A Pol�cia Federal tomou o depoimento do ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares e do empres�rio Marcos Val�rio no Complexo Penitenci�rio da Papuda, em Bras�lia, no inqu�rito que trata de desdobramentos do mensal�o. S�o investiga��es abertas a partir do depoimento de Marcos Val�rio prestou no final do ano passado, quando j� estava condenado. O conte�do desse depoimento foi revelado pelo jornal Estado de S�o Paulo em 11 de dezembro.
Dois policiais da delegacia de inqu�ritos especiais foram ao pres�dio para ouvi-los na sexta-feira da semana passada. Uma das investiga��es em curso � sobre a suspeita de tr�fico de influ�ncia na liquida��o do Banco Mercantil de Pernambuco. O ex-ministro Antonio Palocci tamb�m foi ouvido no mesmo inqu�rito mas em outubro. Ao todo, cerca de 20 pessoas prestaram depoimento. Na �poca da liquida��o do banco, em 2005, Palocci era ministro da Fazenda do governo Luiz In�cio Lula da Silva e Del�bio era o tesoureiro do PT.
Revela��es
Em 24 de setembro de 2012, Marcos Val�rio fez acusa��es a procuradores da Rep�blica que n�o eram alvo da a��o penal do mensal�o. Entre essas acusa��es estava a de que o dinheiro do mensal�o serviu para pagar despesas pessoais de Lula. Sobre o Mercantil, Marcos Val�rio disse que Armando Monteiro, ent�o dono do banco, discutiu com Lula numa viagem a Cuba sua liquida��o.
Nesse processo de liquida��o, o Banco Rural, envolvido com o mensal�o, teria sido beneficiado. O caso do Mercantil tamb�m incrimina Marcos Val�rio. O empres�rio esteve 17 vezes no Banco Central entre 2003 e 2005, oito delas sobre o levantamento da liquida��o do Mercantil, nas quais se apresentava como representante do Rural. Ao justificar a autoriza��o para que o depoimento de Del�bio fosse dado na Papuda e n�o na delegacia, o juiz da vara Angelo Oliveira afirmou que isso "minimizaria a exposi��o e a explora��o da imagem do sentenciado".
Na autoriza��o para o depoimento de Val�rio, o juiz alega apenas preocupa��o com a "exposi��o do pr�prio sistema prisional." Preso h� 23 dias para cumprir uma pena de 8 anos e 11 meses de pris�o em regime fechado (inicialmente cumprida no semiaberto at� a decis�o sobre recurso apresentado por sua defesa), Del�bio se recusou a responder as perguntas da PF, l�-las ou mesmo folhear trechos do inqu�rito.
A todo tempo ele respondia que n�o iria se manifestar porque estava seguindo orienta��o dos seus advogados e n�o tinha conhecimento da investiga��o. Segundo os investigadores, contudo os autos foram encaminhados para conhecimento da defesa em julho. A n�o colabora��o � respeitada na institui��o como um direito constitucional, mas pode prejudicar ainda mais o petista. N�o est� descartado o indiciamento dele.
Segundo os investigadores, todos os ouvidos colaboraram com a investiga��o, com exce��o de Del�bio. O inqu�rito dever� ser conclu�do em dez dias. Advogado de Marcos Val�rio, o criminalista Marcelo Leonardo afirmou que orientou seu cliente a n�o responder as perguntas da PF. "A orienta��o para ele, qualquer que seja o caso, � exercitar o direito ao sil�ncio." Marcos Val�rio foi ouvido por um delegado diferente do que tomou o depoimento de Del�bio.
O criminalista Jos� Roberto Batochio, que defende Palocci, afirmou que a PF indagou ao seu cliente se Marcos Val�rio ou o Banco Rural o procuraram para tratar do Mercantil. Palocci disse segundo o advogado, que desconhecia a opera��o, nunca foi procurado e que o BC tinha autonomia para tomar uma eventual decis�o sobre o neg�cio.
Outro
Al�m dos seis inqu�ritos "filhotes" do mensal�o abertos a partir do depoimento de Marcos Val�rio, a PF tamb�m investiga outro fato relacionado ao esquema que envolve o ex-gerente executivo do Banco do Brasil Claudio de Castro Vasconcelos. Ele era da equipe que aprovou o direcionamento antecipado de R$ 73 milh�es do fundo Visanet para a DNA Propaganda de Marcos Val�rio.