Para um audit�rio com metade das cadeiras ocupadas, o �nico deputado federal ainda em liberdade ap�s o julgamento do mensal�o, Jo�o Paulo Cunha (SP), voltou a dizer que n�o cometeu nenhuma irregularidade quando foi presidente da C�mara (2003 a 2005) e que a condena��o a nove anos e quatro meses de pris�o pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi "injusta". Para ele, corrup��o n�o tem term�metro. "Se rouba R$ 1 ou R$ 1 milh�o � a mesma coisa".
O deputado comparou o mensal�o com o esc�ndalo dos fiscais que desviavam Imposto Sobre Servi�os (ISS), em S�o Paulo. Afirmou que a Procuradoria-Geral da Rep�blica apontou desvios de R$ 141 milh�es no mensal�o e s� o esc�ndalo dos fiscais da prefeitura de S�o Paulo contabilizou desvios de R$ 500 milh�es. Mas, segundo ele, no caso do mensal�o, n�o houve desvio de dinheiro p�blico. "A Visanet � privada e dizem que � dinheiro p�blico; os empr�stimos do PT foram comprovados pelo Banco Central e dizem que � desvio de dinheiro p�blico".
Para Jo�o Paulo, o Pa�s vive "tempos sombrios". "Daqui a 40, 50 anos, quando os historiadores se debru�arem sobre os registros desse caso em jornais e TVs, v�o ver um Brasil. Mas se olharem a vida do povo, v�o ver outro. Esse Pa�s que a elite registrou, por interm�dio da m�dia, � o Pa�s do ponto de vista deles. N�o � o Pa�s do povo". Para Jo�o Paulo, a elite usa a m�dia contra o PT. "O projeto da elite n�o � o projeto do povo".
Na quarta-feira, em discurso na C�mara, Jo�o Paulo disse que n�o vai renunciar ao mandato. Na ocasi�o, ele apresentou uma revista na qual faz a pr�pria defesa. Nesta quinta-feira, durante o ato de desagravo, no 5º Congresso do PT, ele distribuiu mais alguns exemplares da revista. "O Brasil vive dias sombrios", afirmou ele, �nico a usar camiseta vermelha. Os parentes de outros condenados estavam de roupa branca, segundo eles, em solidariedade aos presos, que s� podem usar essa cor.
O ex-presidente da C�mara tamb�m criticou o tratamento diferenciado aos r�us do processo do mensal�o mineiro, que ter�o o direito a julgamento em duas inst�ncias, o que eles n�o tiveram. Jo�o Paulo criticou ainda a oposi��o por dizer que o mensal�o � o maior esc�ndalo pol�tico do Brasil. "Maior esc�ndalo de que? Eu j� li que foi o maior esc�ndalo pol�tico. Foi maior que a ditadura militar? Foi maior que o Estado Novo? Foi maior do que a escravid�o? Foi maior do que deixar as mulheres sem votar at� 1932? Foi maior do que deixar os analfabetos sem votar at� 1989? Foi maior do que deixar o �ndice de analfabetismo que temos at� hoje? Foi o maior esc�ndalo pol�tico?"