A empresa Marcopolo, uma das maiores fabricantes de carroceria de �nibus do Pa�s, � suspeita de pagar R$ 1 milh�o de propina para ter julgado um processo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em que recorria de multa no valor de R$ 200 milh�es. E-mails interceptados pela Opera��o Zelotes, da Pol�cia Federal, revelam o suposto acerto.
O conselheiro ainda relatou a Schaan um atrito entre os "colegas" que teriam cobrado a propina. "Um deles resolveu 'passar a perna' no outro." A cita��o ao chefe da intelig�ncia da Receita n�o � esclarecida pela PF no relat�rio obtido pelo Estado.
A reportagem tentou contato com Schaan na noite desta quarta-feira, 1. Familiares informaram que ele estava no exterior. Schaan n�o � investigado. Procurada, a assessoria da Marcopolo informou que retornaria a liga��o, mas n�o respondeu � reportagem at� o fechamento desta edi��o.
Transa��es at�picas
O relat�rio aponta que atuais e ex-conselheiros do Carf e empresas ligadas a eles movimentaram R$ 55,5 milh�es em 93 transa��es financeiras at�picas identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Apenas na conta da SGR Consultoria, uma das empresas investigadas, foram depositados R$ 6,2 milh�es de 2005 a 2012 por empresas que aceitaram participar do esquema. "Essa empresa muito se destaca em raz�o da grande quantidade de movimenta��o financeira", destacou relat�rio de intelig�ncia da Opera��o Zelotes. A consultoria teria como fun��o cooptar clientes.
Empresas tinham a promessa de ter multas aplicadas pela Receita reduzidas ou eliminadas mediante pagamento de propina para o grupo. "A SGR prestaria consultoria em especialidade ‘n�o sabida’". O Carf � um �rg�o recursal das multas aplicadas pela Receita sobre grandes contribuintes.
A PF tamb�m apreendeu R$ 1,8 milh�o em dinheiro vivo, al�m de carros de luxo e valores em d�lar e euro em endere�os de lobistas do esquema. Apenas na casa de um dos integrantes do Carf - um apartamento duplex numa regi�o nobre de Bras�lia - foram achados R$ 800 mil guardados em um cofre.
Um dos conselheiros investigados exemplificou o esquema numa das conversas interceptadas pela investiga��o: "O Carf tem de acabar porque os grand�es sempre fazem negociatas e s� quem paga s�o os coitadinhos."
As investiga��es devem avan�ar com o farto material apreendido pela Opera��o Zelotes. O Minist�rio P�blico Federal decidiu criar uma for�a tarefa para analisar os documentos. A Pol�cia Federal dobrou o n�mero de agentes envolvidos na apura��o. Ao todo, est�o sob suspeita de participar do esquema 74 contribuintes.
Como revelou o Estado no s�bado, entre eles h� gigantes dos setores banc�rio, frigor�fico, telef�nico, al�m de montadoras, empresas de energia e estatais. Desde a �ltima quinta-feira, ao menos 19 pessoas foram ouvidas pela PF, nove conselheiros e ex-conselheiros do Carf. O esquema pode ter desviado dos cofres p�blicos R$ 19 bilh�es.