O e-mail em posse da Pol�cia Federal, que mostra que Jorge Fagali Neto, apontado como lobista da multinacional francesa Alstom e intermediador de propinas, fez sugest�es, no fim de 2006, sobre como o governo estadual deveria agir no setor metroferrovi�rio, foi um “alerta” dado a um amigo, informou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a quem a mensagem foi direcionada.
Em setembro de 2006, quando o e-mail foi enviado, Aloysio era coordenador da campanha de Jos� Serra ao governo do Estado. Segundo o senador, Fagali previa que as propostas de Serra n�o cabiam no or�amento e que, por isso, teria avisado. “O or�amento n�o seria compat�vel �s propostas. A gente n�o tinha recurso para isso. E ele sugeria que Serra fosse ao Banco Mundial. O Serra n�o foi. Ele estava em plena campanha naquela altura, a um m�s da elei��o.”
Aloysio afirmou ainda trocar e-mails com o consultor pelo seu conhecimento em financiamentos externos. “Fagali tinha uma grande expertise em financiamentos externos, trabalhou com isso desde o tempo da Eletrobr�s. Sempre trabalhou com isso”, disse o parlamentar.
O advogado de Jorge Fagali, Belis�rio dos Santos J�nior, afirmou que a ex-funcion�ria do consultor Edna Flores, respons�vel por fornecer os e-mails � PF, acessou a correspond�ncia ilegalmente. Ela foi secret�ria pessoal de Fagali entre 2006 e 2009 e prestou depoimento aos federais no dia 9 de outubro passado. Disse ainda que ela pediu cerca de R$ 500 mil para n�o revelar informa��es para a imprensa e a autoridades.
Edna tamb�m relatou ao delegado a rela��o de Fagali com os irm�os Arthur e S�rgio Teixeira, tamb�m consultores apontados como intermediadores de propinas do cartel de trens. S�rgio j� morreu e Arthur est� indiciado sob suspeita de atuar ilegalmente para as multinacionais do setor metroferrovi�rio.
Sobre a rela��o do consultor com Aloysio, Belis�rio afirmou n�o saber se s�o pr�ximos. “Mas ser amigo deste ou daquele n�o quer dizer nada, n�o � nenhum crime”.
Segundo Belis�rio, as provas da viola��o do e-mail de Fagali j� foram fornecidas � Justi�a do Trabalho no processo trabalhista que Edna moveu contra o lobista, e perdeu. Belis�rio ainda afirmou que seu cliente n�o participou de irregularidades envolvendo contratos do setor el�trico da francesa Alstom com o governo do Estado de S�o Paulo.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Serra afirmou que viajou uma �nica vez ao Jap�o, na d�cada de 1990, quando era ministro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e que jamais foi ao pa�s asi�tico com Fagali para tratar de assuntos do Metr� de S�o Paulo.
Eduardo Carnel�s, advogado de Arthur Teixeira, repudiou com veem�ncia a suspeita sobre seu cliente, a quem a promotoria atribui papel semelhante ao de Fagali no esquema do cartel.
Para afastar a tese de que apenas conhecer uma pessoa � motivo de suspeitas, Carn�los afirmou na semana passada que, cerca de dez anos atr�s, o hoje ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo � �poca rec�m-eleito deputado federal, procurou Teixeira. Houve segundo o advogado, pelo menos dois encontros do ent�o parlamentar petista com o consultor. Carnel�s afirma que Cardozo queria ter informa��es sobre o setor metroferrovi�rio e sua import�ncia estrat�gica para o Pa�s. Cardozo, a quem est�o subordinados a Pol�cia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade), que tamb�m investiga o cartel, diz n�o se lembrar dos encontros.