Bras�lia, 24 - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta ter�a-feira, 24, que em um jantar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, falou em um corte de despesas no valor de R$ 80 bilh�es neste ano. O coment�rio foi feito por Levy no encontro realizado no Pal�cio do Jaburu, resid�ncia oficial do vice-presidente da Rep�blica e presidente do PMDB, Michel Temer, que contou com a presen�a da c�pula do PMDB e de integrantes da equipe econ�mica do governo e do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Renan confirmou o valor do corte sem, contudo, detalhar como ele ser� feito, se no or�amento ou em outro tipo de despesa. "O ministro falou em R$ 80 bilh�es, mas n�s temos muitas preocupa��es. N�s temos R$ 240 bilh�es de restos a pagar", comentou o ministro.
Segundo relatos de peemedebistas presentes ao encontro, Joaquim Levy destacou a import�ncia do contingenciamento de despesas ap�s a aprova��o do Or�amento, prevista para as pr�ximas semanas. Ele frisou que o valor ser� calculado com "cuidado" e "sensibilidade", embora, segundo duas fontes relataram � reportagem, n�o tenha antecipado um n�mero.
No jantar, o relator do Or�amento de 2015, senador Romero Juc� (PMDB-RR), afirmou aos ministros da �rea econ�mica do governo e ao ministro Mercadante que � preciso "animar" a economia brasileira. Segundo Juc�, o Executivo precisa se preocupar com o ajuste fiscal, que contar� com o apoio do PMDB no Congresso, mas tamb�m � necess�rio tomar decis�es para fazer a "inflex�o" da economia brasileira a fim de retomar o crescimento.
"O governo n�o tem que falar s� em corte, sen�o vira um governo depressivo e um ano perdido. N�s temos que ter um ano de retomada de crescimento, de inflex�o da curva de crescimento e para isso � preciso tomar um conjunto de decis�es r�pidas", afirmou Juc� esta manh�.
O relator disse que eventuais cortes ao Or�amento de 2015 e o ajuste fiscal s�o "pequenos detalhes" de um conjunto de a��es que o governo Dilma Rousseff tem de tomar. Mas, para ele, o "grande esfor�o" a ser feito � para retomar a confian�a e o investimento na economia brasileira.
Economista de forma��o, o peemedebista relatou as sugest�es que apresentou aos ministros do governo. Juc� disse que � preciso fazer um amplo programa de concess�es que n�o interfira na remunera��o do concession�rio, al�m da busca do realismo tarif�rio, da mudan�a em regras para licenciamento ambiental e da mudan�a nas legisla��es para otimizar as parcerias p�blico-privadas e desburocratizar os setores da economia.
As sugest�es do senador do PMDB j� haviam sido apresentadas em entrevista exclusiva dada por ele ao Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, publicada no dia 22 de janeiro. Na ocasi�o, o peemedebista disse que o Executivo precisava de um "animador econ�mico" para tirar o Pa�s do que classificou como clima de depress�o. "N�o podemos ter s� um cortador fiscal, falta um animador econ�mico", afirmou. "Sen�o, todo mundo vai precisar tomar Prozac (antidepressivo)", brincou, numa refer�ncia indireta a Joaquim Levy, que ganhou fama de ajustador fiscal e "m�os de tesoura".
Ap�s queixas de peemedebistas de que est�o sendo alijados das principais decis�es do Executivo, Juc� disse que ele e demais integrantes do partido avisaram os integrantes do governo, no encontro, que eles v�o ter uma atua��o mais proativa em rela��o � economia. Uma das ideias em estudo na c�pula do partido - que comanda a C�mara e o Senado - � criar uma comiss�o especial no Congresso para levar adiante a aprova��o dessas mat�rias. "N�o quero ser respons�vel apenas pelo corte, quero ser respons�vel pelo crescimento", resumiu Juc�.
Segundo os presentes, o ministro da Fazenda concordou com o diagn�stico feito por Juc� e pediu apoio dos peemedebistas para a aprova��o das medidas necess�rias de ajuste fiscal.
Cortes
Ao contr�rio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que mais cedo afirmara que, segundo Levy, o corte de despesas chegar� a R$ 80 bilh�es em 2015, Juc� afirmou que a conta ainda n�o est� fechada. Segundo ele, em anos sem dificuldades econ�micas, o governo contingencia preventivamente de R$ 40 bilh�es a R$ 60 bilh�es do Or�amento no in�cio do ano e, com o passar do tempo e o aumento das receitas, esse represamento de recursos vai sendo liberado ao longo do ano.
Contudo, Juc� aposta que em 2015, devido o aperto fiscal, o contingenciamento ficar� entre R$ 60 bilh�es e R$ 80 bilh�es. Ele disse que o represamento ficar� pr�ximo ao super�vit prim�rio estipulado para o governo este ano, de 1,2% do PIB (R$ 66,3 bilh�es).