Bras�lia - O ministro da Agricultura, Neri Geller, negou hoje envolvimento em esquema de grilagem no Estado de Mato Grosso, durante audi�ncia na Comiss�o de Agricultura da C�mara dos Deputados. Em pronunciamento de cerca de 15 minutos, o ministro chorou ao dizer que pode ser investigado pela Pol�cia Federal (PF), mas pede que n�o seja "achincalhado".
"Posso ser investigado, mas n�o quero ser achincalhado e n�o vou ser", disse. "Eu n�o sou, nunca fui e, se Deus quiser, nunca vou ser malandro", afirmou. Geller foi citado no inqu�rito da Opera��o Terra Prometida, deflagrada na quinta-feira (27), pela PF, juntamente com os irm�os Odair e Milton. Eles s�o apontados como integrantes do "Grupo Geller", que possuiria entre 15 e 18 lotes obtidos irregularmente no Assentamento Itanhang�/Tapurah, do Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra).
Segundo o ministro, o Grupo Geller � uma f�brica de pr�-moldados de um de seus irm�os e nome de um site criado para divulgar a marca. "Eu saio na m�dia como quadrilheiro, como l�der de um grupo organizado e afirmo categoricamente que nunca tive um lote l� (nos assentamentos). Tenho um irm�o mais velho que mora no assentamento. Somos 11 irm�os, pode haver um desvio e se tiver � de maior e pode ser punido", disse. O ministro ressaltou que a PF divulgou nota afirmando que ele n�o � investigado e criticou a regulariza��o lenta de terras pelo Incra. "Tem um erro do Estado que vem desde a d�cada de 1980, que � a regulariza��o fundi�ria. Faz 20 anos que as pessoas est�o l� e n�o t�m o t�tulo (da terra)", disse.
De acordo com Geller, foram feitas quatro den�ncias an�nimas contra ele � PF, todas ap�s sua nomea��o para a Agricultura. "A investiga��o est� acontecendo desde 2009. Eu poderia ter sido investigado pela PF e n�o fui. Eu assumi no dia 17 de mar�o. A primeira den�ncia an�nima foi feita dia 29 de abril", relatou.
Para se defender, o ministro contou sua trajet�ria como assentado da reforma agr�ria na d�cada de 1980 na regi�o de Lucas do Rio Verde (MT), onde disse que sua m�e "mora em uma casa modesta". Candidato a uma vaga na C�mara em 2010, o ministro declarou patrim�nio de cerca de R$ 1,2 milh�o � Justi�a Eleitoral. Entre os bens apresentados havia dois lotes agr�rios: um de 726 hectares em Diamantino (MT) e outro de 121 hectares em Nova Mutum (MT).
O ministro � produtor de soja e milho na regi�o, onde tamb�m � dono de um posto de gasolina. "Esse assentamento (Itanhang�) eu conhe�o. A minha fam�lia foi em 1984 para o Mato Grosso; eu primeiro, com 15 anos. Trabalhava para ajudar a sustentar minha fam�lia no Rio Grande do Sul. Eu fui para l� por obriga��o, porque tinha o sentimento de obriga��o para ajudar minha fam�lia", contou.
O ministro recebeu "solidariedade" da bancada ruralista, que aproveitou a pauta para cobrar do Incra a regulariza��o fundi�ria. O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) considerou estranho que den�ncia contra Geller tenha surgido ap�s indica��o de K�tia Abreu (PMDB-TO) para o Minist�rio da Agricultura. O parlamentar ga�cho disse que a den�ncia � um "jeito para enxovalhar o nome do ministro" para troc�-lo por indica��o pol�tica.
O deputado Nilson Leit�o (PSDB-MT) tamb�m defendeu o ministro, dizendo que vai pedir audi�ncia com a PF e o Incra para tratar da regulariza��o fundi�ria. "O Incra e o governo t�m sido covardes. No caso de Itanhang� tem terra com 20 anos sem ser legalizada", disse. "S�o terras ilegais porque o Incra n�o regulariza. Quem deveria estar preso � funcion�rio do Incra", disse.