Flavia Ayer e Isabella Souto

“Quem perdeu fam�lias ou amigos por causa das elei��es, vamos combinar de passar o Natal juntos.” Se voc� � usu�rio das redes sociais – Facebook, Twitter ou WhatsApp –, com certeza j� se deparou em algum momento com a postagem acima. E deve conhecer pessoas que se enquadram perfeitamente no conte�do. Nas elei��es mais acirradas desde a redemocratiza��o do pa�s, a disputa deixou de ser exclusiva dos partidos e candidatos e atingiu as rela��es pessoais. N�o s�o poucos os exemplos de animosidades entre “amigos virtuais”. E na vida real, a prefer�ncia por A�cio Neves (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT) mudou as regras de conviv�ncia dentro de casa.
� o caso da professora Maria Nonata das Gra�as Mendes, de 55 anos, e o marido, o vendedor ambulante Deldi Rodrigues dos Santos, de 56 anos. “Quando a Dilma est� falando na televis�o, ele sai. Quando o A�cio est� falando, eu saio”, conta Maria Nonata, eleitora da petista. A estrat�gia foi a maneira encontrada pelo casal para evitar brigas, pois hoje ele vai teclar o n�mero do tucano. “Se a gente tiver muito perto na hora da propaganda eleitoral, sai at� discuss�o”, conta a professora.
Casados h� 23 anos, esta � a primeira vez que n�o tiveram consenso quanto � escolha do candidato. “Eu sou Dilma de corpo e alma. Como funcion�ria p�blica, fui muito prejudicada no governo do PSDB em Minas Gerais. Gosto da Dilma, do sistema dela, da forma de ela pensar. E ela tem que estar na frente para n�o barrar os benef�cios para Minas”, diz Maria Nonata, que colou adesivos da petista na casa toda.
A esposa pode at� insistir, mas Deldi quer a mudan�a. “A gente analisa as coisas que a Dilma est� fazendo, come�a uma obra e n�o termina, como a transposi��o do Rio S�o Francisco. As empresas do Brasil falindo”, diz ele, confiante de que A�cio vai dar jeito na situa��o. “Se ele fizer metade do que promete, est� bom”, afirma. Mas, apesar das diverg�ncias pol�ticas, eles garantem que o casamento est� firme. “As elei��es passam e a gente continua”, brinca Maria Nonata.
Na casa da comerciante Cibele Coelho Novais, de 55 anos, pol�tica � quase um assunto tabu. Ela e as duas filhas t�m vis�es muito diferentes para o Brasil. Enquanto a matriarca votou em A�cio no primeiro turno – e anuncia o voto no tucano hoje –, a jornalista Clara e a engenheira Carolina Novais, de 23 anos e 28, respectivamente, escolheram Eduardo Jorge (PV), quinto colocado na disputa. Agora, a mais nova est� com Dilma, enquanto a irm� est� indecisa.
Internacional Os motivos do voto s�o bem diferentes na fam�lia Novais: Cibele acredita que A�cio Neves poder� recolocar o Brasil no cen�rio internacional e saber� lidar melhor com as riquezas do pa�s, enquanto Clara defende as pol�ticas sociais implementadas pelo governo petista. Para fazer sua op��o neste segundo turno, a jornalista conta que leu sobre os programas federais e as formas de fiscaliza��o e ficou convencida de que a petista ser� o melhor para o Brasil.
Quem n�o se convenceu foi a engenheira Carolina Novais. Ela at� n�o vai votar hoje porque estar� viajando, mas se fosse �s urnas tenderia a digitar os n�meros de A�cio Neves. “Mas n�o tenho uma opini�o completamente formada. N�o concordo com v�rias propostas dos dois”, ressalta. Para evitar atritos familiares, Carolina conta que nem toca no assunto dentro de casa. “O pensamento � completamente diferente”, justifica.