Brasilia - Numa manobra casada entre PT e PMDB, com o aval do Pal�cio do Planalto, o governo conseguiu sair das cordas e ficar em posi��o confort�vel para impedir a cria��o da CPI da Petrobras. Os governistas pediram nesta ter�a-feira a anula��o das investiga��es que tem potencial para atingir a presidente Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, propuseram uma apura��o com potencial para desgastar os principais advers�rios na sucess�o presidencial: A�cio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
A articula��o para derrubar a CPI tem tido Gleisi Hoffmann como protagonista nos bastidores. Em encontro ontem � noite na casa do presidente do Senado, a senadora prop�s aos presentes apresentar um requerimento pedindo a impugna��o da CPI apresentada pela oposi��o. A sugest�o surpreendeu a todos, uma vez que Gleisi j� tinha pronto um rascunho do questionamento que levaria ao plen�rio. No encontro, que contou com a presen�a de l�deres partid�rios e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Renan sinalizou que poderia acatar o pedido da senadora, anulando, assim, uma eventual cria��o das duas CPIs. Na pr�tica, esse � o objetivo do governo.
Desde sexta-feira passada, Gleisi articula um contra-ataque. Ela pediu informa��o � Consultoria Legislativa do Senado sobre a possibilidade de incluir adendos no texto da CPI da Petrobras. A nota t�cnica de 21 p�ginas, obtida pela reportagem, afirma que os quatro itens do pedido da oposi��o s�o "desconexos" e "insuficientes" para serem aceitos. Gleisi ent�o apresentou a nova cartada � sua bancada, que avisou ao governo da jogada que seria colocada em pr�tica na tarde desta ter�a.
Em outra frente, com o apoio maci�o de parlamentares do PT, do PMDB e do PTB, os aliados propuseram a cria��o de uma CPI "ampliada" da Petrobras, com 32 assinaturas. O pedido abarca a CPI apresentada pela oposi��o, mais a investiga��o de irregularidades no metr� paulista e em contratos da rede digital, fatos que envolveriam gest�es do PSDB e do PSB. Oito senadores do PMDB assinam a lista, dentre eles alguns egressos de Estados onde a rela��o com petistas anda tumultuada: Eun�cio Oliveira (CE) e Vital do Rego (PB), por exemplo. No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o governo utilizaria acordos eleitorais para fazer valer seus interesses nos debates sobre a CPI.
A decis�o de criar qualquer uma das duas CPIs est� nas m�os do presidente do Senado. Pessoas pr�ximas a Renan Calheiros dizem que ele est� receoso com a amplia��o das investiga��es na estatal e acabassem envolvendo o presidente da Transpetro, S�rgio Machado. Com a b�n��o do amigo Renan Calheiros, Machado chegou ao posto da subsidi�ria da Petrobr�s em 2003, no in�cio do governo Lula. A rela��o de ambos � t�o �ntima que o presidente da Transpetro, antes de chegar ao cargo, j� alugou um flat de Renan em Bras�lia. � presen�a frequente, segundo pessoas pr�ximas, em encontros com o presidente do Senado nos quais discutem projetos da subsidi�ria da estatal.
Al�m das duas CPIs em discuss�o no Senado, a oposi��o j� contava, at� a noite desta ter�a, com 164 assinaturas de deputados para a CPI mista sobre Petrobras, sete a menos do que o necess�rio. Os apoios do Senado j� foram coletados.
Outro caminho de resposta do governo � realizar uma CPI mista do cartel do metr� em S�o Paulo. A expectativa � coletar todas as assinaturas ainda amanh�. Deputados do "bloc�o", comandado pelo PMDB, disseram que assinariam as duas investiga��es. "Vamos assinar as duas, at� porque a Alstom est� dentro da Petrobras. Todos os geradores de energia das plataformas s�o da Alstom", disse o l�der do PMDB, Eduardo Cunha.