S�o Paulo, 16 - No dia seguinte ao maior protesto pol�tico desde a Diretas-J�, o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, afirmou nesta segunda-feira, 16, que � o momento de se "minimizar diverg�ncias" e "ter maturidade" para aprovar a reforma pol�tica, considerada por ele a resposta adequada �s manifesta��es ocorridas nesse domingo. Quase dois anos depois de apresentar a mesma proposta defendida em 2013, durante os protestos de junho, Cardozo argumentou que a medida n�o avan�ou naquela ocasi�o por decis�o do Congresso, mas que agora as �ltimas manifesta��es v�o "canalizar a reflex�o para todas as lideran�as pol�ticas".
"O problema [apontado nas manifesta��es] persiste. Temos que ter sensibilidade de perceber que a sociedade deseja um novo sistema pol�tico, que garanta representatividade aos seus olhos. N�o podemos permanecer com um sistema que abre as portas para a corrup��o", afirmou o ministro em entrevista � R�dio Estad�o, nesta manh�. Escalado pela presidente Dilma Rousseff para comentar os protestos, Cardozo repetiu que a indigna��o com a corrup��o � a principal bandeira das pessoas que foram �s ruas e, segundo ele, al�m de medidas anticorrup��o, � preciso realizar mudan�as no sistema pol�tico brasileiro.
Parte das propostas foram apresentadas pela presidente Dilma Rousseff em 2013, mas pouco avan�aram no Congresso. Na �poca, parlamentares da base e da oposi��o reivindicaram o direito de liderar as discuss�es por ser uma atribui��o do Legislativo. A defesa da reforma pol�tica, no entanto, volta em um momento de turbul�ncia entre o Planalto e o Congresso. "Temos que ter sensibilidade de buscar nesta hora converg�ncias e minimizar diverg�ncias. (...) Temos que ser maiores neste momento", afirmou Cardozo.
O ministro voltou a enfatizar a necessidade de coibir a doa��o de campanha por empresas, tema j� em discuss�o pelo Supremo Tribunal Federal. No in�cio da atual legislatura, C�mara e Senado retomaram os debates sobre a reforma com a promessa de aprovar propostas ainda neste ano. "Tenho a confian�a de que as manifesta��es ir�o canalizar a reflex�o para todas as lideran�as pol�ticas do pa�s, para todas as lideran�as da sociedade civil, para que n�s possamos ter maturidade de pactuar as mudan�as que s�o necess�rias", afirmou o ministro ao cobrar "maturidade" para fazer as mudan�as necess�rias. "O governo fez l� em 2013 o que tinha que fazer. Nem tudo dependia dele. Nada mais justo que agora, uma vez que os problemas persistem, que n�s venhamos a insistir e a dialogar", disse Cardozo.
Na lista das medidas avaliadas pelo governo federal para responder �s manifesta��es, o Planalto inclui o pacote anticorrup��o, que ser� enviado ao Congresso nos pr�ximos dias. Ele prev� tornar crime o caixa 2 e o confisco de bens adquiridos de forma il�cita por agentes p�blicos.
N�o eleitores.
Cardozo procurou tamb�m explicar a declara��o do ministro Miguel Rossetto, nesse domingo, segundo quem "majoritariamente" eleitores que n�o votaram em Dilma participaram dos protestos. "As falas devem ser bem compreendidas. Tivemos manifesta��es em que visivelmente o universo que estava posto envolvia segmentos dos mais diferenciados. Ele disse que predominantemente, tendo em vista os locais onde as manifesta��es foram mais densas, uma grande quantidade de pessoas que n�o votaram na presidente participou. � natural que seja assim. (...) Sem menosprezar quem foi �s ruas. � leg�timo. Cabe ao governo ouvir e dialogar", disse.