Baptista Chagas de Almeida
Que pa�s � este que vive um clima de instabilidade institucional, que est� � beira de uma ruptura contra a democracia? Que pa�s � este que voltou a ser uma esp�cie de republiqueta de bananas? Pois s�o essas as indaga��es que os brasileiros se fazem diante dos discursos na reuni�o do Diret�rio Nacional do PT, na sexta-feira, em Fortaleza. Inclusive o da presidente Dilma Rousseff (PT), a autoridade m�xima do pa�s.
A certa altura, a presidente presenteou o pa�s com um temor completamente carente de credibilidade: “Esses golpistas, que hoje t�m essa caracter�stica, eles n�o nos perdoam por estar tanto tempo fora do poder”. Ser� que Dilma acha que est� em curso uma conspira��o militar? Ou se refere �s insignificantes manifesta��es pr�-impeachment ocorridas em umas poucas capitais do pa�s?
Ainda bem que ela se redimiu ao continuar a discursar. Deixou subentendido o problema da economia e avisou: “Temos que tomar as medidas necess�rias de maneira eficiente e gradual, como vem sendo feito”. Deve estar se referindo ao futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que come�a a despachar esta semana no Pal�cio do Planalto com o atual quase ex-ministro Guido Mantega. � gradual, n�?
O fato � que a presen�a da presidente Dilma no encontro do PT serviu para mandar um recado claro e objetivo para os mais radicais do partido. Ela deu uma no cravo, outra na ferradura e avisou: vamos em frente que atr�s vem gente.
O segundo mandato de Dilma come�a com a economia patinando, com crescimento baixo, com as contas p�blicas descontroladas, precisando de maquiagem, como tirar as obras do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) do c�lculo do super�vit fiscal. “O PT tem maturidade e sabe que precisa ter legitimidade e governabilidade.” � este o recado ao partido.
Barganha liberal
Por enquanto, todo mundo diz que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) � o grande favorito na disputa pela Presid�ncia da C�mara dos Deputados. At� por causa da antipatia que os parlamentares t�m de Arlindo Chinaglia (PT-SP), o prov�vel candidato da presidente Dilma Rousseff (PT) ao cargo. S� que tudo pode mudar, alertam experientes parlamentares. No PR, por exemplo, que elegeu 34 deputados, pelo menos seis j� declararam que votam em Cunha. Mas basta Dilma atender ao presidente da legenda Valdemar da Costa Neto, dando a ele o minist�rio que ele pedir, para virar os votos em favor de seu candidato. Ainda � muito grande o poder de Valdemar dentro do partido.
Eu me amo
J� em rela��o ao PSD do ex-prefeito de S�o Paulo, Gilberto Kassab, a situa��o � ainda mais f�cil. Depois de impor ao partido o apoio � candidatura � reelei��o da presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo com a resist�ncia de parlamentares de outros estados, inclusive de Minas Gerais, que apoiaram extra-oficialmente a candidatura do senador A�cio Neves (PSDB-MG) � Presid�ncia da Rep�blica, Kassab se cacifou para indicar um ministro � presidente Dilma Rousseff. E todo mundo j� sabe quem no partido ele vai indicar. Ele pr�prio. � claro.
Leit�o � pururuca
O deputado F�bio Ramalho (PV-MG), mais conhecido como Fabinho Lideran�a, continua o mesmo festeiro de sempre. Na quarta-feira, re�ne para almo�o os deputados e senadores n�o reeleitos para uma confraterniza��o. � claro que os reeleitos e alguns que se elegeram nas urnas deste ano tamb�m estar�o presentes. E a comilan�a, como n�o poderia deixar de ser, � totalmente democr�tica. Estar�o presentes parlamentares de v�rios partidos, tanto de oposi��o quanto da situa��o. A grande atra��o promete ser, de novo, o j� famoso leit�o � pururuca que Fabinho oferece.
Pizza e sal�rio
Os deputados Andr� Vargas (Ex-PT-PR) e Luiz Arg�lo (SDD-BA) podem acabar escapando do processo de cassa��o de seus mandatos, se n�o houver qu�rum, mais uma vez, nas sess�es da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a da C�mara dos Deputados nas poucas semanas que antecedem o recesso parlamentar. Se a obstru��o continuar, j� que os processos travam a pauta, quem vai ficar furiosos s�o os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). � que est� na CCJ o projeto que aumenta seus sal�rios para R$ 35,9 mil. A prop�sito, os deputados tamb�m querem receber o mesmo teto salarial. S� que basta uma canetada da mesa diretora para que o aumento seja aplicado.
Emendas de Pimentel
A bancada mineira, em especial os deputados que apoiaram a candidatura do ex-ministro de Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior Fernando Pimentel (PT) ao governo do estado, devem ter um encontro com ele para saber quais s�o as prioridades no Or�amento da Uni�o para o ano que vem. O estado tem direito a quatro emendas de bancada. Na quarta-feira, os deputados se re�nem para tratar do assunto. Na outra semana, batem o martelo, antes do recesso parlamentar, que depende da aprova��o da lei or�ament�ria.
PINGA FOGO
A opera��o da Pol�cia Federal pode se chamar “Lava a Jato”, mas s�o tantas as den�ncias de corrup��o, tantas, que ela continua com a velocidade de um teco-teco, daqueles bem pequenos mesmo.
“M�dia ataca aumento de IPTU de maneira injusta e elitista”. Pelo Facebook, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva sai em defesa de seu pupilo Fernando Haddad (PT), prefeito de S�o Paulo.
A presidente Dilma Rousseff decidiu que a ministra de Desenvolvimento Social e Combate � Fome, Tereza Campello, deve continuar no cargo. Ela assumiu o minist�rio com a sa�da do ex-ministro e deputado eleito Patrus Ananias, a quem � muito ligada.
Rei morto, rei posto. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) � quem vai cuidar dos cargos estrat�gicos nas estatais que antes eram feudo do senador Jos� Sarney (PMDB-AP), que j� anunciou a aposentadoria da pol�tica.
E a d�vida do governo federal com Minas Gerais? Pelo jeito, a negocia��o vai ser na base do “devo, n�o nego, pago quando puder”. �, pelo jeito, a crise nas contas federais � mesmo muito grave. N�o � � toa que chamaram o Joaquim Levy.
Os tucanos continuam tripudiando da nova equipe econ�mica da presidente Dilma Rousseff (PT). N�o perdem a oportunidade de provocar e dizer que ela � a cara do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).