Fortaleza, 29 - Em meio a cr�ticas do PT e de movimentos sociais pela escolha de Joaquim Levy para o Minist�rio da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff associou na noite de sexta-feira (28) a guinada ortodoxa com escolha dos nomes da equipe econ�mica � governabilidade. Ao mesmo tempo, fez um apelo � �maturidade� dos petistas, que reclamam do fato de ela ter sido reeleita com um discurso - contra o corte de gastos - e agora sinalizar com uma pr�tica oposta.
�N�s temos que tomar as medidas necess�rias, sem rupturas, sem choques, de maneira gradual e eficiente como vem sendo feito. Temos que estar unidos. Eu preciso do protagonismo de todos voc�s e neste protagonismo destaco o PT. O PT tem maturidade e hoje, depois de todo esse per�odo, sabe que precisamos ter legitimidade e governabilidade�, afirmou a presidente, em seu primeiro encontro com a c�pula do partido depois da reelei��o.
Dilma comemorou o fato de o Pa�s terminar o ano dentro do topo da meta de 6,5% de infla��o, mas disse que n�o est� satisfeita e que medidas devem ser tomadas. Por isso, ela desafiou o partido a renovar suas perspectivas diante das demandas econ�micas.
�A conjuntura muda, a situa��o do Pa�s muda, as condi��es da economia mudam. N�s nos adaptamos �s novas demandas e damos respostas a cada uma delas. Acho que esta � a grande miss�o do PT�, disse ela.
Por outro lado, a presidente fez afagos ao PT, garantindo que a condu��o ortodoxa da economia n�o vai afetar a ess�ncia do programa do partido. �Uma coisa deve ficar clara e ningu�m deve se enganar sobre isso. Fui eleita por for�as progressistas, n�o para qualquer processo equivocado, mas para continuar mudando o Brasil.�
Bem humorada, Dilma lembrou que, embora tenha sido eleita pelo PT, lidera uma coaliz�o de partidos e tem a obriga��o de governar para todo o conjunto da popula��o. �O governo n�o � um governo meu, no sentido que ele � s� meu e eu guardo abra�adinha nele. O governo � do PT e dos partidos da nossa alian�a porque n�s fizemos uma alian�a e dos movimentos sociais. Mas tamb�m o governo � dos que votaram em mim e dos que n�o votaram.� Falando para o partido, Dilma voltou a defender a reforma pol�tica, uma das prioridades da agenda petista, desta vez de forma mais objetiva.
�Coisa feita�
Os dirigentes petistas consideram �coisa feita� a nomea��o de Levy, economista que � disc�pulo de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e conselheiro da campanha de A�cio Neves (PSDB) fortemente atacado por Dilma durante a campanha eleitoral em raz�o de suas ideias ortodoxas.
Embora contrariadas, as principais correntes do partido n�o devem tornar p�blicas cr�ticas �s escolhas da presidente. Em troca, o partido vai pedir mais empenho do governo em quest�es caras � base petista, como o marco regulat�rio dos meios de comunica��o, a revis�o do fator previdenci�rio, reforma fiscal, quest�es trabalhistas e ind�gena. O PT tamb�m deve cobrar espa�o mais qualificado no minist�rio.
A legenda j� d� como certo que ter� um n�mero menor de minist�rios no segundo mandato de Dilma. Conforme um importante dirigente petista, isso deve ser compensado com a indica��o de �l�deres capazes de fazer a disputa pol�tica nas suas �reas�. Ou seja, o PT quer um minist�rio mais pol�tico e menos burocr�tico e herm�tico do que o do primeiro mandato.
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Embora os nomes de Levy e de K�tia Abreu - senadora do PMDB e ruralista escolhida para o Minist�rio da Agricultura - n�o agradem a setores do PT, eles dizem que �o que vai prevalecer� � o programa de governo do partido. Para driblar as cr�ticas, os dirigentes fazem uma compara��o com o primeiro mandato de Luiz In�cio Lula da Silva, quando Henrique Meirelles - na �poca um banqueiro filiado ao PSDB - foi escolhido para o Banco Central, o �petista conservador� Antonio Palocci para a Fazenda e Roberto Rodrigues, representante do agroneg�cio, para a Agricultura. (As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo
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