Salvador, 21 - O governador da Bahia e ex-integrante do conselho de administra��o da Petrobras, Jaques Wagner (PT), afirmou nesta sexta-feira que os conselheiros da estatal confiaram nos respons�veis pela confec��o do contrato de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela empresa. "� um contrato de 3 mil p�ginas, que tem in�meras cl�usulas", argumentou. "N�o conhe�o todas, nem era para eu conhecer, porque uma empresa como a Petrobras tem filtros. Tem as ger�ncias, as ger�ncias-executivas, a diretoria, at� chegar ao conselho de administra��o. Tem de haver uma rela��o de confian�a (entre as �reas). Do que foi apresentado, o conselho votou decidindo que a compra era importante estrategicamente. Tanto que foi aprovada por unanimidade."
Segundo Wagner, o que o conselho votou, em fevereiro de 2006, foi "a aprova��o de uma compra de uma refinaria nos Estados Unidos, n�o a aprova��o de um contrato". De acordo com ele, o contrato foi conclu�do apenas em setembro daquele ano. "Ningu�m apresentou um contrato detalhado", afirmou. "Foi dito: 'Tem este ativo, que est� sendo oferecido nesta faixa de pre�o e que representa um posicionamento da empresa no mercado americano'. Isso em um momento que a gente n�o tinha um mercado de combust�veis t�o desenvolvido aqui no Brasil."
O governador baiano disse tamb�m acreditar que a decis�o do conselho foi acertada "para a �poca". "Uma empresa como a Petrobras trabalha com cen�rios, com proje��es para 5, 10, 15 anos, mas se amanh� o cen�rio muda, tudo o que havia sido tra�ado estrategicamente pode n�o valer mais a pena", contou. "No cen�rio tra�ado em 2006, foi uma compra que integrava o projeto de desenvolvimento estrat�gico da Petrobras. Em 2008, houve a crise no mercado americano. Junto com isso, eles descobriram o shale gas (g�s de xisto). Evidente que o cen�rio mudou. A�, voc� descobre o pr�-sal no Brasil, e a realidade muda completamente."
Ele, por�m, n�o descartou a possibilidade de ter havido ilegalidades na confec��o do contrato. "Se houve algum malfeito, que se investigue e se puna o respons�vel, mas isso � diferente da decis�o do conselho, n�o vi nada de errado na nossa decis�o de 2006", disse.
Para Wagner, apesar dos problemas envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, a Petrobras n�o pode ser acusada de ter problemas na governan�a corporativa. "A Petrobras tem a��es em bolsas do mundo inteiro e uma das governan�as corporativas mais r�gidas do mundo", garantiu. "Para se ter uma ideia, n�s criamos, quando eu estava no conselho de administra��o, um sub-conselho, s� para acompanhar as quest�es de governan�a."
O governador tamb�m negou haver mal-estar entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras, Jos� Sergio Gabrielli, atual secret�rio de Planejamento da Bahia, apesar das declara��es contradit�rias dadas por eles sobre a aquisi��o da refinaria norte-americana. "N�o vi (as declara��es), por isso n�o vou comentar, mas acredito que cada um deu seu ponto de vista sobre o processo, normalmente", disse. "N�o h� mal-estar (com Gabrielli)."