Bras�lia - A presidente Dilma Rousseff dar� nesta semana sua �ltima cartada a fim de tentar atrair o agroneg�cio para sua campanha � reelei��o e evitar que o setor feche por completo seu apoio ao pr�-candidato do PSDB ao Planalto, senador A�cio Neves, e, em menor grau, ao pr�-candidato do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
A reaproxima��o de Dilma com o agroneg�cio est� sendo conduzida com apoio da senadora K�tia Abreu (PMDB-TO), atual presidente da Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA). A ideia � romper a resist�ncia do setor, com quem Dilma manteve boa rela��o em 2010, quando foi eleita.K�tia Abreu evita falar em crise entre a petista e os l�deres ruralistas. "� bobagem querer fazer essa divis�o de quem apoia ou n�o a presidente. N�o existe uma classe desse tamanho un�nime."
Pelo diagn�stico do Planalto, pecuaristas, produtores de cana-de-a��car e parte do segmento da soja est�o pr�ximos da oposi��o. Mas ainda h� quem possa estar com o governo, caso dos grandes produtores de soja.
Soja
Dilma tem boa rela��o com o senador Blairo Maggi (PR-MT), de uma fam�lia que � a maior produtora de soja do Brasil. A presidente colocou como titular da Agricultura na reforma ministerial do in�cio deste ano o seu indicado, ministro Neri Geller, que tamb�m � produtor do gr�o no Mato Grosso. "Os grandes produtores est�o com o governo, mas com os m�dios produtores n�o � bem assim", afirma o presidente da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, representante do setor no principal Estado produtor do gr�o.
Soja � o carro-chefe das exporta��es brasileiras. Segundo Prado, uma pesquisa ouvindo 50 lideran�as ruralistas mato-grossenses constatou que a maioria est� descontente com a lentid�o de investimentos estatais em infraestrutura.
O gargalo da log�stica tamb�m � indicado pelo presidente da Associa��o Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Almir Dalpasquale. "Temos a observa��o de que o setor n�o � un�nime. Se a Aprosoja apoiasse a presidente Dilma, talvez n�o tivesse apoio de 100% do setor, talvez nem de 50%", diz, ressaltando que a entidade ainda n�o tem posicionamento formal.
Pecuaristas
Entre os pecuaristas, o descontentamento � maior. O presidente da Associa��o Brasileira dos Criados de Zebu (ABCZ), Luiz Carlos Paranhos, ser� o porta-voz do setor na reuni�o com Dilma. A entidade, uma das principais representantes dos criadores de gado, avalia que o governo deixou de fortalecer o Minist�rio da Agricultura, colocou em risco a seguran�a fundi�ria em zonas de conflito com reserva ind�genas e quilombolas no Mato Grosso do Sul e no Sul da Bahia, respectivamente, al�m de n�o ter reconhecido a import�ncia do agroneg�cio para o Produto Interno Bruto (PIB) e na pauta de exporta��es. Dilma foi vaiada no evento anual da entidade realizado no in�cio do m�s em Uberaba.
"Temos de reconhecer que o governo fez coisas boas, como o cr�dito para m�quinas agr�colas e o financiamento para a lavoura, pol�ticas que t�m de ser mantidas. Mas existe ainda um certo preconceito com as empresas do agroneg�cio (no Planalto). Falta o reconhecimento pelo governo da import�ncia do setor e a garantia da seguran�a da propriedade privada, que � uma coisa b�sica para novos investimentos", diz.
Etanol
Os usineiros de etanol s�o hoje os mais descontentes com Dilma. A principal entidade do setor, a Uni�o da Ind�stria da Cana-de-a��car (Unica), diz que 30% das empresas est�o tendo de empenhar pelo menos 17% do faturamento para cobrir endividamentos e pode deixar de produzir cana-de-a��car por causa da crise. Segundo o diretor t�cnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, 30 empresas de etanol est�o em processo de recupera��o judicial e h� um risco coletivo de calote que j� dificulta o acesso a financiamento privado.
A Unica prepara um conjunto de propostas para apresentar aos pr�-candidatos no 5.º Top Etanol, no in�cio de junho. Embora a presidente da entidade, Elizabeth Farina, j� tenha entrado em rota de colis�o com a presidente Dilma e o ministro Guido Mantega (Fazenda), Rodrigues evita atacar o governo. "O Pa�s precisa definir o que quer de participa��o do etanol na matriz energ�tica. O setor vive uma rota de redu��o de import�ncia. Precisamos conhecer como e o que ser� feito para corrigir essa rota", afirma.
Milho e aves. O descontentamento com o governo tamb�m � grande entre os produtores de milho. O presidente da Associa��o Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, diz que o setor vive h� mais de duas d�cadas uma pol�tica de "empurra��o" de problemas e que n�o "confia mais em um governo que n�o cumpre o que prometeu". Ele evita posicionamento direto sobre o nome da corrida eleitoral que mais agradaria o setor de milho.
A�cio e Campos procuraram a Associa��o Brasileira de Prote�na Animal (ABPA), presidida pelo ex-ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Cardoso, Francisco Turra, para pedir sugest�es de pontos que n�o devem faltar nos seus planos de governo voltados para o agroneg�cio. A entidade � a principal representante dos criadores de aves e frangos. "Fui procurado diretamente pelo Eduardo Campos, com quem estive pessoalmente duas vezes, e a equipe do A�cio Neves nos procurou para pedir o estudo de competitividade que t�nhamos apresentados � presidente Dilma."
Entre os pontos apresentados por Turra aos pr�-candidatos, constou um estudo no qual a associa��o afirma que decis�es equivocadas do governo e a lentid�o no processo, entre 2006 e 2013, levou o Pa�s a reduzir o potencial anual de exporta��es de produtos agr�colas em US$ 1,5 bilh�o. Como isso, teria ocorrido o embargo de 100 mil empregos que deixaram de ser criados no per�odo. "Percebo que h� mais interesse dos candidatos agora do que na �poca em fui ministro, quando n�o havia tanta proximidade deles com o agroneg�cio."
Turra ressalta que a associa��o n�o tem, no momento, compromisso com nenhum pr�-candidato. O ex-ministro de FHC, contudo, � filiado ao PP do Rio Grande do Sul, que est� fechado informalmente com A�cio. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.