Washington - Anunciada para setembro pelo chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, a visita de Estado da presidente Dilma Rousseff a Washington est� longe de ser uma certeza. Conspiram contra ela um calend�rio carregado de recep��es a outros l�deres estrangeiros na Casa Branca e a dificuldade dos dois lados de constru�rem a tempo uma agenda substantiva a ser apresentada pela dirigente brasileira e seu colega americano, Barack Obama.
"Eles ainda n�o t�m uma agenda e est�o procurando coisas que tenham significado", disse ao Estado Peter Hakim, presidente em�rito do Inter-American Dialogue. C�tico em rela��o � possibilidade de Dilma ir a Washington neste ano, Hakim lembra que a Casa Branca j� tem duas visitas de Estado agendadas para o outono: o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro do Jap�o, Shinzo Abe. Os l�deres da Coreia do Sul e da Indon�sia tamb�m estar�o no pa�s para visitas oficiais -menos formais que as de Estado. Para completar, o papa Francisco ir� aos EUA em setembro e se encontrar� com Obama.
Previs�o
Tr�s outras fontes que acompanham de perto a rela��o bilateral consideram pouco prov�vel a realiza��o da visita neste ano e acreditam que ela poder� ocorrer em 2016. Mas ressaltam que isso n�o impedir� que os dois pa�ses intensifiquem o processo de normaliza��o das rela��es iniciado depois da reelei��o da presidente.
Os la�os bilaterais foram esgar�ados em 2013 com a revela��o de que a Ag�ncia de Seguran�a Nacional (NSA) espionou comunica��es da presidente, o que a levou a cancelar a visita que faria a Washington naquele ano. Do lado americano, o principal agente da reaproxima��o � o vice-presidente Joe Biden, com quem Dilma se reunir� domingo no Uruguai, onde os dois acompanhar�o a posse do presidente Tabar� V�zquez. Ser� o segundo encontro de ambos em dois meses. A assessoria de Biden disse ao Estado que ser�o discutidos todos os temas bilaterais relevantes.
O ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, Armando Monteiro, escolheu os EUA como destino de sua primeira viagem internacional, decis�o apresentada pelo governo brasileiro como s�mbolo da relev�ncia dada � normaliza��o das rela��es com o pa�s. Monteiro e seus pares americanos come�aram a trabalhar em medidas de facilita��o do com�rcio bilateral, que s�o importantes, mas insuficientes para segurar a agenda de uma visita de Estado.
Um acordo de bitributa��o teria mais peso, mas sua negocia��o � complexa. Os dois pa�ses tentam h� quatro d�cadas firmar um tratado nessa �rea, sem sucesso. A medida exigiria mudan�as na legisla��o brasileira e enfrenta resist�ncias pelo potencial impacto na arrecada��o de impostos. A press�o do setor privado sobre Bras�lia para avan�ar nessa negocia��o cresceu nos �ltimos anos em raz�o da expans�o dos investimentos nos EUA de empresas brasileiras, que se beneficiariam de um acordo. Os dois pa�ses discutem ainda coopera��o nas �reas de energia e de educa��o, mas eles t�m menos peso que a quest�o da bitributa��o.
Mesmo sem a visita, h� chance de Dilma e Obama se reunirem � margem da C�pula das Am�ricas, em abril, ou da Assembleia Geral da ONU, em setembro.