Enquanto movimentos sociais se organizam para novas manifesta��es no ano que vem, os partidos, um dos alvos de protestos em 2013, est�o tra�ando estrat�gias para n�o sofrer o impacto nas urnas. Incluir em seus programas pol�ticos assuntos que podem vir a ser pauta das reivindica��es, aproximar-se dos movimentos organizados e formar chapas a deputado estadual e federal com pessoas jovens na pol�tica s�o algumas das sa�das que as legendas acreditam que podem tir�-las da mira das ruas. O cientista pol�tico Rud� Ricci, que est� escrevendo um livro sobre as manifesta��es de junho, avalia, no entanto, que eles est�o despreparados para enfrentar novas mobiliza��es.
Sob influ�ncia dos protestos, os partidos est�o investindo nas redes sociais, alguns em semin�rios, diagn�sticos e pesquisas para entender o desejo do eleitorado. � o caso do PSB. O presidente da legenda em Minas, deputado federal J�lio Delgado, contou que seu partido est� fazendo pesquisas para avaliar qual � a pauta que pode surgir nas reivindica��es do ano que vem. O objetivo, de acordo com ele, � se antecipar aos assuntos, absorv�-los e ter um posicionamento concreto a respeito deles. Para Delgado, os partidos n�o v�o ficar de fora das manifesta��es no pr�ximo ano “porque eles estar�o se mobilizando a respeito de algumas pautas”. "Houve esse ano rejei��o da sociedade a que a classe pol�tica participasse. Como 2014 ser� um ano eleitoral, com certeza isso se perde”, acrescentou.
O presidente estadual do PMDB, deputado federal Saraiva Felipe, avalia que os partidos antes dos protestos “estavam, de alguma forma, acomodados” e n�o tinham respostas objetivas para melhorias do servi�o p�blico, como a sa�de e educa��o. “N�o vai adiantar o discurso gen�rico”, ressaltou. De acordo com ele, o PMDB est� trabalhando para apresentar solu��es concretas sobre os temas levantados nas ruas. O deputado contou que o partido tamb�m est� em busca de atrair para as chapas estadual e federal candidatos novos, que est�o entrando na pol�tica. “Isso oxigena o partido”, afirmou.
O PSDB tamb�m pensou nisso para atrair o voto dos insatisfeitos com a pol�tica. O partido filiou, por exemplo, o treinador Bernardinho e o jogador Giovane. Segundo o presidente tucano em Minas, Marcus Pestana, todos os partidos receberam o recado das ruas e tentaram dar suas respostas. Os tucanos tamb�m tentam se aproximar dos movimentos organizados. Criaram o PSDB sindical e investiram na inser��o nas redes sociais. “As manifesta��es de junho foram totalmente diferentes de campanhas do passado como anistia, diretas j�, Collor. N�o tinha palanque, discurso e havia sentimentos m�ltiplos e plurais na pra�a. Quem tentar manipular isso vai se dar mal. Esse tipo de movimento � igual cavalo selvagem, n�o aceita cabresto”, acrescentou.
As dire��es partid�rias nacionais e estaduais do PT passaram a ter 50% de mulheres, m�nimo de 20% de jovens e 20% de negros. “Voc� s� renova as candidaturas com pessoas que t�m a cara da dire��o do partido. Respeitamos as lideran�as mais antigas, mas � preciso mais renova��o”, ressaltou o presidente do partido em Minas, deputado federal Odair Cunha. “Na verdade, as manifesta��es colocam para n�s o desafio de abrir um di�logo com um conjunto de preocupa��es ali levantadas. � nesse sentido que o PT se prepara para a disputa eleitoral”, ressaltou.
Despreparo
O cientista pol�tico Rud� Ricci observa que os partidos n�o est�o preparados para novas mobiliza��es. “Eles fazem an�lises de longa dura��o”, justificou. Para o pesquisador, as legendas n�o conseguem captar o anseio dos movimentos. “Esse tipo de manifesta��o, t�pica do s�culo 21, assume uma l�gica de enxame de abelhas. Em um determinado momento, uma mensagem nas redes sociais acaba envolvendo uma grande gama de jovens, que saem �s ruas. Da mesma maneira que se forma essa mobiliza��o ela some. E a qualquer momento ela pode retornar com uma bandeira diferente”, explica. Na avalia��o de Rud�, os partidos pol�ticos tradicionais no pa�s v�o reagir e n�o se antecipar. “Eles tentam antecipar coibindo”, acrescentou.