Delator diz que lobista agia em nome de ex-diretor

S�o Paulo, 15 - O executivo de empreiteira J�lio Camargo, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, revelou que o homem apontado como operador do PMDB no esquema de corrup��o na Petrobras, Fernando Antonio Falc�o Soares, o Fernando Baiano, agia em nome e �em confian�a� de Nestor Cerver�, ex-diretor de Internacional da estatal. Indicado pelos peemedebistas ao cargo em 2005, Cerver� � protagonista do emblem�tico caso da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que causou preju�zo de US$ 792 milh�es � estatal, segundo o Tribunal de Contas da Uni�o.

�Fernando Soares mantinha um compromisso de confian�a com o diretor de Internacional Nestor Cerver�, afirmou Camargo, delator da �rea empresarial da Lava Jato, ao citar uma cobran�a de propina feita em uma intermedia��o de aquisi��o de sondas de perfura��o para a Petrobras.

O ex-diretor de Internacional da Petrobras � agora o foco das investiga��es . Cerver� esteve no centro do caso Petrobras quando a presidente Dilma Rousseff afirmou em mar�o que aprovou a compra de Pasadena - em 2006, quando presidia o Conselho de Administra��o da estatal - com base em um parecer falho elaborado por ele.

O Minist�rio P�blico Federal sustenta que Baiano, �em raz�o de sua proximidade com Nestor Cerver�, intercedia ilegalmente, j� que de outro modo n�o se obteria a contrata��o, em favor de terceiros para que a Petrobras firmasse com eles contratos que dependiam da �rea internacional�.

O Minist�rio P�blico Federal, que atua na investiga��o da Lava Jato, faz refer�ncia ao contrato de compra das sondas de perfura��o e afirma que houve cobran�a de �propina e, ao que tudo indica, repassado parte do valor para a Diretoria de Internacional�.

Exterior

J�lio Camargo, que atuava pela Toyo Setal - uma das 13 empresas acusadas de cartel na Petrobras - indicou aos investigadores o roteiro da propina, inclusive nomes de institui��es financeiras, onde est�o sediadas e valores depositados nas �in�meras contas� que Baiano mantinha no exterior. Uma delas, na Sui�a, aberta em nome da offshore Harley, cujo dom�nio econ�mico est� em nome do operador do PMDB.

O executivo citou ainda o pagamento feito por ele para Baiano por meio de uma conta que tinha no banco Winterbothan, no Uruguai. O delator da Toyo Setal sugeriu que Cerver� era um dos benefici�rios e disse que os extratos banc�rios da conta poder�o confirmar o fato - numa dela��o premiada, mais do que fazer acusa��es, o importante � provar o que se diz a fim de que o delator tenha o benef�cio da redu��o de pena.

Camargo, em sua dela��o, deu detalhes de empresas abertas pelo operador do PMDB no exterior. Um caso foi o pagamento de US$ 8 milh�es para Baiano em duas empresas registradas em seu nome - a Techinis Engenharia e Consultoria recebeu dep�sito de R$ 700 mil; a Hawk Eyes Administra��o de Bens, R$ 2,6 milh�es. Outras transfer�ncias foram realizadas.

Al�m de Camargo, um executivo da Toyo, Augusto Mendon�a de Ribeiro Neto, afirmou tamb�m em dela��o premiada que o ex-diretor de Servi�os e Engenharia Renato Duque recebeu propina referente �s obras das refinarias Repav (S�o Jos� dos Campos), Repar (Paran�) e Replan (Paul�nia, SP), no complexo petroqu�mico Comperj (RJ) e nos gasodutos Cabi�nas e Gasoduto Urucu Manaus.

Segundo os investigadores, os executivos narraram �todo o esquema de carteliza��o, lavagem e pagamento de vantagens indevidas a agentes p�blicos, confirmando n�o s� a participa��o de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, mas das demais empreiteiras e ainda o envolvimento de Renato Duque, diretor de Servi�os da Petrobras, e Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, outro operador encarregado de lavagem e distribui��o de valores a agentes p�blicos�.

�� inquestion�vel a ativa participa��o de Renato Duque, Pedro Barusco e Fernando Soares nos fatos criminosos em apura��o�, afirma a Procuradoria. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.