Rio vai investigar contratos do deputado Rodrigo Bethlem

A Prefeitura do Rio anunciou neste s�bado (26) que vai investigar os contratos assinados pelo deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) quando era secret�rio de Assist�ncia Social da gest�o de Eduardo Paes (PMDB), entre 2011 e 2012. O deputado � acusado de participar de um esquema de corrup��o e de receber dinheiro da ONG Tesloo, contratada para administrar o cadastro �nico de programas sociais da prefeitura - que inclui o Bolsa Fam�lia e o Cart�o Fam�lia Carioca.

Em nota, a Prefeitura afirmou que "n�o possui mais conv�nio com a Tesloo". "Apesar de Rodrigo Bethlem n�o ocupar mais cargo na prefeitura, o munic�pio espera que o deputado preste os esclarecimentos necess�rios sobre as den�ncias em quest�o".

A ONG era administrada pelo major da reserva S�rgio Pereira de Magalh�es J�nior, suspeito de integrar uma mil�cia. O deputado, � candidato � reelei��o, divulgou um comunicado em seu site oficial e nas redes sociais em que afirma que as acusa��es "s�o infundadas" e "a pr�pria autora (Vanessa Felippe, sua ex-mulher) adiantou-se em desmenti-las, alegando t�-las feito num momento de grave confus�o mental, que resultou em tr�s tentativas de suic�dio. A �ltima h� poucos dias". O parlamentar n�o foi localizado neste S�bado.

Bethlem tamb�m divulgou imagens de uma declara��o assinada pela ex-mulher e um atestado m�dico assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes sobre o tratamento ao qual Vanessa est� submetida h� duas semanas. "Os documentos m�dicos (...) demonstram, � exaust�o, que se trata de uma pessoa que necessita de um tratamento s�rio e, tamb�m, compaix�o, dado que n�o se encontra em pleno controle de sua sa�de mental". O atestado, reproduzido no perfil de Bethlem no Facebook, afirma que Vanessa sofre de "transtorno de personalidade borderline".

Den�ncia
Em conversa gravada pela ex-mulher (segundo ela, em novembro de 2011) e divulgada nesta sexta-feira pela revista �poca, Bethlem admite ter aberto conta banc�ria na Su��a e afirma ganhar cerca de R$ 85 mil por m�s al�m do sal�rio. Na nota, no entanto, Rodrigo declara: "N�o tenho contas no exterior e que tudo o que fiz nas secretarias por onde passei, jamais desabonou minha conduta. N�o temo nenhum exame dos atos que tomei na vida p�blica".

Na conversa, o deputado sugere que parte de sua renda vinha da propina oriunda de contratos firmados pela secretaria, entre eles um conv�nio para cadastrar benefici�rios do Programa Bolsa Fam�lia. Na ocasi�o, o ent�o secret�rio era rec�m-separado e discutia com a ex-mulher, Vanessa (filha do vereador e atual presidente da C�mara do Rio, Jorge Felippe), a divis�o de bens do casal e a pens�o a ser paga por ele.

Vanessa guardou a grava��o desde 2011, mas em junho passado decidiu mostr�-la � revista �poca. Na conversa, o ent�o secret�rio afirma que sua "principal fonte de renda" era o dinheiro proveniente de um dos contratos da pasta. Vanessa pergunta quanto esse conv�nio rendia. "Em torno de R$ 65 mil, R$ 70 mil. Depende do que ele (o contratado) receber. Se prestar contas e n�o tiver executado todo o servi�o, tem uma glosa", responde Rodrigo.

Ele n�o conta na conversa qual � a empresa que pagaria essa propina. Pelas caracter�sticas, parece se referir � ONG Tesloo, contratada para cadastrar fam�lias de baixa renda por R$ 9,68 milh�es e j� investigada em raz�o de den�ncias de desvio de dinheiro em conv�nios com a Prefeitura do Rio.

Pelo que Bethlem diz � ex-mulher, ele emitia a autoriza��o para que a secretaria pagasse a empresa e, em troca, recebia uma parte do valor pago. Vanessa somou os rendimentos mensais de Rodrigo, que ent�o recebia R$ 18 mil como deputado federal licenciado, e concluiu que ele ganhava R$ 103 mil. Pediu, ent�o, a metade disso (R$ 51,5 mil). Ap�s negocia��o, ela passou a receber R$ 20 mil, pagos em dinheiro, em notas de R$ 100.