
Bras�lia – Colocando em pr�tica o conhecido bord�o adotado por ela pr�pria durante o pronunciamento em cadeia de r�dio e televis�o na noite de ter�a-feira (10), a presidente Dilma Rousseff optou por n�o falar nada nesta quinta-feira durante a cerim�nia de abertura da Copa do Mundo, em S�o Paulo. O Estado de Minas apurou que, apesar de alguns ministros mais pr�ximos acharem que ela poderia falar, ao menos, “est�o abertos os jogos no Brasil”, como presidente anfitri�, ela achou melhor deixar os holofotes concentrados apenas na Sele��o Brasileira. Nessa quarta-feira, a presidente esteve em Salvador, uma das sedes do Mundial, inaugurando um trecho do metr� da capital baiana.
Dois fatores pesaram para o sil�ncio presidencial. No ano passado, na abertura da Copa das Confedera��es, em Bras�lia, Dilma foi constrangida por uma vaia hom�rica, ao ser anunciada e ter a imagem exposta no tel�o. Naquele momento, a presidente tinha uma condi��o mais confort�vel nas pesquisas de avalia��o de governo, com patamares de aprova��o na casa dos 60%. Um ano depois, �s v�speras de uma disputa eleitoral que se desenha mais dura do que no ano passado, a presidente depara-se com um cen�rio praticamente consolidado de segundo turno e uma aprova��o pessoal pouco abaixo dos 40%. Uma vaia teria um efeito ainda mais dram�tico do que a de 2013, pois teria menos tempo de rea��o.
Ao c�rculo mais pr�ximo, Dilma afirmou que este n�o � o momento de discursos pol�ticos, mas a hora de a popula��o aproximar-se dos jogadores da Sele��o. Apesar de a Copa ser no Brasil e os atletas estarem concentrados desde o fim de maio na Granja Comary, em Teres�polis, ela jamais cogitou visitar a concentra��o dos jogadores. Quis, segundo interlocutores do governo, evitar que as pessoas a acusassem de “querer aparecer mais do que a Sele��o”.
Em 2006, apesar de tamb�m estar com a popularidade arranhada pelo esc�ndalo do mensal�o, o ex-presidente Lula fez uma videoconfer�ncia com os jogadores brasileiros que se preparavam para a Copa da Alemanha. Na �poca, fez uma brincadeira com o atacante Ronaldo – o mesmo que se desentendeu recentemente com o governo ap�s dizer que tinha “vergonha pela m� organiza��o da Copa” –, afirmando que algumas pessoas “diziam que ele estava acima do peso”. E quis saber se isso era verdade. O Fen�meno negou, lembrando que o pr�prio Lula sofria com algumas acusa��es de “que gostava de beber de vez em quando”. Os dois acabaram se reconciliando posteriormente.
Nessa quarta-feira, Dilma enviou uma mensagem aos jogadores, afirmando que eles devolveram “ao torcedor brasileiro a certeza de que esta Sele��o e seus t�cnicos (Felip�o e Parreira) est�o aptos a repetir os nossos grandes feitos do passado e que nos deram cinco ta�as”. E acrescentou: “Poucas vezes vimos uma equipe t�o entrosada com a torcida como a de voc�s. O carinho que recebem nas ruas e nos est�dios � o melhor testemunho de que todos acreditamos na sua capacidade de honrar o futebol brasileiro na Copa que ora organizamos. Meus votos s�o de que cada um jogue o que sabe. � o suficiente”, declarou a presidente.
Na opini�o da presidente, tudo o que ela deveria dizer publicamente sobre a Copa foi dito no pronunciamento de r�dio e televis�o de ter�a-feira. Nele, ela afirmou que a Copa do Mundo ser� a Copa das Copas, que as obras de infraestrutura foram entregues, os aeroportos e os est�dios est�o prontos. Tamb�m respondeu, em um pronunciamento com car�ter nitidamente eleitoral, que os investimentos em educa��o e sa�de foram muito maiores que os gastos com a Copa do Mundo, em uma resposta �s manifesta��es que usam o slogan “n�o vai ter Copa”, que invadiram as ruas desde junho do ano passado.
Oposi��o
A oposi��o segue questionando o pronunciamento presidencial. O PSDB vai entrar com uma representa��o por improbidade administrativa na Procuradoria Geral da Rep�blica no Distrito Federal contra Dilma, alegando que ela aproveitou a cadeia de r�dio e televis�o para fazer propaganda eleitoral, ao enumerar a inclus�o social vivida pelo Brasil nos �ltimos 10 anos e os investimentos em sa�de e educa��o. O pr�-candidato do PSDB � Presid�ncia, senador A�cio Neves (MG), comparou o discurso presidencial � estrat�gia adotada no passado. “� triste a presidente da Rep�blica querer reviver os tempos da ditadura, se apropriar do sucesso da elei��o, para avisar ao Brasil que vamos ter Copa a partir desta quinta-feira (hoje). Isso � usar dinheiro p�blico para fazer campanha eleitoral”, criticou A�cio.