social e pol�tico do estado. “Em verdade, Minas n�o seria fiel a si mesma se abandonasse sua instintiva inclina��o para sentir e realizar os interesses fundamentais de toda a na��o”, afirmou, citando um trecho do documento. A advogada Juliana Campos Horta, neta do governador Milton Campos, participou da solenidade e disse que o manifesto continua vivo e atual, “pois vivemos um momento em que a defesa das liberdades se faz importante”, ela considerou.
O bi�logo M�rio L�cio Brant, neto de Jo�o Eduardo Caldeira Brant e sobrinho-neto de M�rio Brant, compareceu representando seu pai, Edmundo Caldeira Brant, de 92 anos, que escreveu uma carta lembrando a trajet�ria pol�tica do pai. No texto, ele destaca a defesa da democracia que Jo�o Edmundo fazia: “Em todas as suas cartas (ele) escrevia um bilhete: ‘o Brasil quer e h� de ser uma democracia’”, sublinhou o bi�logo.
Na esteira das celebra��es dos 70 anos do manifesto, hoje ser� lan�ada a medalha comemorativa, e, em 6 de novembro, os Correios lan�am um selo comemorativo.