
Bras�lia – Ex-secret�rio de comunica��o do PT e ex-vice-presidente da C�mara – formalizou ontem, com um atraso de uma semana em rela��o ao an�ncio, a ren�ncia ao cargo na Mesa Diretora –, Andr� Vargas (PR) tornou-se um fantasma desgovernado que assombra o pr�prio partido e as campanhas eleitorais de outubro, tanto a federal quanto as estaduais. Desde que foi flagrado pela Pol�cia Federal em conversas suspeitas com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Opera��o Lava a Jato, Vargas assumiu uma postura bipolar, que vai da depress�o � disposi��o ao enfrentamento, deixando seus companheiros de legenda sem saber como agir.
No in�cio da noite de ontem, ele assegurou ao l�der do PT na C�mara, Vicentinho (SP), que n�o renunciar� ao mandato. Frustrou, com isso, as expectativas expressas pelo pr�prio Vicentinho, horas antes. “A nossa expectativa � de que ele renuncie ao mandato, at� para n�o ficar sangrando permanentemente. A ren�ncia ao mandato ser� melhor para ele. N�o � declara��o de culpa, mas � um sangramento desagrad�vel para ele. N�o queria estar no lugar dele”, resumiu o l�der da bancada petista.
Segundo interlocutores do partido, Vargas se perdeu em uma estrat�gia pol�tica errada, foi atropelado pelos fatos e passou a avaliar de forma equivocada as consequ�ncias. Uniu-se a um grupo restrito de deputados – os mesmos que o ajudaram a eleger-se para a vice-presid�ncia da C�mara – e fechou os ouvidos �s inst�ncias decis�rias do partido. “Vargas n�o ouve mais o Lula, o Rui (Rui Falc�o, presidente do PT) nem o Vicentinho. Isolou-se de vez”, resumiu um parlamentar petista. Falc�o, inclusive, defende a ren�ncia do parlamentar.
A bipolaridade de Vargas preocupa o PT. “Ele transformou-se em um caminh�o desgovernado”, completou outro companheiro de bancada. A press�o aumentou quando Vargas percebeu que o indicado para relatar o caso dele no Conselho de �tica era o deputado J�lio Delgado (PSB-MG), c�lebre por ter conduzido o processo de cassa��o do ex-deputado Jos� Dirceu. “Naquele instante ele percebeu que o destino estava selado. Mas a�, n�o tinha mais tempo de renunciar sem perder os direitos pol�ticos”, analisou um petista. De qualquer forma, Vicentinho admite que o processo na Comiss�o de �tica do partido tende a continuar, mesmo que Vargas deixe de ser parlamentar.
Qual o real potencial de estrago de Vargas? At� agora ele n�o tem exposto publicamente figuras da legenda, mas tem mandado recados cifrados e amea�adores para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e para o ex-ministro da Sa�de Alexandre Padilha (PT-SP). Ambos s�o candidatos nos respectivos estados e a vit�ria deles � fundamental para o projeto de reelei��o da presidente Dilma Rousseff em outubro. “Ele perdeu totalmente o apoio do partido”, sentenciou um parlamenta petista.
Pessoas pr�ximas ao deputado paranaense avaliam que o receio dele � ser preso, caso renuncie ao mandato. O juiz que acompanha o processo no Paran�, S�rgio Fernando Moro, � considerado linha dura. Os aliados de Andr� rebatem a tese. “Ao desmembrar o processo e encaminhar a parte que envolve o Andr� ao STF, o juiz fez quest�o de destacar que, at� o momento, � ‘prematura a afirma��o de que tal rela��o (entre Andr� Vargas e o doleiro Alberto Youssef) seria delituosa’”, afirmou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
CRISE A JATO
Trajet�ria mete�rica
Bras�lia – Do trabalho volunt�rio nos albergues noturnos de Londrina (PR) � amea�a de cassa��o por quebra de decoro parlamentar. Andr� Luiz Vargas Il�rio, de 50 anos, teve uma trajet�ria pol�tica mete�rica – foi eleito vereador pela primeira vez em 2000 –, voluntariosa, impulsiva e briguenta. Bem diferente dos idos de 1983, quando iniciou os trabalhos assistenciais em um asilo, e demonstrava, segundo pessoas que o conheceram na �poca, paci�ncia e disposi��o para conversar com os idosos. Habilidade que o levou a tornar-se, pouco tempo depois, diretor do albergue.
Em 1998, j� era presidente do PT paranaense. Tornou-se vereador de Londrina em 2000, mas n�o completou o mandato. Dois anos depois, se elegeu deputado estadual. Quatro anos mais tarde, j� estava na C�mara dos Deputados. Est� em seu segundo mandato como deputado federal.
Em 2008, ele tentou concorrer a prefeito da cidade natal, mas chegou apenas em quinto. No Congresso, relatou mat�rias importantes, como as duas edi��es do Programa Minha Casa, Minha Vida, um dos principais pilares eleitorais da presidente Dilma Rousseff. Tornou-se secret�rio de comunica��o do PT em 2011 e apoiou o projeto de regulamenta��o da m�dia, engavetado por um de seus conterr�neos, o ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo.
Tuiteiro inveterado, tornou-se vice-presidente da C�mara em uma disputa acirrada que rachou a bancada do PT na C�mara. No in�cio do ano, mais pol�mica. Comemorou pelo Twitter a queda da ministra da Secretaria de Comunica��o da Presid�ncia, Helena Chagas, alegando que a pol�tica de comunica��o do Planalto estava desalinhada do partido.
E protagonizou uma cena constrangedora na abertura dos trabalhos do ano legislativo, ao dividir a mesa da solenidade com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Ao lado do relator do mensal�o, ergueu o punho fechado, repetindo o gesto feito por Jos� Dirceu, Jos� Genoino e Jo�o Paulo Cunha, no momento em que eram presos.(PTL)