Bras�lia - Relat�rio da Opera��o Lava Jato da Pol�cia Federal sugere que o ex-ministro da Sa�de Alexandre Padilha, pr�-candidato do PT ao governo de S�o Paulo, indicou um executivo para o Labogen - controlado pelo doleiro AlbertoYoussef, o Primo - quando o laborat�rio tentava obter contrato milion�rio da pasta em 2013. O documento mostra ainda que Youssef, preso desde 17 de mar�o de 2014, mantinha contatos com outros deputados do PT, al�m de Andr� Vargas (PT-PR).
O relat�rio de 80 p�ginas, da Delegacia de Repress�o a Crimes Financeiros (Delefin) da PF, indica que no per�odo de 19 de setembro de 2013 a 12 de mar�o de 2014, Youssef e Vargas trocaram 270 mensagens pelo aplicativo Black Berry Messenger. Eles se tratam por "irm�o" e se despedem com "beijo". Para a PF, esse tratamento "indica que a rela��o n�o era superficial".
Ex-ministro
No trecho relativo ao ex-ministro da Sa�de, a PF captou di�logos entre Youssef e Vargas - este chama Padilha de "Pad". No dia 26 de novembro de 2013, Vargas pede ao doleiro que reserve a melhor su�te de um hotel - Blue Tree - que pertence a Youssef, segundo a PF. O deputado diz que falou com o "PAD". "Ele vai marcar uma agenda comigo", diz Vargas. O doleiro responde: "�timo". E elogia a atitude do deputado. "Precisamos estar presentes."
A PF diz que o Labogen - com folha de pessoal de apenas R$ 28 mil - planejava arrecadar R$ 150 milh�es com o neg�cio na Sa�de, fornecimento de rem�dio para hipertenso. O contrato n�o chegou a ser assinado e, segundo o minist�rio, nenhum pagamento foi feito.
Indicado
O executivo que teria sido indicado por Padilha para os quadros do Labogen � Marcus Cezar Ferreira de Moura. Ele havia trabalhado no Minist�rio da Sa�de entre 26 de maio e 1.º de agosto de 2011. Foi assessor da coordena��o de eventos na gest�o de Padilha.
O ex-ministro n�o caiu na malha de grampos da PF e nem � investigado, mas a investiga��o chegou a juntar aos autos da Lava Jato at� uma fotografia de Padilha em um evento. "As evid�ncias indicam que Vargas tinha interesse no processo de contrata��o do Labogen junto ao Minist�rio da Sa�de", sustenta a PF.
O alvo das intercepta��es era o doleiro. Todos os que com ele conversaram, por telefone ou por mensagens, acabaram grampeados indiretamente. Em 27 de novembro de 2013, Youssef foi avisado por Vargas que "achou o executivo" com experi�ncia que seria colocado � frente do Labogen, um nome que n�o despertasse suspeitas com rela��o aos contratos da pasta. No dia seguinte, o petista diz ao doleiro amigo que foi Padilha quem indicou o profissional. Para a PF, "existem ind�cios que os envolvidos tinham grande preocupa��o em colocar � frente da Labogen algu�m que n�o levantasse suspeitas das autoridades fiscalizadoras".
Em um contato, o doleiro e o deputado comemoram a possibilidade do neg�cio. "Estamos mais fortes agora", diz Vargas. "Voc� vai ver o quanto isso vai valer, tua independ�ncia financeira. E nossa tamb�m, � claro", responde o doleiro. Vargas ri.
No dia 7 de mar�o de 2014, Vargas tenta viabilizar reuni�o com Youssef, o empres�rio Pedro Paulo Leoni Ramos, o "PP" - ex-ministro do governo Fernando Collor (1990-1992) -, e o executivo supostamente recomendado por Padilha. O encontro foi marcado para dali a 3 dias.
Deputados
No dia 25 de setembro de 2013 o doleiro avisa Vargas que acabou de chegar em Bras�lia, acompanhado de "PP", diretor da GPI Participa��es, s�cia oculta do Labogen, segundo a PF. "Achei que voc� estivesse aqui na casa do Vaccarezza", diz o doleiro. "Os ind�cios apontam que o alvo Alberto Youssef mantinha rela��es com o deputado federal Candido Vaccarezza", sustenta a PF.
A cita��o ao deputado Vicente C�ndido surgiu em di�logo de 20 de setembro de 2013, entre o doleiro e Vargas. Este cobra de Youssef informa��es sobre “os demais assuntos” e menciona "Vicente C�ndido". O doleiro informa que com rela��o a "Vicente, nada". E avisa Vargas que precisa "captar" - para a PF, "possivelmente referindo-se � falta de capital de giro para efetuar suas atividades". Vargas sugere o nome de Jo�o Proc�pio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, da Quality Holding Participa��es, controlada pelo doleiro - este diz que Prado "esteve com Vicente Candido em alguns lugares", como S�o Bernardo do Campo, "mas que n�o andou". Vargas responde que "vai atuar".
A liga��o entre Youssef e Vargas � rotineira. Para a PF, Vargas servia ao doleiro, a ponto certa vez at� de fazer conex�o de voo em S�o Paulo para atender a pedido de Youssef. No dia 12 de mar�o de 2014, o doleiro diz ao deputado que "deixou os �culos de grau" na casa dele. Vargas pergunta onde Youssef est� e ele responde "em S�o Paulo". Para n�o deixar o amigo na m�o, o deputado, em tr�nsito, pousa em S�o Paulo e entrega os �culos de Youssef.