A convoca��o de milhares de pessoas para a manifesta��o de amanh� em Belo Horizonte contra o governo Dilma Rousseff (PT) vai alterar a rotina na Pra�a da Liberdade e no entorno. Embora os grupos que convocam participantes pela internet falem em ato pac�fico, a Pol�cia Militar prepara um forte esquema de seguran�a, o mesmo usado nas copas das Confedera��es, em 2013, e do Mundo, em 2014. N�o est�o previstas grades na pra�a, mas bancos localizados na regi�o puseram tapumes nas fachadas. Donos de restaurantes e moradores de pr�dios do entorno est�o em alerta. Os protestos est�o programados para 24 estados.
Moradores do Edif�cio Niemeyer, um dos cart�es postais de BH, que tem uma garagem aberta que abriga 20 carros e um port�o de vidro comum separando a cal�ada, pediram apoio � pol�cia. “At� pensamos em colocar grade, mas acaba virando at� uma arma para quem quiser tumultuar. A PM garantiu a seguran�a dos carros, de funcion�rios e moradores”, afirmou o zelador Eduardo Gon�alves. O pr�dio de 12 andares tem 24 apartamentos.
Bem perto dali, no Edif�cio Campos El�sios, na Rua Gon�alves Dias, o porteiro Valico Leite espera um plant�o tranquilo amanh� no pr�dio em que trabalha h� 20 anos. Neste per�odo, ele acompanhou um dos mais tristes momentos da Pra�a, quando cabo Val�rio foi morto em 1997 durante uma passeata dos policiais militares por melhores sal�rios: “Precisa ter manifesta��o, mas de forma pac�fica, sem agress�es e quebradeiras. Viol�ncia n�o leva a lugar nenhum”.
A lanchonete Xod�, ponto tradicional de encontro dos belo-horizontinos, na esquina com a Avenida Jo�o Pinheiro, abrir� as portas normalmente, das 11h � meia-noite. A supervisora e nutricionista do estabelecimento, Simone Alice de Souza, disse ter refor�ado a seguran�a, lembrando as manifesta��es durante as copas. Na ocasi�o, a lanchonete se livrou da a��o de black blocs e v�ndalos gra�as a um grupo que avisou aos funcion�rios minutos antes da chegada deles para que fechassem as portas. Para amanh�, segundo Simone, ao primeiro sinal de tumulto, a ordem � tirar as mesas e cadeiras e baixar as portas de a�o. “Vamos abrir com essa ressalva”, afirmou.
Se depender do engenheiro Paulo C�ndido dos Santos, de 54 anos, morador dos arredores da pra�a, a apreens�o � desnecess�ria. Ele vai participar da manifesta��o com a mulher e dois filhos e n�o quer confus�o. “Precisa ter mudan�a neste pa�s porque o PT deixou muito a desejar. Acho que vai ser um movimento pac�fico, como est�o todos falando nas redes sociais. At� porque, se come�ar a ter bagun�a vou embora”, disse.
O Circuito Cultural Pra�a da Liberdade, que sempre abre aos domingos, ficar� com os pr�dios fechados “como medida preventiva, com vistas � preserva��o do patrim�nio”, segundo a sua assessoria. � o que era informado ontem tamb�m no Centro de Informa��o ao Visitante. Somente o Centro Cultural Banco do Brasil optou por manter, at� segunda ordem, um evento previsto para a noite. At� ontem n�o havia previs�o de coloca��o de gradil. A pra�a, segundo a prefeitura, tamb�m n�o ser� cercada.
O Cine Belas Artes, na Rua Gon�alves Dias, depredado durante as manifesta��es de junho de 2014, funcionar� normalmente. “Conversei com o dono e ele acha que o cinema vai ser visto como um campo neutro; isso ocorreu no Espa�o Ita�, na Rua Augusta, em S�o Paulo. Depredaram um banco ao lado e ele permaneceu �ntegro. A gente vai torcer para isto”, afirmou o gerente operacional Jorge Vale.
O propriet�rio do Caf� Scada (na entrada do cinema), Leonardo C�ndido, disse que, por sua vontade, n�o abriria, mas acompanhar� a decis�o contando com a seguran�a no funcionamento do bar. “A gente espera que seja pac�fico, mas sempre pode acontecer alguma coisa”, disse. O vizinho Assacabrasa, na esquina da Rua da Bahia, tamb�m vai abrir, e o Pizza Sur, em frente, ainda estava avaliando.
A Pol�cia Militar usar� o mesmo esquema das copas, que chamou de envelopamento. Haver� esp�cies de cord�es humanos cercando e acompanhando os manifestantes para evitar porte de armas, pedras e coquet�is molotov. “No per�metro destinado aos manifestantes, vai poder entrar e sair, mas quem fizer isso vai ser revistado”, afirmou o chefe da sala de imprensa, major Gilmar Luciano.
O efetivo dispon�vel ser� de 15 mil agentes. Para evitar a a��o de v�ndalos e o desvirtuamento dos protestos, o monitoramento ser� feito por c�meras em toda a pra�a e acompanhado de uma sala do Comando da Pol�cia Militar. A corregedoria estar� de plant�o para eventuais abusos. H� informa��es de que policiais se posicionar�o no alto de pr�dios para observa��o, mas o major afirmou que eles estar�o apenas em helic�pteros.
ARTISTAS
Um grupo de artistas usou as redes sociais ontem para convocar seus seguidores a participar dos protestos. O ator Marcio Garcia afirmou querer viver num pa�s “com justi�a, seguran�a e hospital dignos para todos. A gente tem que cuidar do que � nosso. Vem pra rua”, disse. A atriz L�cia Ver�ssimo, que apoiou A�cio Neves na elei��o, afirmou por e-mail que n�o vai �s ruas por n�o concordar com os grupos que querem ver Dilma fora da Presid�ncia: “Dever�amos ir para as ruas sempre que nos sent�ssemos incomodados. Impeachment? Quem est� pedindo isso � acomodado e acha que pelo simples fato de fazer uma troca tudo vai ficar lindo e maravilhoso. Lamento informar, n�o vai.” J� o m�sico Lob�o declarou em sua conta no Twitter que comparecer� aos protestos e que � a favor do impeachment.