Em ano eleitoral, a Lavagem do Bonfim, maior festa religiosa da Bahia, que recebeu nesta quarta-feira, o t�tulo de Patrim�nio Imaterial Nacional do governo federal, costuma ser um term�metro da popularidade de governantes e candidatos da Bahia.
Os pol�ticos prestigiam o cortejo de oito quil�metros entre as Bas�licas de Nossa Senhora da Concei��o da Praia e do Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa de Salvador, por onde passam mais de 1 milh�o de fi�is, para fazer corpo-a-corpo com os eleitores e tentar colher aplausos e cumprimentos - apesar de, rotineiramente, receberem vaias. Os partidos aproveitam a exposi��o para definir posi��es pol�ticas e, por vezes, lan�ar ou firmar candidaturas.
Este ano, por�m, a pol�tica acabou ofuscada no cortejo, nesta quinta-feira, 16, por causa de duas novidades introduzidas no evento pela pr�pria administra��o de ACM Neto. A primeira foi a cria��o de um cortejo cat�lico antes do in�cio do tradicional, de origem nas religi�es de matriz africana. A outra foi a fiscaliza��o rigorosa da proibi��o de faixas, pain�is, placas e blimps publicit�rios no cortejo - como s�o proibidos em quaisquer festas p�blicas na capital baiana desde 2000, de acordo com um decreto que nunca havia sido, de fato, obedecido na cidade.
Com esta �ltima novidade, os pol�ticos que participaram do evento acabaram sendo "camuflados" no cortejo. Sem faixas e blimps de partidos e coliga��es ao redor, n�o passavam de mais algumas pessoas vestidas de branco no meio da multid�o. S� quem estava perto e notava a movimenta��o dos seguran�as conseguia percebia a presen�a deles. "Acho que ficou melhor assim, sem as faixas e os cartazes", comentou o governador Wagner. "A campanha de verdade come�a em junho ou julho."
J� a cria��o do cortejo cat�lico, realizado antes da caminhada comandada pelas baianas tipicamente trajadas, causou uma situa��o inusitada. Em um evento que reuniu o governador baiano, uma ministra (Marta Suplicy, da Cultura), prefeitos de dezenas de cidades, centenas de pol�ticos, entre eles todos os principais pr�-candidatos ao governo baiano - Rui Costa (PT), L�dice da Mata (PSB), Geddel Vieira Lima (PMDB) e Paulo Souto (DEM) - e at� um pr�-candidato � presid�ncia (o senador do Amap� Randolfe Rodrigues, do Psol), o principal personagem foi um padre.
Respons�vel pela par�quia do Bonfim, Edson Menezes n�o iniciou sua tradicional mensagem de boas-vindas aos fi�is at� que o cortejo liderado pelas baianas se juntasse ao cat�lico, que havia chegado � frente da bas�lica uma hora antes. "Vamos mostrar que este � um espa�o de uni�o, n�o se segrega��o", discursou, da varanda superior da igreja, em aparente cr�tica � medida de separar as celebra��es. "S� vamos come�ar quando as baianas estiverem aqui na frente. O Senhor do Bonfim abra�a a todos."
Atalho
Entre os pol�ticos, chamou a aten��o o fato de o governador Wagner, que j� n�o havia participado do cortejo no ano passado, preferir n�o enfrentar a caminhada. Acompanhado da ministra Marta Suplicy, ele deixou o trajeto pouco depois do in�cio e seguiu, de carro, at� a Colina Sagrada, no topo da qual fica a bas�lica do Bonfim.
Coube ao pr�-candidato petista ao governo, Rui Costa, e ao vice-governador - e virtual candidato da coliga��o ao Senado -, Otto Alencar (PSD), puxar o bloco governista do cortejo. "Ele (Wagner) teve uma fissura no tornozelo e o m�dico recomendou que ele n�o caminhasse todo o trajeto", justificou o vice-governador.
Aproveitando a aus�ncia do governador, o prefeito ACM Neto (DEM), liderando o bloco de oposi��o ao governo - acompanhado, entre outros, por Geddel (PMDB) e Paulo Souto (DEM) -, aproveitou para cumprimentar os fi�is. Animado, deixou o grupo v�rias vezes e driblou a seguran�a para distribuir abra�os e apertos de m�o aos potenciais eleitores.
Desta vez, por�m, a oposi��o ao governo petista n�o conseguiu aproveitar a lavagem para firmar posi��o sobre se marchar� unida em torno de um representante ou se lan�ar� m�ltiplos candidatos na elei��o. "A festa n�o � momento de escolher candidato", disse o prefeito. "Aqui, est� todo mundo mais motivado pela f� que pela pol�tica."