Bras�lia, 10 - Enquanto no segundo andar do Pal�cio do Itamaraty o ministro das Rela��es Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, recebia nesta segunda-feira para um almo�o 32 embaixadores que acabavam de entregar suas credenciais � presidente Dilma Rousseff, um grupo de cinquenta servidores fazia um ato pedindo o pagamento do aux�lio-moradia dos funcion�rios que residem no exterior, atrasado h� mais de dois meses.
Com faixas e broches - com os dizeres "respeito � bom" - e ainda duas vuvuzelas, os servidores conseguiram fazer barulho suficiente para que a m�sica tocada nos sal�es de almo�o tivesse seu volume aumentado. O decreto autorizando o pagamento de um cr�dito suplementar de R$ 26,5 milh�es foi publicado hoje no Di�rio Oficial da Uni�o, depois de ter sido aprovado h� quase dois meses pelo Congresso. Os recursos, no entanto, ainda devem levar alguns dias para cair na conta os servidores no exterior.
"Agora � uma quest�o da burocracia. Mas n�s precisamos de uma solu��o definitiva para isso. Temos que aperfei�oar os mecanismos. Todo ano tem cortes no or�amento, n�o podemos ficar a merc� disso", afirmou Sandra Nepomuceno Malta, presidente do sindicato que re�ne diplomatas, oficiais e assistentes de chancelaria, o SindItamaraty. J� existe uma recomenda��o do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) para que o pagamento seja transformado em verba indenizat�ria, o que ent�o permitiria que o pagamento fosse feito junto com os sal�rios dos servidores. Segundo Sandra, Figueiredo abriu uma mesa de negocia��es com o sindicato com a inten��o de resolver o problema, mas pediu que eles esperem que seja confirmado no cargo. "Ele nos disse que n�o sabe ainda se ficar� e n�o acha justo, se for o caso, deixar uma decis�o dessas para o sucessor", explicou a servidora.
Ao todo, cerca de 2 mil servidores podem estar sendo prejudicados pelo atraso, em 226 postos diplom�ticos em todo o mundo. O aux�lio-moradia � pago a todo servidor do Itamaraty no exterior, e por vezes chega a representar 70% do sal�rio.
Sandra afirma que, apesar da publica��o hoje do decreto, o estado de mobiliza��o se mant�m. Figueiredo chegou a dizer, em uma reuni�o na �ltima sexta-feira, que as manifesta��es poderiam atrapalhar a negocia��o com o tesouro, mas a presidente do sindicato explica que a press�o dos servidores no exterior est� muito forte. "Foram eles que decidiram a assembleia", afirma. "Se n�o tem o pagamento, acabou o servi�o no exterior. Eles n�o t�m como bancar os custos. E hoje ainda ficamos sabendo que o seguro sa�de dos servidores no exterior tamb�m est� atrasado", disse.
O or�amento do Itamaraty este ano representa 50% do alocado em 2013. Al�m disso, sofreu um corte em mar�o de R$ 200 milh�es. Os recursos acabaram em agosto, mas no m�s seguinte o Congresso aprovou a suplementa��o or�ament�ria, que n�o havia sido liberada pela presidente at� agora. O hor�rio e o dia do ato n�o foi � toa. "Esperamos que incomode. Esse era o objetivo. Queremos que a presidente saiba por n�s o que est� acontecendo", afirmou Sandra. Os servidores tinham esperan�a de que Dilma participasse do almo�o, o que n�o ocorreu.
Essa n�o � a primeira vez que o Minist�rio se v� pressionado por seu sindicato. Apesar de n�o ser comum diplomatas e outras carreiras do servi�o exterior se rebelarem, j� no ano passado os oficiais de chancelaria amea�aram entrar em greve - e chegaram a fazer dias de paralisa��es - pedindo aumento e tamb�m a transforma��o de seus sal�rios em subs�dio, o que garante mais seguran�a. Acabaram por receber o mesmo reajuste oferecido a todas as outras categorias, de 15%.