Paulo Roberto teria tratado de propina com Eduardo Campos, segundo delator

Bras�lia, 09 - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em dela��o premiada, que o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) pediu uma doa��o de R$ 20 milh�es para a campanha � reelei��o de Eduardo Campos (PSB) ao governo de Pernambuco em 2010. Bezerra n�o est� entre os parlamentares que come�aram a ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Campos morreu em agosto de 2014, dois meses antes da disputa presidencial.

Na �poca, Bezerra era secret�rio do Desenvolvimento do Estado de Pernambuco e dirigente do Porto de Suape, que receberia o petr�leo produzido pela Refinaria Abreu e Lima, segundo a dela��o. A "contribui��o" foi pedida, de acordo com o delator, por Bezerra ao doleiro Alberto Yousseff. A propina seria paga pelo cons�rcio Ipojuca Interliga��es, formado pelas empresas Iesa e Queiroz Galv�o, encarregadas pela constru��o da refinaria de Abreu e Lima. De acordo com Costa, em "face ao montante da contribui��o", pode ter sido usado "algum artif�cio espec�fico" pela Queiroz Galv�o.

O dinheiro teria sido entregue no in�cio de 2010, segundo a dela��o. Yousseff teria confirmado a Costa que repassou a quantia a Bezerra, que tamb�m foi ministro de Integra��o Nacional no governo de Dilma Rousseff.

Na dela��o, o ex-diretor da Petrobras foi questionado por que as empresas do cons�rcio fariam essa contribui��o � campanha de Eduardo Campos. "As empreiteiras encaravam tais contribui��es como empr�stimos, ou seja, esperavam ter o retorno desses recursos por meio das obras que seriam feitas no futuro", explica. Ele foi questionado, ent�o, como o governador de Pernambuco poderia influenciar na realiza��o de obras federais pelas empresas doadoras, mas Costa responde que as obras seriam estaduais, ou seja, administradas pelo Estado de Pernambuco.

Em rela��o �s obras da refinaria Abreu e Lima, Costa afirma que Eduardo Campos n�o teve influencia alguma nas licita��es promovidas pela Petrobras. Campos foi reeleito, mas Costa n�o soube informar se ele cumpriu a parte do acordo: favorecimento das empresas Iesa e Queiroz Galv�o em licita��es promovidas pelo Estado de Pernambuco.

Costa afirma que os R$ 20 milh�es que Yousseff teria entregue a Bezerra foi tratado como um "adiantamento" porque os valores ainda seriam recebidos pelas empresas do cons�rcio Ipojuca e era da cota de 1% ao Partido Progressista (PP).

Youssef

O doleiro Alberto Youssef tamb�m mencionou Eduardo Campos em sua dele��o premiada �s autoridades da Opera��o Lava Jato. Segundo ele, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, conversou sobre propina diretamente com o falecido governador de Pernambuco. Youssef afirmou que a propina seria proveniente de um contrato entre a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e um cons�rcio formado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, que tamb�m s�o investigadas no �mbito da Lava Jato.

Juntas as empresas tinham contrato de cerca de R$ 4,5 bilh�es com a refinaria. "A comiss�o seria de R$ 45 milh�es, mas foi reduzida para R$ 20 milh�es", diz o relato das autoridades sobre o depoimento de Youssef.

O motivo da redu��o foi explicado, segundo Youssef, por um executivo da OAS, M�rcio Faria. "Seria necess�ria para que parte fosse encaminhada para o Estado de Pernambuco a fim de resolver problemas que poderiam prejudicar a obra e repasses ao cons�rcio Conest ".

Paulo Roberto disse a Youssef, segundo disse o pr�prio doleiro, que teria tratado desse assunto diretamente com o ent�o governador Eduardo Campos.

"Parte da comiss�o foi paga em dinheiro, cujos detalhes foram acertados por M�rcio Faria. Outra parte foi quitada mediante emiss�o de notas das empresas de Waldomiro de Oliveira para o cons�rcio Conest".

Na semana passada, na leva de pedidos da Procuradoria Geral da Rep�blica, nada havia sobre Eduardo Campos e o ex-presidente do PSDB, S�rgio Guerra.

Outro lado

Quando o jornal O Estado de S. Paulo publicou que o ex-diretor mencionou o nome de Eduardo Campos, em dezembro do ano passado, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) afirmou, em nota, que tem "extrema confian�a" em seu ex-presidente nacional. "O �nus da prova � de quem acusa, portanto, o senhor Paulo Roberto Costa deve provar a sua den�ncia, at� porque ele cita um l�der com reputa��o ilibada e que n�o est� mais aqui para se defender", completou.