
Vargas � um dos petistas mais influentes no Paran� e trabalhou intensamente para eleger Gleisi Hoffmann (PT-PR) para o Senado, em 2010. O PT paranaense j� tinha decidido, h� pouco mais de um m�s – antes de estourar a crise envolvendo o deputado –, que parlamentares com mandato e postulantes � reelei��o n�o participariam da coordena��o de campanha de Gleisi ao governo estadual. A decis�o, agora, se mostra mais do que sensata. Tanto ela quanto o marido, o ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo, sabem que o tema ser� explorado pelo atual governador, o tucano Beto Richa, candidato � reelei��o. "Uma situa��o como essa nunca � boa", ponderou Gleisi.
"Ele (Andr� Vargas) sempre foi trabalhador, mas tamb�m sempre foi briguento. Conseguiu muito dinheiro para as prefeituras do interior do Paran�. Deve ter apoiado mais ou menos 100 prefeituras", disse o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). O tucano, contudo, n�o sabe dizer se o apoio financeiro decorre de poss�veis liga��es com o doleiro Alberto Youssef. Segundo Hauly, a atua��o do doleiro na pol�tica paranaense remonta a 1996, quando ele teria ajudado a eleger prefeito de Londrina Antonio Belinati, ent�o no PDT, mesmo partido do governador Jaime Lerner � �poca. De l� para c�, o prest�gio de Youssef na pol�tica local aumentou.
Quatro anos depois dessa suposta atua��o de Alberto Yousseff nos bastidores da pol�tica paranaense, Vargas era eleito, pela primeira vez, vereador na mesma Londrina do doleiro. Em 2002, foi eleito deputado estadual. No ano seguinte, o Congresso criou a Comiss�o Parlamentar Mista de Inqu�rito (CPMI) do Banestado para investigar as den�ncias de evas�o de divisas para para�sos fiscais entre 1996 e 2002 por meio de contas do Banco do Estado do Paran� (Banestado). Na �poca, Youssef foi citado e acabou acertando um esquema de dela��o premiada para aprimorar as investiga��es.
A CPMI foi relatada pelo deputado Jos� Mentor (PT-SP). Mentor foi extremanente criticado, sendo acusado pelos oposicionistas de ter criado uma lista fict�cia de indiciados para achacar suspeitos de envolvimento com o esquema. Ele tamb�m foi autor de um projeto concedendo anistia a todas as pessoas que enviaram ilegalmente recursos para o exterior. Mentor hoje integra o grupo que d� apoio pol�tico a Vargas – eleito deputado federal pela primeira vez em 2006 – dentro do PT. Na quarta-feira passada, dia em que o Conselho de �tica abriu o processo contra Vargas por quebra de decoro parlamentar, Mentor e o deputado C�ndido Vaccarezza (PT-SP), mesmo n�o fazendo parte do colegiado, fizeram quest�o de presenciar o desenrolar dos debates.
Preocupa��o Pelos corredores do Congresso, tamb�m h� quem garanta que um dos poss�veis alvos de preocupa��o com os desdobramentos da Opera��o Lava a Jato poderia ser o ex-ministro e pr�-candidato do PT ao governo de S�o Paulo Alexandre Padilha. Vargas tentou fechar um contrato de R$ 150 milh�es de um laborat�rio chamado Labogen com a pasta. Segundo investiga��es da PF, a Labogen pertence ao doleiro Alberto Youssef. Em grava��es telef�nicas interceptadas pela Pol�cia Federal, Vargas e Youssef viam no neg�cio uma "independ�ncia financeira".
Na �ltima sexta-feira, durante ato da pr�-campanha ao lado do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Padilha negou qualquer preocupa��o com o assunto. Segundo ele, o contrato da Labogen com o minist�rio nunca foi fechado. Petistas confirmam que o caso ainda poder� trazer dor de cabe�a para o ex-ministro e que Vargas, por meio de interlocutores, estaria deixando isso claro na mem�ria de integrantes do partido.