Curitiba e Bras�lia, 07 - A ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ) afirmou em depoimento � Pol�cia Federal que n�o conhecia grupo japon�s Mitsui - investigado no esquema de corrup��o e propina alvo da Opera��o Lava Jato - nem se lembra dos requerimentos assinados por ela, em 2011, em que cobrou informa��es e provid�ncias do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) e do Minist�rio de Minas e Energia em rela��o a contratos e aditivos feitos com a Petrobras.
"N�o conhece o Grupo Mitsui nem nada sabe a seu respeito, lembrando apenas que tinha alvo a ver com sondas", afirmou Solange, ao ser ouvida no dia 18 de mar�o, por um delegado da Pol�cia Federal e dois procuradores da Rep�blica.
A Opera��o Lava Jato apura se dois requerimentos protocolados pela ex-parlamentar atenderem pedido do presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - investigado em inqu�rito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro, a pedido da Procuradoria Geral da Rep�blica.
As suspeitas s�o que os documentos foram feitos para pressionar a Mitsui a pagar propina pelos contratos milion�rios obtidos na Petrobr�s na �rea de explora��o mar�tima de petr�leo.
O doleiro Alberto Youssef - pe�a central da Lava Jato - afirmou em sua dela��o premiada que houve uma suspens�o de pagamentos de propina pelo grupo japon�s e que Cunha teria pedido "a uma Comiss�o do Congresso para questionar tudo sobre a empresa Toyo, Mitsui e sobre Camargo, Samsung e suas rela��es com a Petrobr�s, cobrando contratos e outras quest�es".
A Lava Jato tem os requerimentos considerados suspeitos. O argumento que embasa os pedidos � que "v�rios contratos envolvendo a constru��o, opera��o e financiamento de plataformas e sondas da Petrobras, celebrados com o Grupo Mitsui, cont�m especula��es de den�ncias de improbidade, superfaturamento, juros elevados, aus�ncia de licita��o e beneficiamento a esse grupo que tem como cotista o senhor J�lio Camargo, conhecido como intermedi�rio".
A Mitsui era representada no Brasil pelo lobista Julio Gerin Camargo - r�u e delator da Lava Jato. Ele admitiu � Justi�a Federal ter pago propina no neg�cio envolvendo o operador do PMDB Fernando Ant�nio Falc�o Soares - preso desde novembro, em Curitiba.
Na ter�a-feira, 5, o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerver� - tamb�m preso pela opera��o, desde janeiro - admitiu que Fernando Baiano era "lobista", assim como Julio Camargo, atuando no bilion�rio mercado de navios sondas. Seu papel seria o mesmo de um dos delatores da Opera��o Lava Jato Julio Gerin Camargo - lobista das gigantes japonesas Mitsui e Samsung que fez acordo com a for�a tarefa do Minist�rio P�blico Federal e revelou propinas de US$ 30 milh�es para Cerver� e Baiano.
Depoimento
Solange - hoje prefeita de Rio Bonito (RJ) - diz que ocupou a Comiss�o de Minas e Energia e a Comiss�o de Fiscaliza��o Financeira e Controle. Ela afirmou � PF que desde que se tornou congressista (em 2006, pela primeira vez) "ouvia coment�rios no Congresso sobre irregularidades na Petrobras, em especial em c�rculos de oposi��o".
A ex-deputada do PMDB diz n�o lembrar-se em qual per�odo foi da Comiss�o de Fiscaliza��o e Controle, porque "n�o era a comiss�o mais interessante".
"Participou desse comiss�o porque era onde havia vaga, e o trabalho nas comiss�es era mais interessante que o de plen�rio", registrou a PF em seu termo de depoimento.
Ela explicou que foi eleita em 2010 como quarta suplente do PMDB. Assumiu cadeira na C�mara em fevereiro de 2011 e permaneceu como parlamentar at� outubro daquele ano.
Solange disse "achar" que pertencia � Comiss�o de Fiscaliza��o Financeira e Controle quando foi apresentando o requerimento de informa��es sobre a Mitsui na Petrobras. A atual prefeita afirma "n�o se lembra" das motiva��es que a fizeram assinar os requerimentos e que o tema envolvendo a Petrobras "n�o se inseria em suas pautas de atua��o parlamentar".
Segundo Solange, "suas pautas principais eram a sa�de p�blica, havendo fundado a frente parlamentar em defesa dos hospitais universit�rios".
Negativa
A ex-deputada federal nega que Cunha tenha pedido que ela formulasse o requerimento sobre a Petrobras e diz n�o se recordar de que o parlamentar tenha falado com algum outro congressista sobre a elabora��o do requerimento.
O presidente da C�mara tamb�m nega qualquer rela��o com o esquema de corrup��o na Petrobras e sustenta que n�o solicitou nem tem participa��o nos requerimentos feitos pela ex-deputada em 2011.
Nesta semana, a C�mara foi alvo de buscas autorizadas pelo STF, para que fossem colhidas provas em rela��o a elabora��o desses requerimentos. Para investigadores da Lava Jato, refor�am as suspeitas o fato de o TCU ter deixado sem resposta o pedido da parlamentar, questionando em resposta a falta de dados espec�ficos para proceder o levantamento.
A Mitsui & CO, por meio de sua assessoria de comunica��o, esclareceu que "n�o est� envolvida em nenhuma iniciativa irregular". A Mitsui & CO destaca que "n�o � investigada pelas autoridades p�blicas por irregularidades em seus neg�cios com a Petrobras".