Bras�lia, 13 - A Pol�cia Federal levou nove meses para abrir inqu�rito sobre supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras. A investiga��o foi instaurada na �ltima ter�a-feira, 11, embora o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, tenha enviado � PF of�cio cobrando provid�ncias sobre o caso em junho do ano passado. A iniciativa de Cardozo atendeu a um requerimento do l�der do PSDB na C�mara, Ant�nio Imbassahy (BA), que em maio pediu ao governo a apura��o das den�ncias de que a compra havia sido superfaturada, com ind�cios de preju�zo bilion�rio. At� chegar � PF, o documento passou em maio pela Mesa Diretora da C�mara e pela ex-ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), levando 20 dias para chegar a Cardozo e mais 14 para ser enviado � PF. O minist�rio confirma, por meio de sua assessoria, ter encaminhado o documento do deputado � PF em 11 de junho, recomendando "an�lise e provid�ncias cab�veis." Depois disso, o caso hibernou at� a �ltima ter�a-feira na PF, que � subordinada � Justi�a. A decis�o de instaurar o inqu�rito coincide com a crise na base aliada do governo no Congresso. O PMDB, principal aliado, formou o chamado "bloc�o" e ajudou a oposi��o a aprovar uma comiss�o externa para investigar neg�cios suspeitos da Petrobr�s.
A PF afirmou, por meio da assessoria, que o inqu�rito s� foi instaurado agora devido ao envio, em janeiro deste ano, de documentos do Minist�rio P�blico Federal que complementaram as informa��es do of�cio do deputado tucano. Conforme a PF, apenas com o documento do deputado, que inclu�a material jornal�stico, n�o era poss�vel instaurar um inqu�rito. Al�m de Pasadena, a PF abriu inqu�rito para apurar suposta evas�o de divisas em contrato para aluguel de equipamentos da empresa holandesa SBM Factoring, noticiada pela imprensa este ano. O Estado apurou que a PF j� recebeu documentos a respeito desse caso. A informa��o sobre a abertura do inqu�rito foi divulgada ontem pelo jornal "Folha de S. Paulo."
As investiga��es, nos dois casos, ser�o feitas pela PF em Bras�lia, em parceira com o procurador do Minist�rio P�blico Federal do Rio de Janeiro Orlando Esp�ndola, que j� apura a compra da refinaria. As den�ncias j� eram alvos de apura��o, h� v�rios meses, do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) e da Controladoria Geral da Uni�o (CGU). "A PF tomou a iniciativa para n�o ficar a reboque das investiga��es no Congresso e do TCU. O governo ter� agora o controle do fluxo das informa��es que ir�o circular em torno do assunto para n�o tomar bola nas costas", criticou o l�der do DEM na C�mara, deputado Mendon�a Filho (PE).
A Petrobras pagou, em 2006, US$ 360 milh�es por 50% da refinaria no Texas. Um ano antes, a trading belga Astra/Transcor havia comprado a mesma planta de refino por US$ 42,5 milh�es. Ap�s uma briga judicial com a trading, a estatal pagou mais US$ 820 milh�es para encerrar o lit�gio e adquirir o restante da participa��o. "H� grande probabilidade de que o acordo (compra de Pasadena) tenha sido prejudicial � companhia brasileira, com poss�veis preju�zos da ordem de US$ 1 bilh�o", justificou Imbassahy no of�cio enviado ao ministro Cardozo, acrescentando haver ind�cios de "gest�o temer�ria, desvios de recursos p�blicos e lavagem de dinheiro."
A den�ncia sobre a SBM partiu de um ex-executivo da empresa. Segundo ele relatou no site Wikipedia, funcion�rios da Petrobras receberam dinheiro para fechar neg�cios com a empresa, que aluga navios-plataforma. A Petrobras n�o se manifesta sobre os inqu�ritos. A oposi��o montou uma estrutura de CPI para investigar a Petrobras aproveitando a fase oposicionista do PMDB, contrariado com a reforma ministerial do governo e em disputa com o PT por alian�as pol�ticas nas elei��es deste ano. DEM, PPS e PSDB convocaram t�cnicos que trabalharam na CPI dos Correios, que apurou o mensal�o, para analisar e buscar dados sobre a Petrobras.