Depois de sa�rem �s ruas na reta final do 2.º turno em apoio � reelei��o da presidente Dilma Rousseff, os movimentos sociais tamb�m cobram uma participa��o maior nas defini��es dos rumos de seu governo. Uma das principais reivindica��es � que a presidente mantenha a promessa de se engajar ativamente na defesa da reforma pol�tica e da proposta de um plebiscito sobre a convoca��o ou n�o de uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a reforma.
Representantes desses movimentos ouvidos pelo Estado disseram que j� est�o sendo planejadas manifesta��es p�blicas em diferentes pontos do Pa�s para defender a proposta do plebiscito. A primeira delas deve acontecer hoje, em S�o Paulo, �s 18 horas, no v�o livre do Museu de Artes de S�o Paulo (Masp), na Avenida Paulista.
Para o coordenador da Central dos Movimentos Populares no Estado de S�o Paulo, Raimundo Bonfim, existe a expectativa de que os movimentos sejam mais ouvidos no segundo mandato de Dilma. “Esperamos que o protagonismo que se viu na elei��o continue agora. Para isso, � preciso mudar a forma como o PT governou o Brasil nos �ltimos anos”, disse ele.
Segundo Bonfim, o PT se afastou dos movimentos populares e deu privil�gio a a��es parlamentares. “Agora, por�m, em que se verifica uma clara disputa pela hegemonia na sociedade, � preciso que os movimentos tenham mais protagonismo. N�s � que vamos sair nas ruas em defesa do plebiscito para a convoca��o de uma constituinte para fazer a reforma.”
Reforma agr�ria
lexandre Concei��o, da coordena��o nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), tamb�m disse que os movimentos est�o unidos em torno da proposta de reforma pol�tica e do plebiscito. “O povo � que deve decidir se deve ou n�o ser convocada uma assembleia constituinte que teria como tarefa exclusiva a realiza��o da reforma”, afirmou. “Cada movimento tem suas bandeiras espec�ficas. N�s, do MST, queremos que a Dilma assente as 120 mil fam�lias de sem-terra que est�o acampadas nesse momento. Mas, em termos mais amplos, a quest�o mais forte � a reforma.”
O estudante Tiago Par�, integrante do Levante Popular da Juventude, movimento que, entre outras atividades, organiza manifesta��es de protesto contra militares acusados de graves viola��es de direitos humanos na ditadura, observou que Dilma enfrentar� uma oposi��o mais organizada no segundo mandato.
“N�s sabemos que o segundo mandato ser� fortemente disputado pelos setores reacion�rios. N�s tamb�m temos que reivindicar nosso espa�o. Vamos fazer isso em ritmo de campanha, com milit�ncia na rua, procurando sustentar as propostas mais progressistas da campanha. Especialmente a do plebiscito.”
A estudante Maria J�lia Monteiro, da organiza��o internacional Marcha Mundial das Mulheres, tamb�m falou sobre a intensifica��o da polariza��o pol�tica. “Para fazer mudan�as, Dilma precisar� de apoio popular, de gente na rua, de toda essa milit�ncia que foi mobilizada na elei��o”, disse.
O secret�rio executivo do Conselho Indigenista Mission�rio (Cimi), Cleber Buzatto, tamb�m defendeu a prioridade da reforma pol�tica. Destacou sobretudo a quest�o do financiamento de campanha. “Se nada for feito, a tend�ncia � que os espa�os de representa��o em nossa democracia fiquem cada vez mais desequilibrados”, afirmou. “� incompreens�vel que 50% dos membros da C�mara tenham liga��es com o agroneg�cio. Por outro lado, os �ndios, os quilombolas, os sem-terra, est�o perdendo espa�o.”