Rio, 22 - A Pol�cia Federal encontrou, durante as opera��es de busca e apreens�o no escrit�rio do doleiro Alberto Youssef, oito comprovantes de dep�sitos banc�rios em nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB -AL). Os dep�sitos teriam sido feitos no intervalo de tr�s dias, em maio de 2013, e somam R$ 50 mil. A descoberta da PF � citada em of�cio do juiz federal Sergio Moro, do Paran�, remetido ao Supremo Tribunal Federal para explicar a sua atua��o no processo decorrente da Opera��o Lava Jato. Procurado, o senador Fernando Collor de Melo n�o quis comentar o teor do of�cio.
O juiz cita que os agentes da PF teriam localizado oito diferentes comprovantes banc�rios em valores de R$ 1.500, R$ 4000, R$ 8000 e R$ 9000, realizados entre os dias 2 e 5 de maio de 2013. De acordo com o documento, publicado na tarde desta quinta-feira, o material apreendido pela Pol�cia Federal foi encontrado "fortuitamente" durante a busca e apreens�o no escrit�rio do doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar uma organiza��o criminosa que movimentou mais de R$ 10 bilh�es em recursos p�blicos.
"Tal prova e eventual rela��o entre o suposto doleiro e o referido Senador era absolutamente desconhecida deste Ju�zo, tendo sido encontrada fortuitamente durante a busca e apreens�o", avalia o juiz Sergio Moro no of�cio. Segundo o magistrado, a cita��o aos comprovantes banc�rios em benef�cio do senador Fernando Collor de Melo � "ilustrativo" para explicar as raz�es em que se baseou para n�o dividir os processos relativos � opera��o. "Observo que n�o h� qualquer ind�cio do envolvimento do referido parlamentar nos crimes que j� foram objeto das aludidas oito a��es penais propostas", ressalta.
Moro tamb�m cita as jurisprud�ncias do STF em casos de provas de delitos encontradas em investiga��es de outros crimes "n�o sujeitos a sua compet�ncia". Para juiz, eventuais crimes cometidos por autoridades podem ser alvos de outras a��es.
Youssef est� preso desde mar�o na sede da PF no Paran�, e � investigado por lavagem de dinheiro, corrup��o, evas�o de divisas e outros crimes. Ele teria articulado com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, um esquema para desvio de verbas em contratos fraudulentos da estatal na refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. O doleiro � r�u em tr�s das oito a��es penais abertas pela justi�a federal do Paran� em decorr�ncia da opera��o Lava Jato, deflagrada em mar�o.
Na segunda-feira, o ministro Teori Zavascki determinou a suspens�o das investiga��es decorrentes da opera��o ap�s reclama��o dos advogados de defesa de Paulo Roberto Costa que questionava a compet�ncia do juiz S�rgio Moro sobre o caso. A alega��o � que as investiga��es citavam autoridades, como deputados federais, que tem direito a foro privilegiado. Paulo Roberto Costa foi libertado, mas os outros 11 investigados pela opera��o continuam presos ap�s o ministro Zavascki rever a abrang�ncia da decis�o.
O ministro solicitou que os relat�rios da opera��o, �udios e transcri��es de escutas telef�nicas e autos do inqu�rito fossem remetidos ao Supremo Tribunal Federal. Ao encaminhar os documentos para o STF, o juiz S�rgio Moro fez o of�cio, datado do dia 20 de maio, para justificar a sua atua��o nas a��es. Ele cita o in�cio das investiga��es, destinadas a apurar crimes de lavagem de dinheiro por doleiros que atuavam em Londrina (PR). A partir das averigua��es, sendo constatada a a��o do doleiro Alberto Youssef, foram autorizadas novas a��es de intercepta��o e, em seguida, busca e apreens�o sobre o doleiro.
"Em desdobramento natural da investiga��o e por entender que a realiza��o de transa��es entre eles gerava conex�o, autorizei a intercepta��o destes outros supostos doleiros. Autorizei, em decis�es datadas de fevereiro de 2014, buscas e apreens�es e pris�es relacionadas aos casos", justifica S�rgio Moro. "Em todos esses casos, os ind�cios relacionados a autoridades com foro privilegiado surgiram em decorr�ncia de medidas investigat�rias dirigidas a Alberto Youssef. Jamais houve medida investigat�ria dirigida contra autoridade sujeita a foro privilegiado", completa.