S�o Paulo - A popularidade da presidente Dilma Rousseff parece ter encontrado o fundo do po�o. A repeti��o do mesmo �ndice de confian�a do consumidor em fevereiro e mar�o, mesmo que no patamar mais baixo desde 2001, � a primeira not�cia n�o ruim para a presidente sobre o humor da opini�o p�blica desde que ela se reelegeu, em outubro. A interrup��o da queda n�o exclui, por�m, a possibilidade de o governo cavar mais o buraco onde se meteu.
Foi assim com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz In�cio Lula da Silva, � assim com Dilma. Calculado h� 14 anos pela Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) a partir de pesquisa do Ibope, o Inec sintetiza as expectativas da opini�o p�blica sobre o que vai acontecer com a infla��o, com o desemprego, com a pr�pria renda do entrevistado, al�m de seu grau de endividamento e dos planos de compra de bens mais caros.
A queda da confian�a do consumidor desde novembro � a maior e mais r�pida desde que a pesquisa � feita. N�o por coincid�ncia, o aumento da desaprova��o de Dilma nos �ltimos cinco meses foi o maior e mais r�pido nesses 14 anos. Os vil�es da popularidade presidencial - segundo regress�o estat�stica calculada pelo Ibope - s�o, principalmente, o desemprego e a infla��o.
Consequ�ncia
CEO do Ibope Intelig�ncia, Marcia Cavallari explica que quanto mais pessimistas os brasileiros se tornam em rela��o ao aumento de pre�os e � chance de perderem o emprego, mais aumenta a desaprova��o ao presidente. Foi o que aconteceu desde o final do ano passado: mais gente achando que a infla��o e o desemprego aumentariam, mais gente avaliando o governo como ruim ou p�ssimo.
A interrup��o da queda do Inec em mar�o se deveu exclusivamente a uma mudan�a na percep��o de uma parte da popula��o sobre o que vai acontecer com os pre�os e os empregos. Embora continuem muito altas, as taxas dos que acham que a infla��o e o desemprego v�o seguir subindo diminuiu em mar�o em compara��o ao m�s anterior. Isso quer dizer que a presidente est� ensaiando uma recupera��o?
N�o h� dados mostrando isso. H� dois motivos principais para ser c�tico sobre essa possibilidade, explica Marcia. Em primeiro lugar, porque ser� necess�rio esperar o Inec de abril para saber se a tend�ncia se confirma. Mas t�o ou mais importante do que isso � o fato de que os fatores associados ao aumento da popularidade do governante (melhora da renda pessoal e diminui��o do endividamento) continuam piorando.
Confian�a
Isso significa que mesmo que o pessimismo em rela��o ao aumento de pre�os e perda do emprego diminua, n�o necessariamente a popularidade de Dilma voltaria a subir. Seria necess�rio que uma fatia maior da popula��o voltasse a acreditar que sua renda tende a crescer e n�o a encolher. E, disso, n�o h� sinais � vista.
Al�m disso, a correla��o da popularidade com a confian�a do consumidor n�o leva em conta fatores externos, como um eventual acirramento da crise pol�tica que inviabilizasse a aprova��o do ajuste fiscal pelo Congresso - o que, no fim das contas, poderia levar ao crescimento do pessimismo e � perda de popularidade.
Situa��o financeira e d�vidas pioram
Apesar da manuten��o do �ndice Nacional de Expectativa do Consumidor em rela��o ao m�s passado, tr�s dos seis sub�ndices que comp�em o Inec est�o na pior medi��o da s�rie hist�rica da pesquisa, iniciada em 2001. S�o eles: a expectativa de renda pessoal, a atual situa��o financeira e o endividamento.
Se, em m�dia, o pessimismo do consumidor se estabilizou, isso significa apenas que parte da preocupa��o do consumidor brasileiro saiu da infla��o e do desemprego para o seu pr�prio sal�rio. Apenas 18% dos entrevistados disseram que esperam que sua renda pessoal v� aumentar nos pr�ximos seis meses. Enquanto isso, 39% acreditam que ela v� diminuir no per�odo.
Essa expectativa para o futuro � ainda melhor que a avalia��o que os entrevistados fizeram sobre sua situa��o financeira atual: 46% disseram que ela est� pior hoje do que estava h� tr�s meses, e s� 16% afirmam estar em situa��o mais confort�vel hoje. A solu��o, em muitos casos, � se endividar: 42% responderam que est�o mais endividados hoje do que estavam no trimestre anterior.