Bras�lia– A pol�cia trabalha com a hip�tese de vingan�a, queima de arquivo e latroc�nio o assassinato do coronel da reserva Paulo Malh�es, de 77 anos, encontrado morto ontem dentro de sua casa, em um s�tio na zona rural de Nova Igua�u, na Baixada Fluminense. O militar teve atua��o de destaque na repress�o pol�tica durante a ditadura militar. No m�s passado, em depoimento � Comiss�o Nacional da Verdade, ele assumiu ter participado de torturas, mortes e desaparecimentos de presos pol�ticos.
Segundo a filha de Malh�es, a m�dica Karla, tr�s pessoas entraram na casa do pai no in�cio da tarde de quinta-feira, prenderam a mulher dele num aposento e mataram o ex-coronel por asfixia. O grupo levou todas as armas que ele tinha em casa.
Investigadores da Divis�o de Homic�dios da Baixada Fluminense, que fizeram per�cia no local, informaram que Malh�es ficou em poder dos bandidos de 13h �s 22h. Uma das testemunhas � a vi�va do ex-coronel, Cristina Batista Malh�es: “Eu fiquei amarrada e trancada no quarto, enquanto os bandidos reviravam a casa toda em busca de armas e muni��o. N�o era segredo que ele era colecionador de armas”, disse Cristina, enquanto era conduzida para a delegacia para prestar depoimento. A pol�cia ouviu o caseiro, que tamb�m foi amarrado e trancado em outro c�modo da casa.
Segundo o delegado F�bio Salvadoretti, da DHBF, n�o havia marcas de tiros no corpo de Paulo Malh�es, apenas sinais de sufocamento. “A princ�pio, ele foi morto por asfixia. O corpo estava no ch�o do quarto, de bru�os, com o rosto prensado a um travesseiro. Ao que tudo indica ele foi morto com a obstru��o das vias a�reas.” Policiais apreenderam na casa um rifle e uma garrucha antigas e colheram impress�es digitais, que ser�o analisadas.
‘ASSUSTADOR’
Karla Malh�es, mais velha dos cinco filhos do coronel reformado, disse que a fam�lia est� surpresa e n�o sabe o que pensar sobre o crime. Karla contou que conversou com o pai no domingo e chegou a perguntar se ele havia sofrido amea�as por causa dos depoimentos prestados �s comiss�es da Verdade. Malh�es negou ter sido amea�ado. “� tudo muito, muito assustador, muito surpreendente, n�o sabemos o que pensar. Por enquanto � latroc�nio, roubo seguido de morte”, afirmou Karla, no s�tio do pai. A m�dica foi avisada da morte de Malh�es na manh� de ontem, ao receber o telefonema de um policial militar que estava na casa do coronel.
Karla contou que na inf�ncia n�o sabia das atividades do pai. Disse s� ter tomado conhecimento das pris�es e torturas depois dos depoimentos �s comiss�es da verdade. “N�o sab�amos de nada e ficamos surpresos. Dissemos a ele que n�o devia ter falado, tanto tempo depois, ainda mais sem nos preparar. Nunca entendemos por que ele decidiu falar. Sempre foi uma pessoa muito reservada, muito dif�cil. N�o era de conversar”, afirmou Karla. Segundo a filha, Malh�es se isolou ainda mais da fam�lia depois dos depoimentos. O coronel completou 77 anos no dia 17, sem qualquer comemora��o, disse Karla. (Com ag�ncias)