S�o Paulo, 21 - A Justi�a Federal vetou o acesso � dela��o premiada do ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras, Pedro Barusco. A decis�o � do juiz S�rgio Moro, que conduz as a��es da Opera��o Lava Jato, investiga��o sobre esquema de lavagem de dinheiro e propinas na Petrobras.
A defesa de cinco executivos da OAS, entre eles o presidente da empreiteira, Jos� Aldem�rio Pinheiro Filho, o Leo Pinheiro, queria conhecer as revela��es de Barusco, que fechou acordo de dela��o com a for�a tarefa do Minist�rio P�blico Federal.
A OAS est� sob suspeita de ter integrado cartel de empreiteiras que se apossou de contratos bilion�rios da estatal petrol�fera. A OAS pediu acesso aos relatos de Barusco, mas em v�o.
O juiz S�rgio Moro argumentou que "por ora, ainda se faz necess�rio o sigilo para fins de investiga��o e corrobora��o do por ele declarado". O magistrado assinalou que os depoimentos de Barusco n�o serviram de base �s den�ncias propostas - cinco den�ncias ao todo - contra as c�pulas das maiores empreiteiras do Pa�s, entre elas a OAS. Os executivos das empreiteiras s�o acusados de forma��o de organiza��o criminosa, lavagem de dinheiro, evas�o de divisas e corrup��o ativa.
O acordo de dela��o premiada de Barusco foi homologado h� duas semanas pela Justi�a Federal.
Na avalia��o dos investigadores da Lava Jato, os depoimentos de Barusco s�o "estarrecedores" porque apontam com detalhes como operava o esquema na �rea da Diretoria de Servi�os, sob comando de Renato Duque.
Em uma cl�usula do contrato que firmou com a for�a tarefa do MPF o ex-gerente comprometeu-se a devolver ao Tesouro US$ 97 milh�es que mant�m no exterior e mais R$ 6 milh�es no Brasil. Ele confessou que essa fortuna teve origem em atos "il�citos".
O grau de colabora��o do ex-gerente impressiona os investigadores. Ele demonstrou grande senso de organiza��o e disciplina ao fazer uma met�dica contabilidade dos repasses de propinas, apontando todos os neg�cios onde correu dinheiro por fora. Tudo ele registrava em um arquivo pessoal.
Barusco passou n�meros de contas banc�rias e nomes de benefici�rios de comiss�es. Afirmou que ele e Renato Duque, ex-diretor de Servi�os da estatal petrol�fera, dividiram propinas em "mais de 70 contratos" da Petrobras entre 2005 e 2010. Ele declarou que fornecedores e empreiteiros n�o desembolsavam recursos por "exig�ncia", mas porque o pagamento de propinas na Petrobras era "algo end�mico, institucionalizado".
Antes de atuar na ger�ncia, subordinado a Duque, ele ocupou os cargos de gerente de tecnologia na Diretoria de Explora��o e Produ��o e de diretor de Opera��es da empresa Sete Brasil, que tem na Petrobras um de seus investidores.
Pedro Barusco afirmou que "na divis�o de propinas" Duque ficava "com a maior parte", na margem de 60% para o ex-diretor de Servi�os e de 40% para ele. Duque nega taxativamente a pr�tica de atos il�citos.
Barusco entregou uma planilha de contratos onde teria corrido suborno e os valores que o esquema girou. Os contratos s�o de praticamente todas as �reas estrat�gicas da Petrobras. Ele citou G�s e Energia, Explora��o e Produ��o e Servi�os. Revelou outros operadores da trama de corrup��o na Petrobr�s.
Ao rejeitar o pedido da OAS, o juiz S�rgio Moro destacou que as defesas de todos os investigados por cartel na Petrobras j� tiveram acesso a todos os depoimentos e provas que embasaram as seis den�ncias da Procuradoria da Rep�blica, recentemente propostas � Justi�a - cinco delas especificamente contra as c�pulas das maiores empreiteiras do Pa�s, entre elas a OAS; a sexta den�ncia foi apresentada contra o ex-diretor de �rea Internacional da Petrobras, Nestor Cerver�, e o lobista Fernando Falc�o Soares, o Fernando Baiano.
Todas as seis den�ncias foram recebidas pela Justi�a Federal, que abriu processo contra os executivos e tamb�m contra Fernando Baiano e Nestor Cerver�.
Moro assinalou que os advogados das construtoras tamb�m j� tiveram acesso aos termos de outras duas dela��es premiadas, de Augusto Ribeiro Mendon�a Neto e Julio Gerin de Almeida Camargo - com suas revela��es, Mendon�a e Camargo implodiram o pacto do cartel de empreiteiras que agiram na Petrobras durante longa jornada, segundo o Minist�rio P�blico Federal.