S�o Paulo, 20 - Registros de movimenta��es financeiras em nome da Bombardier - multinacional canadense investigada no cartel dos trens em S�o Paulo - foram encontrados numa das contas usadas pelo doleiro Alberto Youssef, na Su��a, pela for�a-tarefa da Lava Jato. Eles integram uma lista de transa��es consideradas suspeitas de terem rela��o com a corrup��o de funcion�rios p�blicos no Brasil e ser�o repassados ao Minist�rio P�blico Estadual, em S�o Paulo, que come�ou a buscar o elo entre o esquema do doleiro nas obras da Linha 15 - Prata do Monotrilho, na capital paulista.
O alvo das investiga��es da Lava Jato era Jo�o Proc�pio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, acusado de ser um dos controladores de contas e empresas offshores da lavanderia de Youssef, por onde foram movimentados milh�es desviados de obras p�blicas no Brasil.
Foi na conta de uma dessas offshores (empresa criada apenas no papel fora do Pa�s) investigadas pela Lava Jato, a Santa Tereza Services Limited Partnership, criada na Nova Zel�ndia, que apareceram os registros de valores em nome da "Bombardier Inc".
"Apurou-se que dentro da conta da offshore Santa Tereza, na Su��a, h� quatro subcontas, todas controladas pela organiza��o criminosa de Youssef e utilizadas para as pr�ticas delitivas", informa documento da Lava Jato.
Su��a
A offshore Santa Tereza mantinha conta no banco PKB Private Bank da Su��a. A conta chegou a ter US$ 3,2 milh�es dispon�veis para movimenta��o, segundo an�lise dos extratos apreendidos pelos investigadores da Pol�cia Federal.
Documento de pedido de pris�o e busca envolvendo Jo�o Proc�pio, de junho de 2014, feito pelo MPF, registra que os extratos da Santa Tereza indicam "intensa movimenta��o financeira, com diversas opera��es com valores iguais ou superiores a US$ 1 milh�o cada opera��o", do per�odo de 8 de outubro de 2012 a 4 de mar�o de 2013.
Em outro extrato anexado pela PF aos autos da Lava Jato, a "Bombardier Inc" aparece associada a um valor de US$ 202 mil. Os documentos foram aprendidos pela Lava Jato em buscas realizadas no dia 1� de julho, na casa de Almeida Prado, em S�o Paulo, e na sede da Queluz Participa��es e Neg�cios Ltda. - esp�cie de escrit�rio n�o registrado de neg�cios que atuava em contato direto com o PKB, da Su��a, no Brasil.
Homem de confian�a
Almeida Prado, que est� preso desde o dia 1� de julho, � concunhado do vice-presidente da empreiteira Camargo Corr�a, Jo�o Ricardo Auler. O executivo foi um dos presos na Opera��o Lava Jato, em 14 de novembro do ano passado. A Camargo Corr�a � uma das acusadas de integrar o cartel - que se autodenominava "clube" - que fatiava obras da Petrobras, mediante pagamento de propina.
Segundo a for�a-tarefa da Lava Jato, o controlador das contas e empresas de gaveta do esquema, "integrava a organiza��o criminosa liderada por Alberto Youssef" e era "pessoa de extrema confian�a" do doleiro. Os procuradores afirmam que o acusado "atuava ativamente na obten��o de seus fins il�citos", tendo ainda diversas fun��es no esquema.
"Por�m, a fun��o preponderante de Jo�o Proc�pio era de abrir empresas offshores no exterior, em nome de 'laranjas', bem como abrir contas e moviment�-las no interesse da organiza��o criminosa."
O advogado de Almeida Prado, Eduardo Sanz, n�o foi localizado para comentar o assunto. No processo da Lava Jato em que � r�u, o suposto bra�o direito de Youssef nega que tenha participa��o em il�citos denunciados. Nesta ter�a-feira, 20, a sua defesa entrou com novo pedido de liberdade na Justi�a.
Investiga��o paulista
O material das contas da Santa Tereza ser� entregue para a Promotoria em S�o Paulo, caso seja aceito pedido formulado ao juiz federal S�rgio Moro, que conduz os autos da Lava Jato.
O promotor Augusto Eduardo de Souza Rossini, da Promotoria de Justi�a do Patrim�nio P�blico e Social da Capital, solicitou acesso aos documentos da Lava Jato, em especial a planilha de apreendida com Youssef contendo informa��es sobre cerca de 750 contratos de obras p�blicas que estariam na mira do doleiro.
Um inqu�rito civil aberto no final do ano passado visa apurar "irregularidades consistentes em supostos desvios na licita��o do trecho do Monotrilho entre as Esta��es Orat�rio e Vila Prudente, integrante da Linha 15-Prata do Metr� e descumprimento do prazo de entrega do referido trecho do Monotrilho pelos representados". A Bombardier � um dos alvos.
A multinacional � investigada por suposto envolvimento com o cartel de trens que agiu em S�o Paulo entre 1998 e 2008, governos M�rio Covas, Jos� Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. Ex-executivos foram denunciados pelo Minist�rio P�blico Estadual por participa��o em conluio e fraudes em licita��es.
A Bombardier reitera que jamais manteve contato com a empresa Santa Tereza ou qualquer outra companhia pertencente ao Sr. Alberto Youssef.
Em 2013 a Bombardier Inc. realizou uma emiss�o de t�tulos para capta��o de recursos na forma de bonds, em uma opera��o absolutamente transparente e de acordo com a legisla��o financeira. Como a venda dos referidos t�tulos � intermediada por corretoras e institui��es financeiras (como atestam os extratos do banco PKB), a empresa emissora n�o mant�m contato direto com o comprador/benefici�rio final.