Bras�lia, 19 - A empreiteira UTC, uma das principais doadoras de campanhas eleitorais, emprestou de R$ 900 mil a R$ 1 milh�o em dinheiro vivo ao doleiro Alberto Youssef na �poca em que foram s�cios na constru��o de um hotel em Salvador, por volta de 2008. A declara��o foi dada pelo presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, em depoimento � Pol�cia Federal ontem. Pessoa est� preso desde a �ltima sexta-feira, quando foi deflagrada a s�tima fase da Opera��o Lava Jato, que investiga um esquema de corrup��o alimentado por algumas das maiores construtoras do Pa�s e por diretorias da Petrobr�s.
O empreiteiro falou ainda sobre as doa��es legais da UTC para campanhas eleitorais. Sobre "contatos com tesoureiros ou arrecadadores de partidos", ele declarou ter tido contato "pr�ximo" com Jo�o Vaccari, que lhe pedia dinheiro para o PT, e com uma pessoa identificada no relato policial apenas como "Dr. Freitas", que seria o arrecadador do PSDB. Procurada, a assessoria do PSDB sugeriu procurar o tesoureiro da legenda Jos� Gregori, que n�o respondeu aos contatos da reportagem.
O empreiteiro disse aos policiais que foi apresentado a Youssef pelo falecido deputado federal Jos� Janene (PP). Ele e o doleiro tinham interesses comuns em neg�cios na capital baiana. O depoimento n�o detalha a evolu��o da rela��o pessoal entre a dupla. "Youssef possu�a uma empresa de nome GFD, vindo a adquirir uma participa��o em um empreendimento hoteleiro em Salvador constru�do pela UTC. A parceria foi considerada interessante, haja vista que Youssef traria consigo as empresas Tieko Aoki, dona da marca Blue Tree, a qual se tornaria administradora do hotel sob a bandeira Spot Light", afirmou Pessoa aos policiais.
O presidente da UTC disse que "eventualmente" Youssef "solicitava dinheiro emprestado e, posteriormente, devolvia". Ele n�o soube dizer quanto tempo levava para reaver as quantias, mas que nunca cobrou juros do doleiro. "A UTC possu�a em caixa na �poca em que isso ocorreu, por volta do ano de 2008, cerca de R$ 900 mil a R$ 1 milh�o, sendo esses recursos eventualmente emprestados ao mesmo", declarou. No depoimento n�o h� refer�ncia ao uso que Youssef fazia do dinheiro.
Parte do que a UTC repassou em dinheiro vivo a Youssef, no entanto, serviu para "pagar uma chantagem por parte de uma mulher, de nome Monica Santos, com quem teve um breve relacionamento h� cerca de 22 anos". Pessoa disse que perdeu o contato com Monica at� 2012, quando ela come�ou "a lhe importunar". O presidente da empreiteira disse acreditar "ter dado cerca de R$ 800 mil a Monica Santos", mesmo sendo aconselhado por advogado a registrar um boletim de ocorr�ncia contra ela.
O respons�vel na UTC pelo controle das opera��es financeiras em esp�cie com Youssef, segundo Ricardo Pessoa, era o diretor empresa Walmir Pinheiro, que tamb�m foi preso na �ltima sexta-feira, mas teve seu alvar� de soltura expedito nessa ter�a-feira. Os policiais questionaram Ricardo Pessoa sobre os pagamentos feitos pela UTC �s empresas Piemonte e Auguri, que, de acordo com as autoridades, eram usadas pela empresa Toyo para pagar propinas e obter contratos com a Petrobr�s. Pessoa afirmou no depoimento que acredita ter pago R$ 40 milh�es em dez presta��es. Ele afirmou que precisou fazer os pagamentos ap�s a Mitsui deixar uma parceria com a UTC. "A mesma recusou-se a pagar Julio Camargo pelo servi�o, assumindo a UTC esse �nus".