Alojada no terceiro andar do Pal�cio do Planalto, a poucos metros do gabinete da presidente Dilma Rousseff, a nova equipe econ�mica conviver� em regime de “transi��o” com o ministro demission�rio da Fazenda, Guido Mantega, para superar diverg�ncias e acertar a marcha a ser adotada para o “cavalo de pau” nas contas p�blicas. O an�ncio oficial dos futuros ministros est� marcado para hoje.
Formado por Joaquim Levy na Fazenda e Nelson Barbosa no Planejamento - que se juntar�o ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mantido no cargo -, o trio ser� incumbido de mudar o rumo na economia e fazer um ajuste profundo nas contas p�blicas.
A transi��o est� sendo considerada fundamental por Levy, que quer uma radiografia mais completa das contas p�blicas. Esse per�odo de afinamento servir� tamb�m para que os futuros ministros tenham mais tempo para montar suas equipes.
Levy e Barbosa v�o checar cada um dos dados apresentados pela atual equipe, para poderem dar seu pr�prio diagn�stico. Uma das principais cr�ticas � atual equipe econ�mica � a falta de transpar�ncia nos n�meros e a consequente perda de credibilidade. Por isso, a avalia��o dos dados na transi��o chegou a ser chamada nos bastidores do Planalto de “due dilligence”, termo usado para auditorias em negocia��es empresariais.
A localiza��o da “sala de transi��o” no terceiro andar do Planalto, o mesmo de Dilma, e n�o no quarto, onde fica o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, tem simbolismo. Levy e Barbosa ter�o canal direto com a presidente, sem precisar da intermedia��o do “primeiro-ministro”, apelido jocoso usado pelos desafetos de Mercadante, uma das pessoas mais pr�ximas de Dilma atualmente.
Desde a noite de segunda-feira, o futuro ministro da Fazenda trabalha em Bras�lia e participa de reuni�es com a pr�pria Dilma ou com t�cnicos do governo. Levy tamb�m tem conversado com economistas de dentro e de fora do governo.
Na passagem pelo Tesouro, no primeiro mandato de Luiz In�cio Lula da Silva, Levy colecionou rusgas com colegas de equipe pelo estilo incisivo - ou “trator”, dependendo do apre�o do interlocutor pelo futuro ministro. Quando Dilma era titular de Minas e Energia, Levy trabalhou com ela nas novas regras do setor el�trico. Eles se desentenderam a ponto de Dilma expuls�-lo da sala.
Ajustes
A expectativa pelas medidas a serem anunciadas pela futura equipe econ�mica s� se compara a dois momentos recentes desde a estabiliza��o da moeda: o pr�prio per�odo do Plano Real e o primeiro gabinete formado por Lula, quando o PT sucedeu ao PSDB. De l� para c�, n�o se via uma equipe assumir tendo de fazer de imediato um forte ajuste na pol�tica econ�mica.
Um dos desafios � evitar que o Brasil perca o carimbo de destino confi�vel para investimentos, o chamado investment grade dado pelas ag�ncias de risco. Um eventual rebaixamento teria como consequ�ncia a eleva��o da taxa de juros nos empr�stimos captados no exterior, seja do governo, seja de empresas brasileiras. Seria um problema s�rio para a estrat�gia de crescer via investimentos.
A escolha da equipe econ�mica tem obtido boa receptividade do mercado desde que os nomes de Levy e Barbosa se tornaram p�blicos. “Abrem uma boa perspectiva para o Pa�s”, disse ontem, no Rio, o presidente do Ita�, Roberto Set�bal.
Ex-integrante da equipe do Real, o economista Edmar Bacha considera fundamental uma nova postura de Dilma. “N�o � tanto a qualidade dos nomes, mas saber se o fato especificamente de ela nomear Joaquim Levy para a Fazenda indica que ela mudou, que ela est� disposta a fazer uma pol�tica econ�mica mais parecida com Lula 1 do que com Dilma 1”, afirmou. “Ela sabe com quem est� tratando. Se ele (Levy) n�o tiver espa�o para fazer, vai embora para casa, e isso vai ser muito ruim para ela.”