Rio - O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), acusado de corrup��o em grava��es feitas pela ex-mulher Vanessa Felippe, declarou � Justi�a ter guardados em casa R$ 100 mil em dinheiro vivo. A quantia se destaca na rela��o de R$ 438.843,97 em bens apresentada pelo parlamentar ao registrar sua candidatura � reelei��o no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). � o segundo item mais valioso da lista, atr�s apenas de uma aplica��o de R$ 119 mil em a��es de Vale. Bethlem foi um dos secret�rios mais pr�ximos do prefeito Eduardo Paes (PMDB), com quem come�ou na pol�tica, nos anos 90, sob lideran�a do ent�o prefeito Cesar Maia (hoje no DEM).
Feitas secretamente por Vanessa, imagens mostram a ex-mulher recebendo o pagamento de pens�o, presumivelmente enviado por Bethlem por meio de um assessor do parlamentar. Seriam R$ 20 mil em notas de R$ 100, que ela conta diante da c�mera. Em grava��es divulgadas pelas revistas "�poca" e "Veja" no fim de semana, Bethlem, em conversa com Vanessa, gravada supostamente em 2011, admite receber comiss�es ilegais de cerca de R$ 85 mil mensais pelo pagamento de contratos que firmou na Prefeitura e declara ter uma conta banc�ria na Su��a. Ele lembra uma discuss�o anterior com a ex-mulher, sobre legaliza��o da pens�o. Vanessa exigiria que tudo fosse oficializado.
"Eu falei: 'Vanessa, no papel eu n�o vou colocar porque n�o h� condi��es de colocar isso no papel. Eu assinar isso significa que vou fazer a confiss�o de um crime, o que eu n�o fazer nunca'", diz o deputado � ex-mulher na grava��o.
Depois da publica��o, o parlamentar divulgou um comunicado em seu site oficial e nas redes sociais em que afirma que as acusa��es "s�o infundadas". Diz ainda que "a pr�pria autora adiantou-se em desmenti-las, alegando t�-las feito num momento de grave confus�o mental, que resultou em tr�s tentativas de suic�dio". Bethlem tamb�m divulgou imagens de declara��o escrita de Vanessa e de um atestado assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes. A m�dica fala no documento de um tratamento ao qual a denunciante estaria se submetendo, porque sofreria de "transtorno de personalidade borderline".
Crescimento
J� em 2006 Bethlem declarara ter R$ 36 mil em dinheiro vivo. Entre esse ano e 2014, o patrim�nio do deputado passou por uma montanha russa, segundo an�lise das declara��es que apresentou � Justi�a Eleitoral para ser candidato. De R$ 229.616,20 que em 2006 disse ter, foi a zero em 2010 (quando n�o declarou nada) e a R$ 438.843,97 este ano. O crescimento 2006/2010 foi de 91% entre as declara��es apresentadas em 2006 e 2014. Seus gastos oficiais de campanha subiram mais 271%, de R$ 237.438,67 em 2006 para R$ 880.965,17 em 2010.
Entre sua �ltima disputa eleitoral e a atual, Bethlem licenciou-se da C�mara entre 1º de mar�o de 2011 ea 3 de abril de 2014, para assumir no Rio os cargos de secret�rio municipal de Assist�ncia Social e de Governo. Antes, tamb�m se licenciara da supl�ncia para ser secret�rio de Ordem P�blica, de janeiro de 2009 a outubro de 2010.
Foi nesse cargo, no primeiro governo Paes, que Bethlem conduziu um dos programas-s�mbolo da gest�o do prefeito: o Choque de Ordem. Seus alvos eram ambulantes, ocupa��es irregulares do espa�o urbano, popula��o de rua. � frente da Secretaria de Assist�ncia Social, o hoje deputado conduziu outra iniciativa estrat�gica do governo Paes, o recolhimento e interna��o compuls�rios de menores de idade usu�rios de crack. As duas iniciativas sofreram muitas cr�ticas.
Rea��o
No s�bado, 26, Paes se declarou "estarrecido, chocado e surpreso" com "as not�cias assombrosas" e garantiu que a "aproxima��o (pessoal) com o prefeito n�o isenta ningu�m de investiga��o". A Controladoria-Geral do Munic�pio (CGM) do Rio anunciou que realizar� uma "auditoria especial" a partir desta segunda-feira, 28, para verificar todos os contratos assinados por Bethlem enquanto esteve na prefeitura. Est�o sob suspeita contratos do munic�pio com a ONG Casa Esp�rita Tesloo, assinados enquanto o parlamentar era secret�rio de Assist�ncia Social, entre 2011 e 2012.
A Tesloo foi contratada para cadastrar fam�lias de baixa renda por R$ 9,68 milh�es e j� era investigada em raz�o de den�ncias de desvio de dinheiro em conv�nios com a Prefeitura do Rio. (Colaborou F�bio Grellet)