
Curitiba e Bras�lia - Investigadores da Opera��o Lava-Jato encontraram diverg�ncias nos dados de contrata��o e pagamentos feitos pela empreiteira Engevix Engenharia para a JD Assessoria e Consultoria Ltda., do ex-ministro Jos� Dirceu. Quebra de sigilo fiscal da empresa mostra que ela recebeu da empreiteira, acusada de cartel e corrup��o na Petrobras, R$ 1,1 milh�o, entre 2008 e 2011.
O valor e as datas de vig�ncia n�o batem com os que constam no contrato entregue pela defesa da JD, no dia 12 de mar�o, � Justi�a Federal. O pedido foi feito pelo Minist�rio P�blico Federal para que a empresa de consultoria completasse informa��es prestadas de pagamentos de empresas do cartel para ele.
O contrato, em poder da Lava-Jato, foi assinado no dia 2 de novembro de 2010. Ele previa pagamento de R$ 300 mil, de forma parcelada. O objeto era o servi�o de "assessoria jur�dica, institucional para atua��o no mercado latino americano e africano".
O vice-presidente da Engevix, G�rson de Mello Almada, em depoimento � Justi�a Federal na ter�a-feira, 17, disse que contratou Dirceu para fazer "lobby internacional".
O documento contratual registra ainda prazo de execu��o de seis meses. H�, por�m, refer�ncia a in�cio do objeto em 2 de novembro de 2009 e t�rmino em 1 de maio de 2011.
Os dados da Receita Federal de quebra de sigilo da empresa de consultoria indicam outros valores. Consta que a Engevix pagou � JD o total de R$ 1,1 milh�o, entre 2008 e 2011 - n�o R$ 300 mil, apenas.
Os pagamentos come�aram antes do per�odo de vig�ncia ou de assinatura do contrato entregue pela JD. O termo � de novembro de 2010, mas cita in�cio em novembro de 2009. Ambas as datas s�o posteriores aos lan�amentos de pagamento registrados pela Receita. Em 2008 e 2009 constam recebimentos de R$ 100 e R$ 260 mil, respectivamente.
Em 2010, ano em que o contrato seria assinado em novembro, a empreiteira pagou R$ 650 mil para a JD. Houve ainda pagamentos em 2011 que totalizaram R$ 100 mil.
Durante a audi�ncia do processo em que Gerson Almada � r�u por corrup��o e lavagem de dinheiro, o executivo viu pela primeira vez a c�pia do contrato entregue pela JD � Justi�a Federal.
Preso desde o dia 14 de novembro de 2014 pela Lava-Jato, Almada apontou ao juiz federal S�rgio Moro poss�vel erro nas datas de execu��o e vig�ncia registradas no documento.
"J� tem um erro nesse contrato. Seis meses, come�ando em 2 de novembro de 2009 e terminando em 1 de maio de 2011. Mas acho que o v�lido � seis meses", disse Almada.
Moro chamou a aten��o da diverg�ncia de datas. Consta aqui que a empresa Engevix teria pago R$ 100 mil no ano de 2008 � empresa JD, antes at� desse contrato", disse o magistrado. "� um contrato estranho, porque a assinatura � 2 de novembro de 2010, mas consta in�cio em novembro de 2009."
Almada confirmou ser sua a assinatura no documento. "Acho que � seis meses (per�odo do contrato), deve ter um erro. Garanto que dois anos e meio n�o era, � algum erro", afirmou Almada. O executivo disse que os servi�os n�o tinham rela��o com a Petrobras, eram servi�os de lobby em Cuba e no Peru.
Investigadores da Lava-Jato querem saber porque a JD n�o apresentou o contrato que respaldou os demais pagamentos, que constam na quebra do sigilo fiscal da empresa. Notas fiscais entregues pela defesa do ex-ministro podem explicar os recebimentos mensais que eram de R$ 20 mil a R$ 50 mil iniciados em 2008 e encerrado em 2011.
Cartel
Quebra dos sigilos mostraram que al�m das empresas que embasaram os pedidos de devassa nas contas e no patrim�nio do ex-ministro (Galv�o Egenharia, OAS e UTC), havia outras empreiteiras pagando os servi�os da JD: Engevix, Egesa, MPE, Camargo Corr�a, Delta e Jamp Engenheiros.
A empresa de consultoria do ex-ministro recebeu R$ 29 milh�es em nove anos de atua��o. Contratada por empresas do cartel acusado de corrup��o na Petrobras, a JD passou a ser investigada no final do ano passado, suspeita de ter prestado falsas consultorias que serviram para ocultar o pagamento de propina.
A JD Assessoria recebeu pagamentos de mais de 50 empresas. Segundo a defesa do ex-ministro, os contratos assinados com tr�s empreiteiras (Galv�o Engenharia, UTC Engenharia e OAS) alvos da Lava-Jato representam cerca de 16% dos clientes.
A advogada Anna Luiza de Sousa, que subscreve a pe�a de defesa do ex-ministro, argumenta que as margens dos lucros da JD s�o menores que a m�dia das empresas de consultoria. Ela afirma que a atividade da empresa do ex-ministro '� l�cita, correspondendo aos contratos assinados e aos servi�os realizados'.