PF investiga contratos suspeitos da Petrobras

Rio, 20 - Agentes da Pol�cia Federal (PF) j� investigam h� mais de cinco meses, inclusive com viagens ao exterior, suspeitas de evas�o de dividas e superfaturamento em neg�cios da Petrobras. H� pelo menos tr�s esc�ndalos envolvidos, dois deles revelados ap�s mat�rias do Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado. Todos os contratos investigados t�m origem na �rea Internacional da Petrobras, que durante muitos anos sofreu influ�ncia do PMDB e aval do PT, segundo fontes.

Ser�o instaurados cinco inqu�ritos pela PF, todos ligados a neg�cios da �rea Internacional e fechados no passado. A diretoria foi ocupada at� 2012 por Jorge Zelada, que teria o aval do PMDB de Eduardo Cunha. Antes de Zelada ocupou o cargo Nestor Cerver�, funcion�rio de carreira da empresa. Cerver� tamb�m era apadrinhado pelo PMDB e contava com o aval do PT de Delc�dio Amaral. O agora senador havia sido diretor da Petrobras h� cerca de 15 anos e chefe de Cerver� na companhia.

Zelada deixou o cargo depois que Gra�a Foster assumiu a presid�ncia da empresa. Formalmente, ele renunciou por motivos pessoais. Nos bastidores, foi demitido por Gra�a. Saiu de f�rias, ficou alguns meses no limbo e nunca mais voltou. Hoje, ocupa escrit�rio na Rua do Ouvidor.

Investiga��es internas

Gra�a abriu investiga��es para apurar condutas internas. Sob press�o do PMDB em 2012 para emplacar um novo diretor, a executiva decidiu ela mesma assumir a diretoria. H� quase dois anos Gra�a acumula as fun��es de presidente e diretora Internacional. Atr�s de sua mesa na Avenida Chile, bandejas de escrit�rio perfiladas junto � parede mostram que a Internacional � a diretoria com a pilha mais alta de documentos.

J� nos primeiros meses de gest�o, Gra�a trocou todos os gerentes-executivos da pasta, substituindo-os por funcion�rios de sua confian�a. Os GEs, como s�o chamados, s�o na estrutura da estatal os que tocam a empresa no dia a dia.

A Petrobras foi notificada no ano passado sobre investiga��es criminais, embora n�o em detalhes. A petroleira n�o comentou o assunto.

Pasadena

O ponto de partida para a PF foi o caso da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), cuja suspeita de irregularidade foi relevada em julho de 2012 pelo Broadcast e posteriormente investigada pelo Minist�rio P�blico junto ao Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). O preju�zo da companhia com o neg�cio pode passar de US$ 1 bilh�o. Ap�s a conclus�o dos trabalhos, o procurador do MP/TCU Marinus Marsico enviou representa��o ao Minist�rio P�blico Federal no Rio MPF/RJ.

O procurador federal da Rep�blica Orlando Monteiro Esp�ndola da Cunha (MPF/RJ) abriu investiga��o criminal em junho do ano passado, depois de o Broadcast revelar um segundo neg�cio suspeito: um contrato de US$ 825 milh�es fechado em 2010 pela estatal com a Odebrecht para servi�os em dez pa�ses que entrou na auditoria interna da petroleira e foi reduzido quase � metade em 2013.

Segundo a portaria de Cunha, a investiga��o envolve evas�o de divisas, peculato e ind�cio de superfaturamento. Procurado, Cunha disse "desconhecer procedimento formal de investiga��o no �mbito da Pol�cia Federal".

Agentes da PF j� estiveram pelo menos na Holanda e nos Estados Unidos. As investiga��es envolvem tamb�m pa�ses da Am�rica Latina. A viagem � Holanda aconteceu antes de vir � tona na imprensa brasileira o terceiro caso, ligado � empresa holandesa afretadora de plataformas SBM.

As investiga��es ligadas � SBM est�o em andamento desde 2012 na Holanda, conduzidas internamente pela empresa e acompanhadas pelo Minist�rio P�blico local. Hoje, tamb�m s�o monitoradas por autoridades da Inglaterra e dos Estados Unidos. A Odebrecht disse em nota "desconhecer qualquer investiga��o da Policia Federal relacionada �s suspeitas de irregularidades na Petrobras". A empresa "nega veementemente qualquer irregularidade nos contratos firmados com a estatal, conquistados legitimamente por meio de concorr�ncias p�blicas".