Motta diz que n�o precisa da orienta��o de Cunha para presidir CPI

Bras�lia, 05 - O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), negou que o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esteja orientando a condu��o da comiss�o que investigar� o esquema de corrup��o na Petrobras. Na sess�o desta quinta-feira, 5, Motta anunciou e aprovou uma s�rie de medidas que contrariam o governo federal, evidenciando ainda mais a crise entre PT e PMDB.

"N�o preciso da orienta��o de ningu�m para fazer o que preciso fazer", afirmou Motta ao ser questionado por jornalistas ap�s a sess�o que durou mais de cinco horas. "N�o preciso da orienta��o de ningu�m. Tenho a assessoria da Casa e cumpro minha presid�ncia com autonomia", disse o presidente.

"N�o estou aqui a servi�o do governo ou da oposi��o. Estou aqui para fazer a CPI funcionar e � isso que n�s vamos fazer para mostrar ao Brasil e � sociedade que vamos investigar as den�ncias de corrup��o na Petrobras", afirmou. "O PMDB tem compromisso com a investiga��o e n�o abriremos m�o de fazer aquilo que � certo, aquilo que a sociedade espera de n�s".

Durante a sess�o, houve bate-boca e xingamentos quando Motta anunciou que criaria quatro sub-relatorias e que j� havia decidido os deputados que a comandariam. A medida enfraquece o relat�rio que ser� produzido pelo deputado Luiz S�rgio (PT-RJ), escolhido relator da comiss�o ap�s acordo entre PT e PMDB.

Eduardo Cunha, que n�o participava da sess�o, chegou minutos depois da briga ao plen�rio onde acontecia a CPI sob o pretexto de se colocar � disposi��o para esclarecimentos j� que seu nome aparece na lista de pedidos de abertura de inqu�rito apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da Rep�blica) ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Ap�s a interven��o, em entrevista, Cunha defendeu Motta. "Todos os fatos, todas as decis�es que est�o sendo tomadas pelo presidente t�m amparo regimental. A inst�ncia de recurso, que sou eu, concordo com as decis�es dele porque, previamente, ele submeteu � consulta regimental, se era correto, e entendemos que a decis�o dele estava correta. N�o h� nenhuma d�vida de que ele est� fazendo o correto. Ele n�o faria nada que n�o fosse regimentalmente correto", disse Cunha. "N�o h� d�vida nenhuma que a decis�o dele ser� mantida", afirmou.

Ao fim da sess�o, Motta minimizou a discuss�o e afirmou que n�o representar� contra o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA). "Todas as vezes que o bom funcionamento da CPI for prejudicado, iremos exercer nossa autoridade porque queremos que a CPI funcione", afirmou Motta. O presidente disse esperar um pedido de desculpas por ter sido chamado de "moleque" e "coronel". "Se o �nimo do deputado Edmilson se exaltou e ele me desrespeitou, espero que ele se retrate", afirmou.

Sub-relatorias

Al�m das quatro sub-relatorias criadas por Motta, a CPI vai analisar a possibilidade de criar outras quatro, totalizando oito. "Se for para o bom funcionamento da comiss�o, n�o temos nenhuma obje��o", afirmou. O plen�rio aprovou a contrata��o da multinacional Kroll para investigar crimes de lavagem de dinheiro e evas�o de divisas. A CPI vai solicitar um or�amento � empresa para que Cunha autorize a contrata��o.

Tamb�m foram aprovados requerimentos que solicitam documentos e convocam ex-presidentes e ex-diretores da Petrobras. Questionado se tamb�m convocaria Eduardo Cunha, j� que o presidente se colocou � disposi��o da CPI, Motta desconversou.

"(A vinda de Cunha � CPI) foi um gesto do presidente a poss�veis ila��es de que ele estar� na lista entregue pelo PGR e o presidente veio em um gesto de aten��o � CPI se colocar � disposi��o para as explica��es que forem necess�rias. Eu vi como um ato de respeito do presidente � nossas CPI", disse Motta.

O primeiro a ser ouvido ser� o ex-gerente de Servi�os da Petrobras, Pedro Barusco. O depoimento de Barusco est� previsto para a pr�xima ter�a-feira, 10. Em depoimento � Pol�cia Federal, o ex-gerente disse ter come�ado a receber propinas em 1997.